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a tradução da biblia
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                            A TRADUÇÃO DA BIBLIA                         

                    O processo de tradução da Bíblia

O que é a tradução, o Trabalho do tradutor e seus requisitos, e  as qualidades da boa tradução.

 

INTRODUÇÃO 

Os italianos, por causa de sua aversão aos tradutores, costumam dizer: “Tradutore, traditores”, como se todos os que se põem a verter um texto para o vernáculo prestassem um desserviço á cultura pátria. Veremos nesta lição, contudo, que o tradutor não é, de forma alguma, um traidor. E, sim, alguém que, muitas vezes, sob o manto do anonimato, colocam-nos em contato com as grandes realizações do gênio humano. 

Imaginemos se a Bíblia Sagrada ainda estivesse nas línguas originais. Quem haveria de refugiar-se em suas promessas e alianças? Certamente, os eruditos que se dedicam ao hebraico bíblico; e os que, entranhando-se no koinê, se esforçam por entender a mensagem do Cristo e de seus santos apóstolos. 

Mas, graças a Deus, porque as Sagradas Escrituras acham-se á disposição de quase todos os seres humanos. 

Nesta lição, veremos, em linhas gerais, como se faz uma boa tradução da Bíblia. As noções que, a seguir, daremos, serão utilíssimas àqueles que, no campo missionário, terão de, eventualmente, traduzir a Palavra de Deus para algum idioma que, ainda, não foi enriquecido com uma versão da Bíblia.

 

I. O QUE É UMA TRADUÇÃO DA BÍBLIA 

“E leram o livro, na Lei de Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse” (Ne 8.8). 

1. Definição. Tradução [Do lat. traductione, ato de conduzir além, de transferir] é o ato de se transferir um discurso de um idioma para outro, com a preservação de suas equivalências semânticas e estilísticas. 

2. Tradução da Bíblia. É o ato de se difundir a Palavra de Deus nos idiomas que, ainda, não foram enriquecidos com uma tradução da Bíblia Sagrada. É o mais nobre, elevado e sublime trabalho de tradução. 

3. A tradução da Bíblia como ministério. Tendo em vista a relevância da tradução das Sagradas Escrituras, podemos afirmar, com segurança, que este não é um serviço qualquer; é um ministério que requer total consagração. Através deste mister, prestamos inestimáveis préstimos para o Reino de Deus nos seguintes ramos: evangelismo, missões, devoção pessoal, cultura, erudição etc.

 4. O conceito de Raymond Elliot. “Tradução é o processo de começar com alguma coisa (escrita ou oral) em uma língua (a língua original) e expressá-la em outra (a língua receptora)”.

 

II. O TRADUTOR DA BÍBLIA SAGRADA 

“Havia intérprete entre eles” (Gn 42.23). 

1. O que é o tradutor. Tradutor vem do latim traductore. No latim, este é o significado literal de tradutor: o que conduz além, o que transfere. Por conseguinte, tradutor é o profissional habilitado a transferir, de um idioma para outro, um discurso escrito ou oral.

 

2. O tradutor como intermediário. Observa-se, pois, que o tradutor é o intermediário entre o texto original e aqueles que o lerão no vernáculo. É o que lemos em Gênesis 42,23: “Havia intérprete entre eles” (Gn 42.23).

 3. O tradutor da Bíblia Sagrada. É o ministro, devidamente habilitado, a transferir para um outro vernáculo os textos da Palavra de Deus que se encontram nos originais hebraico, aramaico e grego.  

  

III. OS REQUISITOS DE UM BOM TRADUTOR DA BÍBLIA 

“Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn 5.12). 

De acordo com este texto, podemos enumerar os requisitos básicos de um bom tradutor da Bíblia Sagrada. Usaremos as mesmas palavras utilizadas pelo rei babilônio que, por desconhecer a terminologia teológica hebraica, assim descreve os dons do profeta Daniel. O tradutor da Bíblia, portanto, deve: 

1. Ser morada do Espírito Santo. “Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos”. 

2. Ter uma inteligência ungida por Deus. “Se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses”. 

3. Possuir um espírito excelente. “Porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e ciência, e entendimento”. 

4. Demonstrar um domínio da arte da interpretação. “Interpretando sonhos, e explicando enigmas, e solvendo dúvidas”. 

5. Desfrutar de confiabilidade. “Chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação”. 

6. Revelar uma postura moral e espiritual. “As tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus presentes a outro; todavia, lerei ao rei a escritura e lhe farei saber a interpretação” (Dn 5.17).

