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PAULO LEIVAS MACALÃO BIOGRAFIA
PAULO LEIVAS MACALÃO BIOGRAFIA

A história de Paulo Leivas Macalão - fundador do ministério Madureira

Introdução

Não há como falar da Assembléia de Deus de Madureira sem falar e lembrar de seu fundador. Um homem que participou do inicio do avivamento pentecostal brasileiro, e conheceu grandes figuras como Daniel Berg, Gunnar Vingren e Lewi Pethrus, famosos pastores suécos que foram ferramentas fundamentais para que o projeto de Deus se concretizasse no Brasil. Muitos de nós não nos damos conta quando folheamos nossa Harpa Cristã e nos deparamos com as iniciais P.L.M. Estamos falando de Paulo Leivas Macalão, um dos pioneiros do pentecostalismo no Brasil.

Quem foi Paulo Leivas Macalão

Foi um brasileiro Congregacionalista, músico, violinista, hinólogo da Harpa Cristã, Conselheiro da Sociedade Bíblica do Brasil-SBB e da Casa Publicadora das Assembleias de Deus-CPAD, pioneiro do evangelicalismo e do pentecostalismo brasileiro através do campo missionário de Madureira.

É o maior compositor de hinos da Harpa Cristã. São 244 hinos que levam suas iniciais cerca de 38,12% da Harpa Cristã atual, onde destes 208 foram hinos traduzidos ou adaptados para o português, 29 hinos indefinidos e 7 de sua autoria.

Nascimento e criação

Paulo Leivas Macalão nasceu no dia 17 de Setembro de 1903 na cidade de Santana do Livramento, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Filho de João Maria Macalão e Joaquina Georgina Leivas Macalão. Teve sua educação inicial no Colégio Batista do Rio de Janeiro, na época capital brasileira, sendo que, sua formação secundária foi no Colégio Pedro II, também no Rio de Janeiro. Seus pais valorizavam a sua educação e almejavam a carreira militar para o jovem Paulo, pois seu pai era general do Exército brasileiro e havia planejado seu ingresso na Academia de Realengo, Rio de Janeiro. Mas os planos de Deus para Paulo eram outros.

Por ser filho de um oficial do exército disciplina e método foram, portanto, as normas aplicadas na educação de Paulo

Até os cinco anos de idade, Paulo e os seus irmãos, Fernando e Maria, tiveram sobre suas vidas a suavidade, o zelo e o carinho das mãos de sua mãe, D. Georgina.

Os primeiros rudimentos da língua portuguesa ela os ensinou a seus filhos, e desenvolveu neles a inclinação para a vida religiosa. Pois, sendo católica e assídua às missas da igreja das Missões, D. Georgina sempre conduziu consigo o pequeno Paulo, durante as longas procissões pelas ruas de Santana do Livramento.

Perdendo sua mãe em 1908, ele continuou acompanhando as procissões, não só enlevado com as projeções pirotécnicas dos foguetes, mas porque algo de profundo e misterioso o atraía. Havia alguma coisa de inexplicável naquele povo que se movia fascinado pela majestosa e alta figura da cruz.

Após o falecimento de D. Georgina, João Maria Macalão foi transferido para a cidade de São Luiz Gonzaga, Rio Grande do Sul.Futuramente, não a cidade, mas uma rua carioca, com o mesmo nome de São Luiz Gonzaga, teria marcante e decisiva participação no futuro do jovem Paulo.

Essa mudança movimentou sua vida, enriquecendo-a de novas experiências e paisagens novas. Mas ele jamais se esqueceu de quanto sua infância se viu empobrecida com a ausência de sua mãe. E não se esqueceu, também, de quanto seu pai se empenhou em distraí-lo e cercá-lo de carinho, tentando preencher a lacuna que D. Georgina deixara na família.

As dúvidas do menino Paulo acerca de sua profissão

Desde menino, Paulo preocupou-se com a profissão que iria escolher. Poderia entregar-se a muitas atividades: cuidar de uma indústria, de rebanhos, de casas, ou ser um militar como seu pai.

Passara sua infância dentro dos quartéis em companhia do pai. Assimilara tudo sobre a vida militar, e João Maria Macalão desejava vê-logeneral. Mas alguém lhe dissera que a melhor profissão era a de médico, porque o médico curava as doenças do corpo.

