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teologia sistematica doutrina do pecado
teologia sistematica doutrina do pecado

                                  O HOMEM NO ESTADO DE PECADO 

A Origem do Pecado 

O problema do mal que há no mundo sempre foi considerado um dos mais profundos problemas da filosofia e da teologia. É um problema que se impõe naturalmente à atenção do homem, visto que o poder do mal é forte e universal, é uma doença sempre presente na vida, em todas as manifestações desta, e é matéria da experiência diária na vida de todos os homens. Os filósofos foram constrangidos a encarar o problema e a procurar uma respos­ta quanto à origem de todo mal, e particularmente do mal moral, que há no mundo. A al­guns, pareceu uma parte de tal modo integrante da vida, que buscaram a solução na cons­tituição natural das coisas. Outros, porém, estão convictos de que o mal teve uma origem voluntária, isto é, que se originou na livre escolha do homem, quer na existência atual quer numa existência anterior. Estes acham-se bem mais perto da verdade revelada na Palavra de Deus.

 Conceitos Históricos a Respeito da Origem do Pecado 

Os mais antigos "pais da igreja", assim chamados, não falam muito definidamente da origem do pecado, conquanto a idéia de que se originou na voluntária transgressão e queda de Adão no paraíso já se achasse nos escritos de Irineu. Esta se tornou logo a idéia dominante na igreja, especialmente em oposição ao gnosticismo, que considerava o mal inerente à matéria e, como tal, produto do Demiurgo. O contato da alma humana com a matéria imediatamente a tornou pecaminosa. Essa teoria naturalmente priva o pecado do seu caráter voluntário e ético. Orígenes procurou manter isso com a sua teoria do preexistencialismo. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente numa existência anterior e, portanto, entraram no mundo numa condição pecaminosa. Esta idéia platônica estava tão sobrecarregada de dificuldades que não pôde encontrar aceitação geral. Contudo, durante os séculos dezoito e dezenove foi defendida por Mueller e Rueckert, e por filósofos como Lessing, Schelling e J. H. Fichte. Em geral os chama­dos pais da igreja grega, do terceiro e do quarto séculos, mostravam certa inclinação para reduzir a ligação entre o pecado de Adão e o dos seus descendentes, ao passo que os "pais" da igreja latina ensinavam cada vez com maior clareza que a atual condição peca­minosa do homem encontra a sua explicação na primeira transgressão de Adão no paraíso. Os ensinos da igreja oriental culminaram finalmente no pelagianismo, que negava a existência de alguma relação vital entre ambos, enquanto que os da igreja ocidental chegaram ao seu ponto culminante no agostinianismo, que acentuava o fato de que somos culpa­dos e corruptos em Adão. O semipelagianismo admitia a conexão adâmica, mas sustentava que isso explica apenas a corrupção do pecado, não a culpa. Durante a Idade Média reco­nhecia-se geralmente essa conexão. Às vezes era interpretada à maneira agostiniana, mas com mais freqüência, à maneira semipelagiana. Os reformadores compartilhavam os conceitos de Agostinho, e os socinianos os de Pelágio, enquanto que os arminianos moviam-se em direção ao semipelagianismo. Sob a influência do racionalismo e da filosofia evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana aos poucos foi descartada. A idéia do pecado foi substituída pela do mal, e este mal era explicado de várias maneiras. Kant o considerava como uma coisa pertencente à esfera super-racional, que ele confessava não ter condições de explicar. Para Leibnitz, devia-se às necessárias limitações do universo. Schleiermacher via sua origem na natureza sentimental do homem, e Ritschl na ignorância humana, ao passo que o evolucionista o atribui à oposição das propensões inferiores à consciência moral em seu desenvolvimento gradativo. Barth fala da origem do pecado como o mistério da predestinação. O pecado originou-se na Queda, mas a Queda não foi um evento histórico; pertence à super-história (Urgeschichte). Adão foi de fato o primeiro pecador, mas a sua deso­bediência não pode ser considerada a causa do pecado do mundo. De algum modo, o pecado do homem está ligado à sua condição de criatura. A narrativa do paraíso apenas transmite ao homem a prazerosa informação de que ele não tem por que ser necessa­riamente um pecador.