 

7. Comprovar um singular zelo pela sã doutrina. Se o tradutor da Bíblia não for um ardoroso defensor da sã doutrina, certamente haverá de corromper o seu trabalho com heresias, apostasias e mentiras.

 8. Dominar as línguas originais. É de fundamental importância que o tradutor das Sagradas Escrituras domine o hebraico, o aramaico e o grego. 

9. Ser um mestre do vernáculo. É imprescindível que o tradutor também domine o idioma para o qual estará vertendo a Bíblia Sagrada. Em síntese: o tradutor tem por obrigação conhecer não somente as línguas originais, como também a língua receptora. 

10. Dedicar-se a este ministério. Que haja dedicação e paciência, neste trabalho, porque algumas traduções bíblicas demandam décadas de minucioso extenuante labor.     

 

IV. AS QUALIDADES DE UMA BOA TRADUÇÃO DA BÍBLIA

 

“E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mc 15.34). 

De conformidade com Raymond Elliot, “as metas da tradução podem ser sumariadas em quatro tópicos: exatidão, adaptação, naturalidade e forma”. 

1. Exatidão. Esta palavra significa, entre outras coisas, rigor, precisão, perfeição, esmero. Quando os escritores do Novo Testamento transcreviam algum texto do Antigo, buscam ser exatos em sua tradução, conforme observamos em Mateus: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1.23). 

Nesta tradução, o evangelista foi, não somente exato, mas piedosamente fiel; traduziu a palavra hebraica almah por virgem, e não por jovem, como teimam alguns modernos exagetas. 

2. Adaptação linguística. Eis o que isto significa: “Ajustar um texto literário, tornando-o acessível ao público a que se destina”. Embora o tradutor das Sagradas Escrituras tenha de ser rigoroso, exato e fiel em seu trabalho, deve ele levar sempre em conta as adaptações literárias que o texto a ser vertido para o vernáculo exige. 

A tradução, por conseguinte, tem de ser literária e não literal. 

Se fôssemos, por exemplo, traduzir, literalmente, Naum 1.3, ninguém haveria de compreender a referida passagem, que ficaria, mais ou menos, assim: “O Senhor tem longas narinas”. O bom tradutor, porém, compreendendo como compreende a índole e o gênio da língua hebraica, sabe que o profeta, naquele momento, referia-se ao Supremo Ser como aquele que, tendo excelente fôlego, prende a respiração, conta até ao infinito, antes de agir contra os impenitentes filhos dos homens. Noutras palavras: Deus possui um fôlego longuíssimo; é paciente e longânimo. Por isto, esta é a melhor tradução: “O SENHOR é tardio em irar-se” (Na 1.3). O tradutor foi exato? No entanto, viu-se obrigado a fazer as adaptações pertinentes, a fim de que viéssemos a entender este arcano de Deus. 

3. Naturalidade. O que é um texto natural? É aquele que segue a ordem natural das coisas; é desafetado e espontâneo. Por conseguinte, quando nos pormos a traduzir as Sagradas Escrituras, temos de fazê-lo de tal forma que os leitores da Palavra de Deus pensem que esta foi escrita, em português, e não em hebraico, aramaico e grego. 

Observe como este texto sagrado é natural e belo em português: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). 

4. Forma literária. Que o tradutor das Sagradas Escrituras jamais se esqueça de que a Bíblia é a obra-prima por excelência da humanidade. Eis porque, quanto possível, devemos preservar-lhe as belezas e os encantos com que os profetas e os apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, a escreveram.

 

CONCLUSÃO 

No encerramento destas considerações, citaremos os conselhos do rei Dom Duarte de Portugal àqueles que, no século XV, dedicavam-se ao ofício de tradutor: 

“Primeiro: conhecer bem a sentença do que há-de tornar, e pô-la inteiramente, não mudando, acrescentando, nem minguando alguma cousa do que está escrito. 

“O segundo: que não ponha palavras latinadas, nem de outra linguagem, mas tudo seja em nossa linguagem escrito, mais achegadamente ao geral bom costume do nosso falar que se pode fazer. 