Então sua alma de criança sentia o desejo de fazer algo pelos outros, tirar a tristeza e encher de alegria o lar que chorava; curar, amenizar a dor, ajudar a quem quer que fosse.

Porém, quando se lembrava das palavras de sua mãe acerca da alma, concluía que ser padre era muito melhor, porque o padre oferecia o remédio para as doenças do espírito.

Nessa época seu pai foi transferido para o Rio de Janeiro, e nessa cidade a vida do jovem Paulo iria mudar

Passos até a conversão

Rio de Janeiro, 1923. As pessoas que se movimentam apressadamente pelas ruas de São Cristóvão não irão notar naquele rapaz de mediana estatura, a pele clara, as mãos nos bolsos e os olhos fixos no chão, caminhando devagar, completamente entregue aos seus pensamentos. São quase seis horas da tarde. Pelas calçadas da Rua São Luís Gonzaga, os transeuntes apressam o passo, na pressa de chegarem em casa para o descanso e a refeição em família. A noite se aproxima, silenciosa e submissa. O vento sopra, suave e insistentemente, varrendo as ruas. Súbito, aquele rapaz pára, abaixa-se e apanha alguma coisa que vinha rolando pelo chão. Ninguém deu a mínima importância a esse seu gesto. Um rapaz humildemente vestido, de humildes atitudes e olhar pacífico, segurando com ambas as mãos um pequeno papel amarrotado e tentando ler o que nele estava escrito, dificilmente despertaria a curiosidade de alguém. Mas se os homens soubessem quem era esse homem e o que estava escrito naquele papel, ajunta-se-iam à sua volta para admirá-lo. Se os anjos, contemplando a Terra, divisassem aquele moço a maravilhar-se pouco a pouco com o que lia, cantariam hosanas a Deus que, naquele momento, estava iniciando a maravilhosa convocação de um laborioso e zelosíssimo ceifeiro para a sua seara. E se os demônios descobrissem que o rapaz chamava-se Paulo Leivas Macalão, e o papel era um folheto evangélico que a providência divina havia posto diante dos seus olhos, ter-se-iam ajuntado furiosamente contra ele e, formando uma grande casta, soprariam com toda a força dos seus diabólicos pulmões sobre aquele papel, na tentativa de evitarem que aquela semente, lançada ao vento e recolhida pelas mãos daquele moço, frutificasse em tantas e tão frondosas árvores, e que ele viesse a se tornar um dos grandes patriarcas da Fé no Brasil, um dos maiores condutores do rebanho de Jesus Cristo sobre a Terra.

Paulo Leivas Macalão não suspeitava da importância daquele achado nem da repercussão que o folheto teria em sua vida. Porém sua alma há muito desejava algo que até então não encontrara em parte alguma, algo que o preenchesse, que o alimentasse, que o definisse. Pois sua vida estava mergulhada em uma angustiosa e muda indecisão. Os anos que passara estudando no Colégio Batista haviam contribuído para aguçar ainda mais aquela sensação de desconforto, de necessidade de algo que satisfizesse o seu interior e o pacificasse consigo mesmo. Ele ainda não encontrara explicação para a inveja que havia sentido quando, no Colégio Batista, vira os seminaristas reunidos e entregues ao estudo da Palavra de Deus. O que estudavam eles que ele também não pudesse estudar? Por que estavam tão entusiasmados diante de um livro cujo conteúdo ele mal conhecia através das leituras que ouvira durante as missas, e, assim mesmo, leituras feitas em latim? Desejava muito aprofundar-se no estudo desse livro misterioso, a Bíblia. Concluindo o ginásio e desejando completar seus estudos secundários, matriculou-se no Colégio Pedro II, sempre possuído daquela sensação de que algo de muito profundo e de muito belo lhe faltava. Naquela época, a grande maioria dos professores do Colégio Pedro II professava abertamente o ateísmo. Pois o Brasil da década de 20, com relação ao seu posicionamento diante dos estudos religiosos e científicos, oscilava entre a tradição e o cientificismo. E essa atitude fazia com que, em assuntos religiosos, a opinião dos pseudo-sábios prevalecesse no espírito da juventude estudiosa. Quando, durante as aulas frequentadas por Paulo, as preleções giravam em torno de Deus e de sua existência, a classe se dividia entre os que criam e os que não criam em Deus. Sedento da verdade e sentindo-se afrontado em suas convicções, o jovem Paulo discutia com ardor acerca de um assunto que lhe tocava profundamente, desde as suas mais remotas origens. Sua infância, o ambiente em que se criara, os ensinamentos de sua mãe e o que aprendera depois – tudo era de total significação para ele, e ele jamais poderia ficar calado diante de dúvidas e acusações de inexistência do Ser Maravilhoso que enchera sua infância de profundidade e beleza. Além do mais, nos tempos do Colégio Batista, ele ouvira o grande teólogo Langston discorrer acerca de muitos assuntos que despertavam a sua curiosidade. Langston impressionava a todos pelos seus sólidos e diversificados conhecimentos teológicos e bíblicos, pela sua largueza e firmeza de visão, e pela sua vida de alto conteúdo espiritual. A primeira geração de pastores e pregadores brasileiros contraiu uma grande dívida para com ele. E o grande líder que seria Paulo Leivas Macalão obsorveu e guardou para si, nas várias ocasiões em que ouviu esse teólogo pregar, as qualidades necessárias a um legítimo homem de Deus, à envergadura inconfundível de um propagador da fé.