 

Dados Bíblicos a Respeito da Origem do Pecado 

Na Escritura, o mal moral existente no mundo transparece claramente como pecado, isto é, como transgressão da lei de Deus. Nela o homem sempre aparece como transgres­sor por, natureza, e surge naturalmente a questão: Como adquiriu ele essa natureza? Que revela a Bíblia sobre esse ponto?

 1. NÃO SE PODE CONSIDERAR DEUS COMO O SEU AUTOR. O decreto eterno de Deus evidentemente deu a certeza da entrada do pecado no mundo, mas não se pode interpretar isso de modo que faça de Deus a causa do pecado no sentido de ser Ele o seu autor responsável. Esta idéia é claramente excluída pela Escritura. "Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça", Jó 34.10. Ele é o santo Deus, Is 6.3, e absolutamente não há falta de retidão nele, Dt 32.4; SI 92.16. Ele não pode ser tentado pelo mal, e Ele próprio não tenta a ninguém, Tg 1.13. Quando criou o homem, criou-o bom e à Sua imagem. Ele positivamente odeia o peca­do, Dt 25.16; SI 5.4; 11.5; Zc 8.17; Lc 16.15, e em Cristo fez provisão para libertar do pecado o homem. A luz disso tudo, seria blasfemo falar de Deus como o autor do pe­cado. E por essa razão, todos os conceitos deterministas que representam o pecado como uma necessidade inerente à própria natureza das coisas devem ser rejeitados. Por implicação, eles fazem de Deus o autor do pecado e são contrários, não somente à Escritura, mas também à voz da consciência, que atesta a responsabilidade do homem.

 2. O PECADO ORIGINOU-SE NO MUNDO ANGÉLICO. A Bíblia nos ensina que, na tentativa de investigar a origem do pecado, devemos retornar à queda do homem, na des­crição de Gn 3 e fixar a atenção em algo que sucedeu no mundo angélico. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons, quando saíram das mãos do seu Criador, Gn 1.31. Mas ocorreu uma queda no mundo angélico, queda na qual legiões de anjos se apartaram de Deus. A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em Jo 8.44 Jesus fa­la do diabo como assassino desde o princípio (kaf arches), e em 1 Jo 3.8 diz João que o diabo peca desde o princípio. A opinião predominante é a de que a expressão kaf arches significa desde o começo da história do homem. Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Da exortação de Paulo a Timóteo, a que nenhum neófito fosse designado bispo, "para não suceder que se ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo", 1 Tm 3.6, podemos concluir que, com toda a probabilidade, foi o pecado do orgu­lho, de desejar ser como Deus em poder e autoridade. E esta idéia parece achar corroboração em Jd 6, onde se diz que os que caíram "não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio". Não estavam contentes com a sua parte, com o governo e poder que lhes fora confiado. Se o desejo de serem semelhantes a Deus foi a tentação peculiar que sofreram, isto explica por que tentaram o homem nesse ponto parti­cular.