“O terceiro: que sempre se ponham palavras que sejam direita linguagem, respondentes ao latim, não mudando umas por outras, assim que onde ele disse por latim scorregar não ponha afastar, e assim em outras semelhantes, entendendo que tanto monta uma como a outra; porque grande diferença faz, para se bem entenderem, serem estas palavras propriamente escritas. 

“O quarto: que não ponha palavras que, segundo o nosso costume de falar, sejam havidas por desonestas. 

“O quinto: que guarde aquela ordem que igualmente deve guardar em qualquer outra cousa que escrever deva, scilicet: que escreve ousa de boa substância claramente, para se bem poder entender, e formoso o mais que ele puder, e curtamente quanto for necessário, e para isto aproveita muito paragrafar e apontar bem”.

 

 NOTAS CPAD News 

 

A Bíblia, o clássico (Parte I) 

As Sagradas Escrituras são o clássico por excelência 

O que faz da Bíblia um livro tão singular? Diante de semelhante indagação, responderia Thomas Watson: “Ainda que eu tivesse a língua dos anjos, mesmo assim não poderia expressar a excelência da Bíblia”. Ela é, por conseguinte, a mais alcandorada e augusta obra literária; não foi escrito ainda um livro que lhe fosse semelhante; é o clássico dos clássicos.

 

O clássico dos clássicos 

Ressaltando a sublimidade da Bíblia, afirma o escritor francês Antoine Albalat: “Eu receio o homem que lê só um livro!” Se esse livro é a Bíblia, acrescenta Albalat, nele encontraremos inesgotáveis verdades e profundezas; nele também acharemos todos os gêneros literários.

 

Igualmente embevecido pelos donaires da Bíblia, o poeta inglês G. K. Chesterton destaca o livro de Jó como obra de ímpares belezas. Aliás, não apenas Jó, mas a Bíblia toda é uma fonte da mais refinada poesia e da mais apurada prosa. De suas páginas, flui a história do amor de Deus que, tendo como cenário, a terra dos filhos de Israel, universaliza-se na alma dos rebentos de Adão nas mais alongadas regiões do planeta. 

Ao discorrer sobre as infinitudes da Bíblia, escreve Christiane Zschirnt: “Nenhum outro livro influenciou tanto a cultura e a história da Europa. Os conhecimentos que a Bíblia transmite são o maior substrato do mundo ocidental”. Depois de tecer outras considerações acerca da singularidades das Sagradas Escrituras, assevera Zschirnt: “A Bíblia é o livro do superlativo”. 

Que outro livro é digno de tais honras e de semelhantes deferências e louvores? Aliás, a própria Bíblia reivindica ser um livro de ilimitados pendores literários; é a literatura por excelência.

 A Bíblia como fonte literária 

O verdadeiro literato é um pintor: multicolore as palavras como se estas tivessem os mais ricos matizes; é um escultor: de um discurso, aparentemente rude, vai ele dando forma e beleza a uma obra que se eterniza no mármore das letras sempre belas; é um ourives, cuja arte leva-o a cinzelar a embrutecida pepita até que esta se transforme numa jóia que haverá de ressaltar uma etérea formosura de uma simples página. 

Aliás, o poeta Olavo Bilac afirmou que o escrever é o mais fino e exigente trabalho de ourivessaria. Se o fazer literatura é obra de ourives, foram os hagiógrafos os maiores artesãos que já teve a humanidade. Pois nas Sagradas Escrituras, encontramos os mais acabados e perfeitos modelos literários. Se história, eis as crônicas dos reis de Israel; se romance, os dramas de José; se poesia, os salmos; se filosofia, o livro de Jó; se, biografia, a vida, ministério e paixão de Nosso Senhor. Jóias compostas em dois belíssimos idiomas: o hebraico e o grego.  

Idiomas bíblicos

 De tal maneira foram ambas as línguas trabalhadas pelos autores sagrados que até mesmo a simplicidade de alguns de seus trechos é sublime. Como diria Antonio Vieira, sua redação é claríssima e simples como as estrelas. O mais ilustre dos homens nela encontra orientação e conforto; conforto e orientação vai também o Espírito Santo infundindo ao indouto que, embora não saiba os nomes dos mais comuns dos astros, ouve o Pai Celeste mencionar-lhe o nome como se fora uma estrela que, eternamente, reluz quando ele abraça a fé em Cristo.