Mas aquelas discussões com os professores do Pedro II enchiam sua alma de agitação e tristeza. Foi após uma dessas polêmicas que ele saiu a andar pelas ruas de São Cristóvão, silencioso e cabisbaixo. E foi então que achou aquele pequeno pedaço de papel impresso, aparentemente insignificante, mas que iria mudar completamente o rumo de sua vida.

O folheto convidava o leitor a comparecer aos cultos que se realizavam na Igreja de Deus, também conhecida como Igreja do Orfanato, situada na Rua São Luís Gonzaga, número 12. O jovem Paulo resolveu visitá-la, e, do contato e conhecimento que fez com os irmãos que ali congregavam, tornou-se admirador e amigo do Evangelho. Entre esses irmãos havia alguns que tinham aceitado a Jesus no Norte do Brasil – região por onde o Evangelho pentecostal havia penetrado, trazido pelos missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, dois homens enviados por Deus para, através de longas e perigosas caminhadas e pregações em um idioma para eles quase desconhecido, acenderem a tocha evangélica da salvação proporcionada por Jesus nos corações dos que povoavam as imensas terras do Brasil. Naquela igreja realizavam-se cultos aos domingos de manhã. Após os cultos, os irmãos atravessando o Campo de São Cristóvão, falavam do amor de Deus aos pecadores que encontravam ao longo do trajeto que se estendia até a Rua Senador Alencar, número 17, residência do irmão Eduardo de Souza Brito. Ali chegando louvavam o nome do Senhor, oravam e se despediam. O irmão Eduardo era esposo da irmã Florinda Brito. O casal tinha seis filhos: Carlos, Sílvio, Armando, Otávio, Natalina e Zélia. Não sabia o irmão Eduardo q ue sua filha Zéliaseria a extremada esposa e dinâmica ajudadora de Paulo Leivas Macalão, um dos grandes pioneiros da fé evangélica no Brasil.

O Senhor muito se alegraria do seu servo, pois naquele lar dedicado à adoração e ao júbilo a Assembleia de Deus nasceria, e o número dos remidos cresceria diante de Deus. Paulo Macalão tornou-se assíduo nas orações realizadas na casa do irmão Eduardo. Para o general João Maria Macalão, aquelas repetidas e longas ausências de seu filho, andando por lugares que ele desconhecia, aliando-se a pessoas que se entregavam a práticas religiosas por ele reprovadas, eram motivo de constantes preocupações.

O general, contrariado com a atitude do filho, pediu-lhe que parasse de frequentar a casa “daquela gente”. Alguém lhe dissera que aquele povo era pobre e sem princípios, e costumava acercar-se de qualquer pessoa na rua, tentando convencê-la a passar para o lado deles. Quando se reuniam, cantavam e oravam de modo a serem ouvidos por todos, o que para ele, era uma afronta ao decoro e à ordem. Paulo ouviu aquelas acusações, silencioso e profundamente triste. Se o seu pai soubesse quem realmente era aquele povo barulhento!... Todos em sua casa sabiam do quanto ele, Paulo, preocupava-se com sua salvação. Outra coisa não havia que ocupasse tanto o seu pensamento como o destino que teria sua alma. Desde os tempos do Colégio Batista vinha ele fazendo perguntas nesse sentido, e de ninguém obtivera resposta que o satisfizesse.