 3. A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA. Com respeito à origem do pecado na história da humanidade, a Bíblia ensina que ele teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. O ten­tador veio do mundo dos espíritos com a sugestão de que o homem, colocando-se em opo­sição a Deus, poderia tornar-se semelhante a Deus. Adão se rendeu à tentação e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Mas a coisa não parou aí, pois com esse primeiro pecado Adão passou a ser escravo do pecado. Esse pecado trouxe consigo cor­rupção permanente, corrupção que, dada a solidariedade da raça humana, teria efeito, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes. Como resultado da Queda, o pai da raça só pôde transmitir uma natureza depravada aos pósteros. Dessa fon­te não santa o pecado flui numa corrente impura passando para todas as gerações de ho­mens, corrompendo tudo e todos com que entra em contato. É exatamente esse estado de coisas que torna tão pertinente a pergunta de Jó, "Quem da imundícia poderá tirar cousa pura? Ninguém", Jó 14.4. Mas ainda isso não é tudo. Adão pecou não somente como o pai da raça humana, mas também como chefe representativo de todos os seus descenden­tes; e, portanto, a culpa do seu pecado é posta na conta deles, pelo que todos são passíveis de punição e morte. É primariamente nesse sentido que o pecado de Adão é o pecado de todos. É o que Paulo ensina em Rm 5.12: "Portanto, assim como por um só homem en­trou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram". As últimas palavras só podem significar que pecaram em Adão, e isso de modo que se tornaram sujeitos ao castigo e à morte. Não se trata do pecado considerado meramente como corrupção, mas como culpa que leva consigo o cas­tigo. Deus adjudica a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exa­tamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo. É o que Paulo quer dizer, quando afirma: "Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça so­bre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos", Rm 5.18,19.

 A Natureza do Primeiro Pecado ou da Queda do Homem. 

1. SEU CARÁTER FORMAL. Pode-se dizer que, numa perspectiva puramente formal, o primeiro pecado do homem consistiu em comer ele da árvore do conhecimento do bem e do mal. Não sabemos que espécie de árvore era. Poderia ser uma tamareira ou uma fi­gueira ou qualquer outra árvore frutífera. Nada havia de ofensivo no fruto da árvore co­mo tal. Comê-lo não era pecaminoso per se, pois não era uma transgressão da lei moral. Quer dizer que não seria pecaminoso, se Deus não tivesse dito: "da árvore do conheci­mento do bem e do mal não comerás". Não há opinião unânime quanto ao motivo pelo qual a árvore foi denominada do conhecimento do bem e do mal. Uma opinião das mais comuns é que a árvore foi chamada assim porque o comer do seu fruto infundiria conhe­cimento prático do bem e do mal; mas é difícil sustentar isso face à exposição bíblica se­gundo a qual, comendo-o, o homem passaria a ser como Deus, no conhecimento do bem e do mal, pois Deus não comete pecado e, portanto, não tem conhecimento prático dele. É muito mais provável que a árvore foi denominada desse modo porque fora destinada a re­velar (a) se o estado futuro do homem seria bom ou mau; e (b) se o homem deixaria que Deus lhe determinasse o que era bom ou mau, ou se encarregaria de determiná-lo por si e para si. Mas, seja qual fora explicação que se dê do nome, a ordem dada por Deus para não se comer do fruto da árvore serviu simplesmente ao propósito de pôr à prova a obe­diência do homem. Foi um teste de pura obediência, desde que Deus de modo nenhum procurou justificar ou explicar a proibição. Adão tinha que mostrar sua disposição para submeter a sua vontade à vontade do seu Deus com obediência implícita.

 2. SEU CARÁTER ESSENCIAL E MATERIAL. O primeiro pecado do homem foi um pecado típico, isto é, um pecado no qual a essência real do pecado se revela claramente. A essência desse pecado está no fato de que Adão se colocou em oposição a Deus, recusou-se a sujeitar a sua vontade à vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua vida; e tentou ativamente tomar a coisa toda das mãos de Deus e determinar ele pró­prio o futuro. O homem, que não tinha absolutamente nenhum direito para alegar a Deus, e que só poderia estabelecer algum direito pelo cumprimento da condição da aliança das obras, desligou-se de Deus e agiu como se possuísse certos direitos contra Deus. A idéia de que o mandado de Deus era de fato uma infração dos direitos do homem parece que já estava na mente de Eva quando, em resposta à pergunta de Satanás, acrescentou as pala­vras, "nem tocareis nele", Gn 3.3. Evidentemente ela quis salientar o fato de que a ordem não fora razoável. Partindo da pressuposição de que tinha certos direitos contra Deus, o homem promulgou o novo centro de operações, que viu nele próprio, onde agir contra o seu Criador. Isto explica o seu desejo de ser como Deus e a sua dúvida quanto às boas in­tenções de Deus ao dar-lhe a ordem. Naturalmente podem distinguir-se diferentes ele­mentos do seu primeiro pecado. No intelecto revelou-se como incredulidade e orgulho, na vontade, como o desejo de ser como Deus, e nos sentimentos, como uma ímpia satis­fação ao comer do fruto proibido.