 Não fossem o hebraico e o grego, usados para compor a Bíblia, certamente teriam eles desaparecido como aqueles falares bárbaros da Ásia, da África e da Europa: nasceram bárbaros e bárbaros morreram. 

Por conseguinte, Deus não somente inspirou os santos profetas e apóstolos a registrarem os seus arcanos, como também deu-lhes dois idiomas que, passados já milhares de anos, continuam a ser carinhosamente estudados. O hebraico, usado em Israel, é mui similar ao que Abraão falava. Do koinê veio o grego moderno, que é razoavelmente compreendido pela Grécia do século 21. O que vem isto demonstrar? Que as perfeições literárias da Bíblia são de tal forma ilimitadas que até mesmo os idiomas que a compuseram foram divinamente preservado

 

A Bíblia, o clássico (Parte II)

Deus preparou e inspirou os artistas de sua Palavra 

A Bíblia não foi escrita aleatoriamente. Redigida num período de mil e seiscentos anos por aproximadamente quarenta autores, mostra ela uma sublime e inexplicável unidade. Embora vivessem em épocas e lugares tão alongados e diferentes uns dos outros, os santos profetas e apóstolos foram inspirados a produzir uma obra mui harmônica e sobremodo lógica. Se um único autor dificilmente alcança semelhante unidade, o que diremos daqueles peregrinos do Senhor que, andejando os desertos da Terra Santa, errando pelos caminhos da Mesopotamia, velejando o Mediterrâneo e já internando-se na férrea e inclemente Roma, lograram obtê-la? 

Os escritores sacros foram singular e sobrenaturalmente vocacionados para fazer, das Sagradas Escrituras, a mais sublime literatura: “Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas”, Mt 23.34. Numa primeira instância, referia-se o Cristo aos autores do Novo Testamento e àqueles abnegados servos de Deus que, deixando Jerusalém, levaram o Evangelho até aos confins da terra. Referia-se, de igual modo, aos arcanos do Senhor que, intimados pelo Espírito Santo, registraram toda a revelação divina, a fim de que, hoje, tivéssemos acesso à História da Salvação. 

Ainda que não fizessem literatura pela literatura, jamais deixaram de fazer literatura. Mas, escrevendo, produziram eles, sempre assistidos pelo Espírito Santo, a literatura mais alta e bela, conforme ressalta o poeta sacro: “O meu coração ferve com palavras boas; falo do que tenho feito no tocante ao rei; a minha língua é a pena de um destro escritor”, Sl 45.1.

 

Perfeição literária 

Salmodiando a Deus pelas infinitas perfeições de sua Lei, a lira de Davi não se contém: “A toda perfeição vi limite, mas o teu mandamento é amplíssimo”, Sl 119.96. A Bíblia não necessitou de um modelo; era o Santo Livro o seu próprio modelo de onde derivaram todos os modelos e gêneros literários. Afinal, onde ela haveria de buscar um modelo? Nos tabletes acádios? Nos indecifráveis hieroglíficos? Enquanto estes são preservados em museus e universidades, a Bíblia agasalha-se, peregrina que é, nas almas dos que a lêem.

 

As perfeições humanas são, como ressalta o salmista, limitadas; não os mandamentos de Deus; amplíssimos: desconhecem infinitudes e amplidões. Detendo-nos em Homero, certamente veremos as perfeições do gênio grego. Todavia, jamais deixaremos de observar a limitação de suas perfeições. As musas não deram a Vergílio a amplitude por ele desejada. Aliás, pouco faltou para que ele destruísse a Eneida de tão insatisfeito que se encontrava diante de sua obra. Somente os que se detém a estudar as Escrituras podem aquilatar as infinitas e ilimitadas perfeições do Livro de Deus.

 

O estilo dos autores sagrados 

Embora seja a Bíblia um livro divino, não deixa ela de ser uma obra humana. Quando Deus, através de seu Espírito Santo, inspirou os santos profetas e apóstolos a lhe registrarem os arcanos, levou em conta o estilo e a marca pessoal de cada um deles. Aliás, o próprio Deus ordena que seus hagiógrafos lancem mão de um estilo de homem para que pelo homem sejam eles ouvidos: “Disse-me também o Senhor: “Toma um grande volume e escreve nele em estilo de homem”, Is 8.1.