Mas fora justamente após os primeiros contatos que tivera com aquele “povo barulhento”, que sua vida começara a mudar. Havia algo de muito belo e muito puro naquele povo. Algo que o atraía, que o levava a frequentar aquelas reuniões espirituais, aqueles ajuntamentos revestidos de mistérios divinos, simplices, à luz das lamparinas de querosene

Conversão

Noites de súplicas, de cânticos, de leituras da Palavra de Deus, de testemunhos, de curas, de salvação e de suave conforto do Espírito Santo.Em 5 de abril e 1924, Paulo Leivas Macalão converteu-se ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Sua conversão contrariava a vontade de seus familiares, sobretudo de seu pai. Mas o Espírito de Deus havia colocado em seu coração o amor, a perseverança, o zelo pela fé que abraçara.

Os dias que transcorreram após aquela data, amargos e difíceis, mais e mais o aproximaram de Jesus. De que adiantariam o silencio em família, as incompreensões, os dissabores gerados por sua transformação, se a preço de lágrimas, feridas, afrontas, o sangue de Jesus Cristo abrira aquele glorioso caminho de salvação para ele? Quem o separaria do amor de Cristo?

Os crentes reunidos na casa do irmão Eduardo, cantavam o hino “vem, meu libertador”, quando subitamente a Fonte de Águas Vivas começou a jorrar de dentro dele, o verdadeiro Sol resplandeceu sobre o seu rosto, e sua alma foi possuída pela verdadeira Luz

A fundação da primeira Assembléia do Rio de Janeiro, os eventos que marcaram seu inicio e o batismo de Paulo Macalão

No dia 30 de abril de 1924, os irmãos reunidos na casa da irmã Florinda Brito, resolveram organizar, ilumiados pelo Espírito Santo, a primeira Assembléia de Deus no Rio de Janeiro, e assim, de comum acordo, elegeram o irmão Heráclio de Menezes, que veio da região Norte, como pastor interino, João Nascimento como diácono, e Paulo Leivas Macalão como secretário.

A primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo na igreja recém-fundada foi a irmã Antonieta de Faria Miranda, que em seguida recebeu o dom de profecia. O batismo dessa irmã causou sensação e espanto geral.

O batismo nas águas era realizado na praia do Caju. Pouco tempo depois, o missionário Gunnar Vingren, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, batizou nas águas o irmão Paulo Leivas Macalão, sendo ele o segundo crente a constar do rol de membros da Assembléia de Deus em São Cristóvão.

Não demorou muito e o Espírito Santo veio sobre ele e o batizou com fogo, revestindo-o de poder, e dando-lhe sabedoria e autoridade para testemunhar de Jesus em qualquer lugar para onde o Mestre o mandasse.

Aquela data não mais seria esquecida: 3 de novembro de 1924 – dia de maravilhas, de indescritível contentamento, ocasião em que Paulo Macalão resolvera dedicar-se inteiramente à causa do Evangelho.

Apesar de seu pai querer vê-lo fardado e oficial do exército, Paulo queria servir o general dos generais e rei dos reis e ao invés de uma roupa militar e seus acessórios ele preferiu usar o capacete da salvação e a espada do Espírito para combater não algo visível mas as potestades e principados do mal, lutando ao lado do Senhor como um destemido soldado do exército celestial.

A primeira banda e a vocação musical de Paulo e sua esposa Zélia

Posteriormente, com a chegada do missionário Samuel Nyströn, resolveram alugar um salão maior, situado na Rua Figueira de Melo, nº363, com capacidade para 40 pessoas. Nesse salão nasceu a primeira banda de música das Assembléias de Deus.

O irmão Paulo tocava o seu violino e a irmã Zélia cantava no coro. Não sabiam os dois do grandioso futuro que o Senhor reservara para eles.

Paulo, pescador de almas

Tocando o seu violino e em companhia de alguns irmãos, Paulo Macalão despertava a atenção das almas que enchiam as estações dos subúrbios, atraindo-as com a bela mensagem dos hinos e com as pregações cheias do poder de Deus. Aliás, essas pregações já eram conhecidas na pequena comunidade evangélica de São Cristóvão.