 O Primeiro Pecado ou a Queda como Ocasionada pela Tentação 

1. OS PROCEDIMENTOS DO TENTADOR. A queda do homem foi ocasionada pela tentação da serpente, que semeou na mente do homem as sementes da desconfiança e da descrença. Embora indubitavelmente a intenção do tentador fosse levar Adão, o chefe da aliança, a cair, não obstante dirigiu-se a Eva, provavelmente porque (a) não exercia a che­fia na aliança e, portanto, não teria o mesmo senso de responsabilidade; (b) não recebeu diretamente a ordem de Deus, mas apenas indiretamente e, por conseguinte, seria mais suscetível de ceder à argumentação e duvidar; e (c) seria sem dúvida o instrumento mais eficiente para alcançar o coração de Adão. O curso seguido pelo tentador é bem claro. Em primeiro lugar, ele semeia as sementes da dúvida pondo em questão as boas intenções de Deus e insinuando que Sua ordem era realmente uma violação da liberdade e dos direi­tos do homem. Quando nota, pela reação de Eva, que a semente tinha criado raiz, acres­centa as sementes da descrença e do orgulho, negando que a transgressão resultaria na morte e dando a entender claramente que a ordem divina fora motivada pelo objetivo egoísta de manter o homem em sujeição. Ele afirma que, ao comer da árvore, o homem passaria a ser como Deus. As elevadas expectativas assim geradas induziram Eva a obser­var com atenção a árvore, e quanto mais olhava, melhor lhe parecia o fruto. Finalmente, o desejo lhe moveu a mão, e ela comeu do fruto e também o deu ao marido, e ele comeu.

 2. INTERPRETAÇÃO DA TENTAÇÃO. Freqüentes tentativas têm sido feitas, e conti­nuam sendo feitas, para explicar a Queda negando-lhe o caráter histórico. Alguns acham que toda a narrativa de Gênesis 3 é uma alegoria que representa figuradamente a auto-depravação do homem(como é o titulo da nossa 1ª lição) e sua mudança gradativa. Barth e Brunner consideram a narrativa do estado original e da queda do homem um mito. Para eles, tanto a Criação como a Queda pertencem, não à história, mas ao que denominam super-história (Urgeschichte) e, daí, ambas são igualmente incompreensíveis. A narrativa dada em Gênesis ensina-nos meramente que, embora o homem seja atualmente incapaz de realizar algum bem e esteja sujeito à lei da morte, não há por que ser necessariamente assim. É possível ao homem livrar-se do pecado e da morte por uma vida de comunhão com Deus. Tal é a vida retra­tada para nós na narrativa sobre o paraíso, e ela prefigura a vida que nos é assegurada na­quele de quem Adão foi apenas um tipo, a saber Cristo. Mas não é a classe de vida que o homem vive agora, ou que sempre viveu, desde o início da história. O paraíso não é uma certa localidade que podemos assinalar mas existe onde Deus é Senhor e o homem e as demais criaturas Lhe são sujeitos voluntariamente. O paraíso do passado está além dos li­mites da história humana Diz Barth: "Quando a história do homem começou; quando o tempo do homem teve seu começo; quando o tempo e a história começaram onde o homem tem a primeira e a última palavra, o paraíso desapareceu". É do mesmo teor o que Brunner fala, quando diz: "Assim como com respeito à Criação perguntamos em vão: Como, quando e onde aconteceu?, também se dá com a Queda. Tanto a Criação como a  Queda estão por trás da realidade histórica visível".