 

Se em Moisés temos a marca do legislador, em Amós deparamo-nos com o rústico boieiro. Já em Davi, descortinamos os salmos e os lamentos. E os cantares de Salomão? Passados já três mil anos, continuam a enaltecer o legítimo amor entre o homem e a sua amada. Isaías, chamado para ser profeta, acabaria por entretecer a poesia em seu alcandor. E as lamúrias de Jeremias e o clamor de Habacuque? No Testamento Novo, destaca-se Lucas como exímio escritor como escritor exímio eram Paulo e Mateus. 

Se o estilo é, de fato, o homem, Deus falou nos mais variados estilos à humanidade, através da Bíblia, acerca de seu amor redentivo. Com precisão e clareza falou-nos, levando-nos à conversão em Cristo Jesus.

 

A Bíblia, o clássico (Parte III)

Expressão literária da experiência com Deus transmitida 

Segundo alguns críticos literários, a página mais trabalhada da língua portuguesa é a Oração aos Moços de Rui Barbosa. Depois de ler este discurso por duas, ou três vezes, deixei-me embair pela singular precisão das frases e orações do grande tribuno. Ao voltar-me, todavia, ao texto sagrado, sou constrangido a reconhecer a superioridade da Bíblia. Cada palavra tem o seu lugar; cada verbo a sua função. Eis o que escreveu o sábio rei de Israel: 

“Procurou o Pregador achar palavras agradáveis; e o escrito é a retidão, palavras de verdade. As palavras dos sábios são como aguilhões e como pregos bem fixados pelos mestres das congregações, que nos foram dadas pelo único Pastor. E, de mais disso, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar enfado é da carne”, Ec 12.10-12. 

Que outra obra foi escrita com tamanha exatidão? Homero? Vergílio? Camões? Nem Machado de Assis, com toda a sua transparência e naturalidade, logrou alcançar a precisão com que os profetas e apóstolos utilizaram as palavras para transmitir os arcanos divinos. Afinal, desejavam eles que a mensagem divina alcançasse a toda a humanidade. 

A Bíblia foi composta pela experiência de homens que andaram com Deus. Temos, por exemplo, a história de Jó, cujo tema principal é o sofrimento dos justos. Por que o homem bom tem de sofrer? No momento mais agudo de sua vida, assim se expressa: “Quem me dera, agora, que as minhas palavras se escrevessem! Quem me dera que se gravassem num livro!”, Jó 19.23. 

Quem de fato escreveu o livro de Jó? Eliú? O que mais importa é que, hoje, esta belíssima porção das Escrituras é estudada como uma das mais precisas e senhoriais composições da literatura. Os hagiógrafos tinham absoluta certeza de que, nos milênios por virem, a experiência de sua fé seria partilhada com toda a humanidade; vinham do coração de Deus para o coração de homens, mulheres, jovens e crianças que amam o Senhor enternecida e candidamente. 

Se realmente existe um clássico universal, a Bíblia Sagrada é este clássico. Nela, há os mais perfeitos modelos de histórias, romances, poesias, dramas, epístolas e biografias. Está para surgir um livro que lhe seja semelhante; é a literatura inigualável e singular. Desconhecer a Palavra de Deus acarreta  pobreza espiritual, emocional e cultural. Foi o que descobri em minha Bíblia de couro quando ainda adolescente.

A confiabilidade da palavra profética

INTRODUÇÃO

Durante um ministério que se alongara por mais de quarenta anos, Jeremias profetizou em Jerusalém, buscando demovê-la de sua iniquidade. Portou-se de forma resoluta e varonil em todas as circunstâncias; jamais recuou ante a oposição que lhe moviam os sacerdotes, os falsos profetas e a casa real. Ele estava cônscio de que a palavra profética, em seus lábios, provinha diretamente de Deus; não era invencionice sua.

 

Jeremias foi um autêntico e bravo porta-voz de Jeová. Atuou como profeta, intercedeu como sacerdote e refletiu, como teólogo, sobre o relacionamento de seu povo com o Deus de Israel, a quem pertencia as demais nações. 

Profetizando, fez teologia. 