A força com que ele pregava, a convicção com que dirigia seus ataques violentos contra o pecado, vinham sendo, há algum tempo, motivo de censura por parte daqueles que não viam no Evangelho algo que tivesse de ser pregado daquela maneira, às pressas e com uma autoridade até então nunca vista.

Censurado e incompreendido, o irmão Paulo, em setembro de 1926, decidiu pregar exclusivamente nos subúrbios da linha férrea Central do Brasil. A muitos pareceu uma atitude precipitada aquela do jovem pregador, pois dificilmente alguém se apartaria de uma igreja recém-organizada e promissora para embrenhar-se nas dificuldades e perigos daqueles subúrbios.

Mas Paulo Macalão agira assim movido pela vontade de Deus, pois, impulsionado pelo Espírito Santo e seguindo o exemplo dos discípulos do Mestre, tornar-se-ia pioneiro na evangelização no bairros de Realengo, Bangu, Parada de Lucas, Santa Cruz, Campo Grande, Ilha Grande e Macaé, ampliando a obra para outras cidades do Estado do Rio.

À medida que o Evangelho ia sendo pregado, novas igrejas eram organizadas e, filiadas a essas novas igrejas, novas congregações surgiam.

Certa vez estava ele pregando na estação de Realengo, quando um sentimento de completo abandono se apossou da sua alma. Distanciando-se um pouco de onde estava, pôs-se a observar a multidão dos que chegavam e partiam nos trens: homens, mulheres e crianças com um ar de cansaço e infelicidade, caminhavam em várias direções.

Era um povo, em sua grande maioria, fraco e doente, um rebanho triste: os rostos refletindo aborrecimento e ansiedade. Que fazer para torná-los felizes? Que fazer, também, diante do abandono e incompreensão daqueles que o deveriam ajudar a levar avante o trabalho de resgate dessas almas?

Foi quando, inesperada e docemente, descendo do alto, a inspiração divina se apossou do seu espírito e ele começou a escrever o hino“Canto do Pescador”, atual 149 da nossa Harpa Cristã, que, por si só, constitui-se em um registro histórico dos tempos em que o evangelho, pregado por valorosos pioneiros, sofria pressões e dificuldades de toda a ordem, em seu avanço invencível sobre ruas, bairros e cidades do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro, para erguer-se como um poderoso farol na escuridão:

“No meu barco a remar. Sobre as ondas, pelo mar...”

Iniciava-se assim um dos mais belos hinos da Harpa Cristã, um dos mais belos de todos os que foram reunidos ali, e aquele que melhor define o estado de ânimo que dominava o irmão Paulo, naqueles tempos de expansão do Evangelho no Brasil.

Acompanhado do seu violino, em sua grande arrancada evangelística, ia ele sob o sol causticante ou sob a chuva miúda e fria, subindo escarpas, descendo vales, passando sob o portal dos ricos, visitando os casebres dos pobres, sorrindo ou chorando, semeando continuamente a Santa Palavra nos corações, plantando os alicerces para o progresso da Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo

A consagração de Paulo Macalão ao pastorado

Em 17 de agosto de 1930, após seis anos de trabalho ininterrupto pela causa do Evangelho, os missionários Gunnar Vingren, Frida Vingren e Lewi Pethus, certos da aprovação de Deus, consagraram-no pastor. Dessa data em diante, Paulo Leivas Macalão empunhou ainda com mais vigor a espada do Evangelho, lutando incessantemente contra as hostes infernais.

Empunhou também o seu cajado e se ocupou da difícil tarefa de pastorear o crescente rebanho de Cristo, pedindo a Deus, em constante oração, por todas aquelas almas, e rogando-lhe misericórdia, graça e sabedoria para levar avante tão difícil tarefa, e mostrando-lhe a grande necessidade de obreiros naqueles lugares ermos, naquelas espessas matas de ignorâncias do nome de Deus.

O primeiro templo em Bangu e o inicio do trabalho em Madureira

Bangu foi escolhido como o principal centro das atividades evangelísticas empreendidas pelo jovem pastor Paulo Leivas Macalão. Para atender e congregar o grande número de almas que se convertiam a Cristo, iniciou-se a construção do primeiro templo das Assembleias de Deus em Bangu, um dos bairros do então Distrito Federal, Rio de Janeiro. A rua chamava-se Ribeiro de Andrade, número 65.