 Outros, que não negam o caráter histórico da narrativa de Gênesis, afirmam que pelo menos a serpente não deve ser considerada como um animal literal, mas apenas como um nome ou um símbolo da cobiça, do desejo sexual, do raciocínio pecaminoso, ou de Satanás. Ainda outros asseveram que, para dizer o mínimo, o falar da serpente deve ser entendido figuradamente. Mas todas estas interpretações, e outras que já andas, são insustentáveis à luz da Escritura. As passagens que precedem e se seguem a Gn 3.1-7 manifestam eviden­te propósito de constituir uma pura e simples narrativa histórica. Pode-se provar que as­sim foram entendidas pelos escritores bíblicos, mediante muitas referências, como por exemplo, Jó 31.33; Ec 7.29; Is 43.27; Os 6.7; Rm 5.12, 18, 19; 1 Co 5.21; 2 Co 11.3; 1 Tm 2.14,e, portanto, não temos o direito de afirmar que os referidos versículos, que constituem parte integrante da narrativa, devem ser interpretados figuradamente. Além disso, certamente a serpente é considerada como um animal em Gn 3.1, e não daria bom sentido substituir "serpente" por "Satanás". O castigo de que fala Gn 3.14, 15 pressupõe uma serpente literal, e Paulo não a entende doutro modo, em 2 Co 11.3. E, apesar de po­der-se entender num sentido figurado a serpente falar por meio de gestos astutos, não pa­rece possível imaginá-la mantendo dessa maneira a conversação registrada em Gn 3. A transação toda, a fala da serpente inclusive, sem dúvida acha sua explicação na operação de algum poder sobrenatural, não mencionado em Gn 3. A Escritura dá a entender claramente que a serpente foi apenas um instrumento de Satanás, e que Satanás foi o real ten­tador, que agiu na serpente e por meio dela, como posteriormente agiu em homens e em porcos, Jo 8.44; Rm 16.20; 2 Co 11.3; Ap 12.9. A serpente foi um instrumento próprio para Satanás, pois ele é a personificação do pecado, e a serpente simboliza o pecado (a) em sua natureza astuta e enganosa, e (b) em sua picada venenosa, com a qual mata o homem.

 3. A QUEDA PELA TENTAÇÃO E A SALVABILIDADE DO HOMEM. Tem-se sugerido que o fato de que a queda do homem foi ocasionada pela tentação proveniente de fora, pode ser uma das razões pelas quais o homem é salvável, diversamente dos anjos, que não estiveram sujeitos a uma tentação externa, mas caíram pelas incitações da sua própria na­tureza interior. Nada de certo se pode dizer sobre este ponto, porém. Mas, seja qual for o significado da tentação à este respeito, certamente não será suficiente para explicar como um ser santo como Adão pôde cair em pecado. É-nos impossível dizer como a tentação pôde encontrar um ponto de contato numa pessoa santa. E mais difícil de explicar ainda, é a origem do pecado no mundo angélico.