As palavras que lhe entregara o Senhor, proclamou-as fielmente ao rei, aos ministros do altar, à plebe e até mesmo aos falsificados mensageiros de Deus as proclamou. Depois, com a ajuda do sempre dedicado e prestimoso Baruque, encerrou-as em seu livro, a fim de que todos viessem a atestar a fidelidade da palavra profética. 

Ao evocar-lhe a imagem da amendoeira, afiança-lhe Deus o fiel cumprimento de cada uma daquelas enunciações (Jr 1.11,12). Nenhum arcano cairá por terra, como por terra jamais caiu quaisquer de suas boas e singulares promessas à Judá, outrora tão amorável e terna. 

O profeta Jeremias é alguém que falou em lugar de Deus, e por Deus, num mundo teologicamente correto, mas que de Deus se afastara, enchendo-se de deuses vazios. Diante de profecias que encenam dramas tão fortes, não há como emudecer a pergunta: Por que os judeus não deram crédito à voz do Senhor? 

Nos lábios de Jeremias, a palavra profética interpreta uma tragédia pré-anunciada, cujo epílogo, de modo paradoxal, tem um final esperadamente feliz. Somente a Palavra de Deus comporta tais ilogicidades; sua aparente incongruência desafia todas as nossas premissas e silogismos; é um ilógico estranhamente lógico. Não escreveu Paulo ser a sabedoria de Deus loucura para o mundo? (1 Co 1.18-21).

Assim é a palavra profética.    

I.    O MISTÉRIO DA PALAVRA PROFÉTICA

A palavra profética, em si, já é um mistério. Mas aprouve a Deus revelá-lo por intermédio de seus servos, os profetas (Am 3.7). Instrumentando-os nas mais adversas circunstâncias, vai o Senhor, progressiva e claramente, desvendando-nos a sua vontade, o seu conhecimento e o império de seus desígnios (Hb 1.1-3). Quem lhe pode suportar a força dos decretos? Proclamada a palavra profética, cabe-nos observá-la com toda a diligência (Sl 119.4).

 É a palavra profética, por conseguinte, a revelação tanto da sabedoria como dos desígnios de Deus. Sem ela, como viríamos a saber que existe um Ser Supremo e Criador de quanto existe e que se preocupa conosco e que, com nós pecadores, almeja comunicar-se? É a vontade do Senhor que todos os seres humanos inteirem-se de todos os seus propósitos (At 20.27; 1 Tm 2.4). 

Jeremias empreendera levar os judeus a curvarem-se ante os intentos do Deus de Israel. Infelizmente, eles já não perguntavam pelo Senhor (Jr 2.6). Se já não indagavam pelo Senhor, como poderia Ele revelar-lhes seu conhecimento e vontade? Os que o buscam, porém, jamais serão frustrados (Is 55.6). Aliás, chegaria o tempo em que o Senhor permitir-se-ia achar até mesmo pelos que por Ele não procuravam (Is 65.1). Agindo, assim, não estará o Senhor sendo injusto? Com a vinda do Cristo de Deus, a palavra profética, já exposta no Evangelho da Salvação, é revelada a todos (Tt 2.11).

 

Sem a palavra da salvação, estaríamos mergulhados em densas trevas. Não saberíamos, por exemplo, que os mundos foram criados a partir da palavra divina (Hb 11.3). Haveríamos de ignorar, também, que Deus, além de criar o Universo, sustém-no com a destra de seu poder (Hb 1.3). Desconheceríamos nossa gênese e desconsolar-nos-íamos quanto ao nosso destino final.

 Era missão de Jeremias, portanto, tornar bem patente a Judá que, caso não viesse a arrepender-se de seus pecados, voltando-se incondicionalmente ao Deus de Israel, seria ela desalojada daquela boa e pródiga terra. Sob o manto do opróbrio, haveria de andejar numa terra inculta e má, onde setenta anos de exílio aguardavam-na (Jr 25.11). A palavra profética não voltaria atrás; proclamada sob os auspícios daquele que detém o espírito da profecia, era certeiro o seu cumprimento (Ap 19.10).