Inaugurada em 1º de janeiro de 1933, naquela igreja novos obreiros foram instruídos a levar a semente a muitas outras localidades necessitadas da Palavra de Deus. Os resultados dessas investidas contra o reino do abismo não se fizeram esperar.

Várias congregações foram surgindo, à medida que o Evangelho ia sendo pregado.

Já em 1929, o irmão Paulo Macalão começara a evangelizar Madureira. Na época, o trabalho ocupava um salão na residência do irmão Balbino, na Rua João Machado, nº 76. A Igreja de Madureira começou a formar-se ali. Em 1930, já contando com um bom número de crentes, mudaram-se para a Rua Borborema, número 77. Mais tarde, tranferiram-se para um salão na estrada Marechal Rangel (atual Edgar Romero) e, posteriormente, fixaram-se na Rua João Vicente nº 7.

a morte do pai de Paulo Macalão

Certo dia, ao regressar para casa, o jovem pregador encontrou o seu pai extremamente mal. O pastor Paulo sentiu que o velho general estava prestes a passar para a eternidade, tal era a gravidade do seu estado.

Portanto, não havia tempo a perder. Paulo Macalão mais uma vez falou ao seu pai do amor de Jesus, e em seguida perguntou se ele queria aceitar a Cristo como Salvador. O velho respondeu “sim”, com a cabeça. Depois, com muita dificuldade, falou: “Meu filho, Deus escreve certo por linhas tortas”.

No dia 6 de setembro de 1933, o general adormeceu, para só despertar ao som dos clarins celestiais.

A ajudadora

Em Janeiro de 1934, o Senhor concedeu ao seu servo Paulo uma companheira, a irmã Zélia de Souza Brito, aquela que iria acompanhar o homem de Deus até que ele fosse chamado para o descanso eterno. Casou-os o missionário Samuel Nyström, na Assembleia de Deus em Bangu, e foram morar em dois cômodos pequenos, construídos anexos ao templo.

Não tinham cozinha, o que os obrigou a comer de marmita, durante quase 6 anos. A pequena casa havia sido mobiliada com os móveis herdados do general, falecido 5 meses antes do casamento.

Dentre esses móveis antigos, destacava-se uma mesa quadrada, de madeira escura. Sentado diante daquela velha mesa, o general, muitas vezes, com veemência, combatera a existência de Deus. Mas foi sobre ela que o irmão Paulo iniciou a tradução de vários hinos ingleses, franceses e espanhóis, e escreveu muitos outros de sua autoria, no intuito de organizar a nossa Harpa Cristã.

Ajudando-o na tradução, a irmã Zélia cantava para acertar a letra.

E expansão da obra, o nascimento de um filho e o inicio do templo de Madureira

Como realizador de um trabalho pioneiro, a presença do pastor Paulo era solicitada em diversos lugares ao mesmo tempo. Muitas vezes ele só podia regressar ao lar de madrugada, após o longo trabalho realizado durante todo o dia.

Várias congregações foram abertas por ele sem a presença da irmã Zélia, porque o dinheiro do qual o pastor Paulo dispunha não dava para pagar a passagem de ônibus da esposa.

O trabalho se estendeu pela cidade de São Paulo, sendo iniciado em 13 de Julho de 1937, na Rua da Glória nº 605. Avançou ainda pelo interior e pelos Estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Brasília.

No dia 20 de outubro de 1943, Deus agraciou o jovem casal com um filho, Paulo Brito Macalão.

No dia 14 de março de 1948, uma multidão de salvos, precedida de bandas de música, partia do templo situado na Rua João Vicente nº7, em direção à Rua Carolina Machado.

Sob uma chuva fina, a multidão caminhou cantando hinos, impulsionada por um grande entusiasmo, pois a alegria de servir a Cristo era mais forte do a chuva. Além do mais, o Espírito Santo estava fazendo cair, continuamente sobre eles, uma chuva de graça.

Chegando à altura do número 174 da Rua Carolina Machado, a multidão reuniu-se diante de um grande terreno existente ali. Às 15 horas daquele dia, lançou-se a pedra fundamental do templo da Assembleia de Deus em Madureira.

O inicio da construção do templo e sua inauguração

Continuamente, entre súplicas e lágrimas, mihares de servos de Deus pediram ao Senhor um templo onde pudessem se reunir para buscá-lo e louvá-lo com grande voz e corações unidos.