 A Explicação Evolucionista da Origem do Pecado 

Naturalmente, uma teoria evolucionista coerente não pode admitir a doutrina da Que­da, e bom número de teólogos modernistas a rejeitaram como incompatível com o evolucionismo. E verdade que há alguns teólogos muito conservadores como Denney, Gore e Orrque aceitam, embora com reserva, a explicação evolucionista da origem do homem, e acham que ela deixa lugar para a doutrina da Queda nalgum sentido da palavra. Mas é significativo que todos eles concebem a narrativa da Queda como uma representação míti­ca ou alegórica de uma experiência ética ou de uma catástrofe moral realmente sucedida no princípio da história que resultou em sofrimento e morte. Significa que eles não acei­tam a narrativa da Queda como um relato histórico do que realmente sucedeu no jardim do Éden. Em suas Conferências Hulseanas sobre A Origem e a Propagação do Pecado, Tennant fez um relato minucioso e interessante da origem do pecado segundo o ponto de vista evolucionista. Ele se deu conta de que o homem não poderia herdar o pecado dos seus antepassados animais, visto que estes não tinham pecado algum. Quer dizer que os impulsos, propensões, desejos e qualidades que o homem herdou dos animais inferiores não podem ter o nome de pecado. Segundo a sua avaliação, eles constituem apenas o material do pecado, e não se tornam pecados de fato enquanto a consciência moral não se desperta no homem, e se permite que eles assumam o controle na determinação das ações do homem, contrariamente à voz da consciência e às sanções éticas. Ele sustenta que, no curso do seu desenvolvimento, o homem foi-se tornando aos poucos um ser ético, tendo uma vontade indeterminada, sem explicar como tal vontade é possível onde prevalece a lei da evolução, e considera essa vontade como a causa única do pecado. Define o pecado "como um atividade da vontade expressa em pensamentos, palavras ou atos contrários à consciência individual, à sua noção do que é o bem e o direito, o conhecimento da lei moral e a vontade de Deus". Conforme a raça humana se desenvolve, os padrões éticos se tor­nam mais rigorosos, e a hediondez do pecado aumenta. O ambiente pecaminoso torna mais difícil ao homem refrear-se quanto ao pecado. Esta opinião deTennant não deixa lugar para a queda do homem no sentido geralmente aceito da palavra. Na verdade, Tennant repudia explicitamente a doutrina da queda, reconhecida em todas as grandes confissões históricas da igreja. Diz W. H. Johnson: "Os críticos de Tennant estão de acordo em que a sua teoria não deixa espaço para o clamor do coração contrito que, não somente confessa atos isolados de pecado, mas também declara: 'Fui formado em iniqüi­dade; há uma lei de morte em meus membros'."

 Os Resultados do Primeiro Pecado 

A primeira transgressão do homem teve os seguintes resultados: 

1. O concomitante imediato do primeiro pecado e, portanto, dificilmente um resulta­do dele no sentido estrito da palavra, foi a depravação total da natureza humana. O contágio do seu pecado espalhou-se imediatamente pelo homem todo, não ficando sem ser tocada nenhuma parte da sua natureza, mas contaminando todos os poderes e faculdades do corpo e da alma. Esta completa corrupção do homem é ensinada claramente na Escritura, Gn 6.5; Sl 14.3; Rm 7.18. A depravação total de que se trata aqui não significa que a natureza humana ficou logo tão completamente depravada como teria a possibilidade de vir a ser. Na vontade essa depravação manifestou-se como incapacidade espiritual.

 2. Imediatamente relacionada com a matéria do item anterior, deu-se a perda da comunhão com Deus mediante o Espírito Santo. Esta é simplesmente o reverso da completa corrupção mencionada no parágrafo anterior. Ambos podem ser combinados numa única declaração, de que o homem perdeu a imagem de Deus no sentido de retidão original. Ele rompeu com a verdadeira fonte de vida e bem-aventurança, e o resultado foi uma condição de morte espiritual, Ef 2.1,5,12; 4.18.

 3. Esta mudança da condição real do homem refletiu-se também em sua consciência. houve, primeiramente, uma consciência da corrupção, revelando-se no sentido de vergonha, e no esforço que os nossos primeiros pais fizeram para cobrir a sua nudez. E depois houve uma consciência de culpa, que achou expressão numa consciência acusadora e no temor de Deus que isso inspirou.

 4. Não somente a morte espiritual, mas também a morte física resultou do primeiro pecado do homem. De um estado de posse non moriele desceu a um estado de non posse non mori. Havendo pecado, ele foi condenado a retornar ao pó do qual fora tomado, Gn 3.19. Diz-nos Paulo que por um homem a morte entrou no mundo e passou a todos os homens, Rm 5.12, e que o salário do pecado é a morte, Rm 6.23.

 5. Esta mudança redundou também numa necessária mudança de residência. O ho­mem foi expulso do paraíso, porque este representava o lugar da comunhão com Deus, e era um símbolo da vida mais completa e de uma bem-aventurança maior reservadas para ele, se continuasse firme. Foi-lhe vedada a árvore da vida, porque esta era o símbolo da vida prometida na aliança das obras.

 FONTE VEJA www.pentecostalteologia.blogspot.com.br

Fonte Bibliografia L. Berkhof,teologia sistemática,2010