 

II.    FUNDAMENTOS DA PALAVRA PROFÉTICA

Não sendo a palavra profética um mero exercício de lógica, mas a revelação do conhecimento e da vontade de Deus, tem ela no próprio Deus o seu fundamento. Logo, se Deus falou, certamente sua palavra há de se cumprir (Jr 29.10). Ele não é homem para que minta, nem filho de homem para que deixe cair por terra a sua palavra (Nm 23.19). A palavra de Deus é avalizada pelo Deus da palavra.  

 

Desde Enoque, o primeiro arauto, a João, o último porta-voz da Antiga Aliança, nenhum dos profetas vacilou em proclamar a Palavra de Deus. Estavam eles cônscios de que a palavra que lhes inspirava o Espírito de Cristo, que neles agia, cumprir-se-ia na estação própria (1 Pe 1.11). 

Falou o Senhor? Por que deixará o profeta de lhe proclamar os oráculos? (Am 3.8) Esta era a experiência do boieiro Amós. Embora não fosse ele profeta nem filho de profeta, ao ouvir o chamamento divino para apregoar os arcanos do Senhor, não titubeia. Constrangido pelo peso daquela palavra, repreende a Israel. E até a própria vida expõe por amor às sentenças que lhe inspirava o Espírito Santo.

 III.    A PALAVRA PROFÉTICA TEM COMO FUNDAMENTO OS ATRIBUTOS NATURAIS DE DEUS

Somente um Deus eterno e infinito pode garantir o exato cumprimento das profecias que, de Gênesis a Apocalipse, revelam-nos o seu amor redentivo. Um ser mortal e contingente como o homem jamais poderia assegurar a fiel observância das Setenta Semanas de Daniel (Dn 9.20-27). Aliás, até mesmo um anjo, apesar de toda a sua luminescência, seria incapaz de afiançar a viabilidade de uma locução profética ainda que despida de complexidade. Ao profeta Daniel, o anjo Gabriel explicou o que ocorreria no futuro. Mas quem assegurou o cumprimento de todas aquelas palavras foi o Senhor. 

 

Onisciente, conhece Deus, com perfeição máxima, todas as coisas. Ele simplesmente tudo conhece; pois tudo quanto existe dEle provém. Além disso, pode o Senhor estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Nem a própria Lei da Relatividade é capaz de limitá-lo.  Se Ele a formulou, pode derrogá-la. Logo, não precisa o Senhor viajar à velocidade da luz para vazar a fronteira do tempo, pois o tempo, ante a sua eternidade e refulgência, não passa de uma referência desprezível. Aliás, não é Ele o pai das luzes? (Tg 1.17) E o seu Filho não é a luz do mundo? (Jo 8.12). Até a luz, diante da sua luz, é treva (Sl 139.12).  

O que é o futuro para Deus? Ele tudo conhece e pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, então o porvir para Ele não passa de um presente contínuo. Logo, fazendo tudo concorrer para que nenhum de seus decretos deixe de ser cumprido, inspira os seus profetas, por intermédio do Espírito Santo, a escrever antecipadamente a história. E assim nasce a profecia. 

No Salmo 139, o cantor de Israel descreve o Senhor em sua onipresença e onisciência. Nem o tempo nem o espaço conseguem detê-lo; Ele mesmo os criou. Se para o Senhor até o mesmo infinito é finito, por que o espaço o limitaria? E se Deus é o pai da eternidade, por que o tempo arrumaria tempo para barrar-lhe os planos? O ontem, o hoje e o amanhã, para Ele, não passam de um presente simples de um indicativo que lhe revela a ativa e soberana intervenção em todos os negócios humanos. Em nossa vida, Deus não pode ser uma hipótese; Ele é o que é. 

No que tange ao atributo da onisciência, há os que, pondo-se a estudar as profecias, dizem: “Deus, prevendo esse acontecimento”. Ora, prevê Deus alguma coisa? Deus nada prevê; Ele tudo vê clara e meridianamente. Quem prevê é o homem por estar encerrado no espaço e no tempo. Aliás, rigorosamente considerando, o homem coisa alguma prevê, mas adivinha e joga com possibilidades óbvias. Não agia assim Nostradamus? Suas centúrias não passam de um jogo de palavras tão complexo que se abre em possibilidades várias. É algo confuso e disforme; frustra até mesmo os seus discípulos. Não assim a palavra que o Espírito Santo inspirou aos profetas hebreus e aos apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. O que dizer das predições messiânicas do Antigo Testamento?  