Todos eram pobres de recursos, mas a fé que os impulsionava era suficiente para remover qualquer montanha.

Iniciaram-se várias campanhas com o fim de se obterem recursos para a construção do templo. Muitos irmãos ofertavam as suas economias, outros ofereciam objetos que eram imediatamente vendidos, e com o dinheiro compravam-se cal, cimento, madeira, pedras, areia, ferro e tinta, e o templo ia surgindo.

A fé superava todos os obstáculos. As colunas erguiam-se diante dos olhos dos que por ali passavam, como símbolos do amor que unia um povo santo e temente a Deus, e como testemunho do que pode fazer o Evangelho transformador de vidas e de corações.

No decorrer da construção, notou-se que não havia água no terreno. Imediatamente os irmãos começaram a cavar um poço, mas não encontraram água. Cavaram em outro lugar, mas também nada encontraram.

E assim cavaram aqui e ali, sem nada conseguirem. Foi quando se lembraram de orar. E o mesmo Deus que fez com que os poços abertos pelos Patriarcas fartassem de água a pastores e rebanhos, ouviu as orações daqueles humildes construtores.

Uma fonte jorrou impetuosamente no porão da igreja, trazendo água em abundância para suprir as necessidades de toda a obra. Até hoje aquela fonte existe ali, e tal é o seu volume de água, que um motor foi instalado para dar vasão àquele líquido maravilhosamente brotado das entranhas da terra em resposta às orações dos servos do Senhor.

Quem tivesse olhos espirituais para contemplar o espaço celeste que separava aqueles irmãos das santas moradas de Deus, certamente veria o grande número de anjos que subiam e desciam, ocupados em levar ao trono da Graça, as orações daquela multidão que perseverantemente suplicava a Deus por aquela obra. Finalmente, no dia 1º de maio de 1953, o templo foi inaugurado, na rua Carolina Machado, 174

As quase oito mil pessoas que se reuniram no templo da Assembleia de Deus de Madureira, na noite de 1º de maio de 1953, não estavam ali para contemplar os belos vitrais, as possantes colunas, os ramalhetes de flores pintados no teto, os bancos, as paredes, as luzes, os degraus, as portas, as galerias. Não. Eles ali estavam para sentir a presença do Senhor, que pairava sobre a nave em toda a sua plenitude.

Aquela igreja representava um marco de vitória no doloroso e difícil caminho daqueles pioneiros – Paulo e Zélia Macalão, e de todos os que professavam o nome do Senhor e o serviam naquela igreja.

A inauguração contou com a presença de varias autoridades, civis e militares. Ao som do Hino Nacional, a fita simbólica foi desatada pelo representante do Presidente da República, os irmãos entraram na igreja cantando hinos, e a festa espiritual começou.

A inauguração do jornal "O semeador" e o casamento do filho do pastor Paulo

No decorrer de sua vida, o pastor Paulo viajou a diversos países, participou de importantes eventos e realizou inúmeras obras para engrandecimento do trabalho do Senhor.

Em 21 de abril de 1960, por iniciativa sua, o jornal evangélico “O Semeador” foi fundado, para semear as boas-novas e difundir entre os irmãos as maravilhas operadas por Deus no meio do seu povo.

Em 17 de janeiro de 1965, realizou-se no templo de Madureira o enlace matrimonial do jovem Paulo Leivas Brito Macalão com a senhorita Edna Rego dos Santos.

A cerimônia religiosa foi oficializada pelo pastor Alípio da Silva, e a benção nupcial foi impetrada pelo pai do noivo, pastor Paulo Macalão.

A única Conferência Mundial Pentecostal realizada na América Latina

No ano de 1967, o povo pentecostal do mundo inteiro esteve com os corações voltados para a cidade do Rio de Janeiro, pois sabia que, nos dias 18 a 23 de julho, milhares de salvos estariam aqui reunidos num só lugar com uma só mente, com um só desejo e com a mesma chama do Espírito Santo a arder nos corações, como no dia de Pentecoste!

Noite após noite, o Maracanãzinho abrigou dezenas de milhares de almas vindas de vários países do mundo e dos Estados brasileiros. O Espírito Santo glorificou a Cristo! O sistema de Rádio e Televisão fez a cobertura do evento, talvez o maior ajuntamento pentecostal no Brasil, até aquela data.