 O que é, pois, a previsão senão um exercício intelectual?  Ela brota de suposições e conjecturas. Têm-na alguns como sinônimo de adivinhação. Fôssemos defini-la,  diríamos tratar-se da antecipação de fatos com base em conjecturas do que está para acontecer. A previsão, por conseguinte, é um exercício humano, não um labor divino. Deus nada precisa supor para saber como será o futuro. Ele simplesmente o conhece, porque a eternidade não lhe é estranha. Não é o seu Filho o Pai da Eternidade? (Is 9.6) Ora, aquEle que é o Senhor do tempo deixar-se-á limitar-se pelo futuro como se o futuro lhe fosse algo raro e interrogativo? O ontem, o hoje e o amanhã são-lhe a mesma coisa. Ele não se surpreende com o porvir; todas as coisas, quer no tempo, quer no espaço, lhe estão patenteadas. 

Sendo Deus também onipotente, assegura o fiel cumprimento da palavra profética. Isto não significa, porém, seja Ele um ser arbitrário e que não considere o livre-arbítrio de suas criaturas morais. Ora, se podemos escolher entre duas opções, dEle recebemos este instituto (Dt 30.15). O Senhor, todavia, jamais abrirá mão de sua soberania; seus direitos são inquestionáveis. 

Em sua soberania, elegeu-nos em Cristo, predestinando-nos à bem-aventurança eterna (Ef 1.4,5). Isto não significa, porém, haja Ele criado uns para a vida eterna, e outros para a eterna danação. Fora assim, não haveria o que se convencionou chamar de História da Salvação. Seria o bastante inicializar uma programação, a fim de conduzir os entes, ciberneticamente montados, a operacionalizarem rotinas e atitudes sempre corretas. Mas um Deus que exige voluntariedade deixar-se-ia louvar por seres que, na verdade, nem seres são e sim máquinas despossuídas de almas? Ele claramente reivindica: os que o adoram façam-no em espírito e em verdade (Jo 4.23). Para adorá-lo em espírito não é suficiente existir; é necessário ser. 

IV.    A PALAVRA PROFÉTICA TEM COMO FUNDAMENTO OS ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS

Justo e santo, Deus jamais permitirá caia qualquer palavra sua por terra. Ele não pode mentir nem mostrar-se infiel; se o fizer, estará negando a própria natureza. Que o homem seja mentiroso; Deus, não. Por isso, descansemos em suas promessas; humildemente, acatemos as profecias solenizadas por seus mensageiros. 

Bom e sumamente perfeito, Deus não pode ser melhor do que é. Não carece de aprimoramentos nem de atualizações. Ele simplesmente é o que é. Suas bondades, grandezas e perfeições, infinitas em si mesmas, revelam que Deus é o ser supremo por excelência. Não apresenta qualquer variação; se promete, cumpre. 

Ele profere a verdade e na verdade se compraz; sua natureza é essencialmente veraz. Não fora fiel aos seus atributos morais, que importância teriam as Sagradas Escrituras? Não passariam de um testamento sem testamento. Viveríamos como que em suspense, não sabendo como o Criador agiria no instante seguinte. Um deus arbitrário e inconfiável teríamos nós. Aliás, se inconfiável e arbitrário, não é Deus. Pois a sua natureza reclama fidelidade e congruência moral: Ele é santo. 

Não fora o Senhor bom, santo e justo, nenhum compromisso teria com a palavra profética. Cairia esta por terra, como por terra jazer-lhe-ia o nome. Mas, se o profeta chamado por Deus anuncia: “Assim diz o Senhor”, como deixaria o Senhor de cumprir suas promessas e de aplicar as disciplinas já decretadas? Se não o fizesse, não seria Deus; homem seria. Somente o homem, devido às suas naturais limitações, não tem condições de velar por todas as suas palavras.     

 

CONCLUSÃO 

Por conseguinte, tem a palavra profética o aval do próprio Deus; é a sua palavra inspirada, inerrante e soberana. Garante-lhe Ele o fiel cumprimento. Se o Senhor falou,  cumprir-se-á tudo no devido tempo. Sua palavra não voltará vazia; fará o que lhe apraz; mostrar-se-á fiel em todas as instâncias. Não é palavra de homem; palavra de Deus é.n

FONTE CPAD NEWS