No dia do encerramento, cerca de 200 mil pessoas compareceram ao estádio do Maracanã. Com o uniforme nas cores nacionais, o coral de 2.000 mil vozes formou o desenho da Bandeira Nacional Brasileira.

O reverendo L’Rauche, conhecido como “o Billy Graham da Coréia”, encheu o vasto ambiente com suas palavras ungidas pelo Senhor. Alexandre Tee, da Inglaterra, pregou sobre “O Espírito Santo transladando a Igreja”. O fogo sagrado inflamou a todos.

Na oração final, o missionário Bernhard Johnson Júnior fez o apelo, e mais de uma centena de almas se rendeu aos pés do Senhor

Instituto bíblico Ebenézer

O pastor Paulo Macalão sempre reconheceu a importância do estudo sistemático da Bíblia, e por isso, apoiou a fundação do Instituto Bíblico Ebenezer. Como instituição cultural posta a serviço da Igreja, o IBE foi inaugurado em 19 de outubro de 1972.

Em seu grande zelo pelas almas, o pastor Paulo nunca deixou de advertir os alunos desse instituto sobre o perigo de virem a perder a graça de Deus, assoberbados pela cultura. Ele ensinava que o melhor aluno era aquele que completava os seus estudos na escola da oração.

A postura e conduta de Paulo Macalão

Absorvido que estava sempre pelas inúmeras responsabilidades que pesavam sobre seus ombros, e deslocando-se constantemente para os diversos pontos onde sua presença se fazia necessária para cumprir a sua missão de doutrinador e de pastor de pastores, não seria humano que um homem assim deixasse de cometer falhas, principalmente no resolver os inúmeros e difíceis problemas que se apresentavam.

Mas, a bem da verdade, temos de admitir que Paulo Macalão era um homem sincero – homem que desejava servir a Deus com profunda convicção, sinceridade e amor e que, com essas qualidades, procurava resolver os problemas que surgiam no campo pastoral.

Se falhas cometeu, não as cometeu com espírito prevenido: sempre agiu na convicção íntima de estar fazendo a vontade do Senhoie Deus. Visto por esse ângulo, ele pode ser comparado a Moises, mas nunca igualado a Davi.

Apesar da sua aparente inflexibilidade nas decisões que tomava para resolver casos bastante difíceis, onde tinha de agir como juiz, Paulo Leivas Macalão era um homem humilde.

Mesmo tendo sido um dos pioneiros, um desbravador pertencente à geração que implantou o Evangelho no Brasil, não achou ele mesmo em sua vida nada de que se vangloriar. Meditando na sua jornada espiritual, via que percorrera tão-somente a trajetória inconfundível do Evangelho em obediência à poderosa e irresistível chamada do Espírito de Deus para a obra divina.

Reconhecia em tudo que tinha por Senhor um Deus santo, poderoso, justo, paciente e misericordioso. Dele bem poderia ter dito o Mestre: “Eis um verdadeiro cristão, em quem não há dolo”. Sim, poderia ter havido culpa, mas jamais dolo. Poderia ter havido indecisão, mas nunca premeditação. Por tudo isso ele é digno do nosso alto respeito, da nossa profunda admiração.

Como exemplo de sua humildade, houve quem o visse pedindo perdão a alguns irmãos. Um dos maiores testemunhos da grandeza do seu coração é a sua correspondência, que foi relida pela irmã Zélia após a morte dele. Sobre o envelope daquelas cartas que mais lhe feriram, por terem sido escritas por mãos ingratas e almas sem amor, o irmão Paulo havia escrito: “Perdoado, graças a Jesus”.

Sim, Paulo Macalão sabia perdoar, e quem sabe perdoar é grande diante de Deus. E sabia perdoar apesar da situação “sui generis” que ocupava entre as centenas de milhares de crentes que compõem o Ministério de Madureira: ele foi como um general, a quem todos amavam e obedeciam.

Mas um general que pastoreava ovelhas, em vez de comandar soldados, um general que se fazia obedecer pelo amor e respeito que inspirava, e não por uma dura disciplina.

Alguns feitos e conquistas do pastor Paulo Leivas Macalão

Quanto às suas atividades externas, o pastor Macalão foi, por muitos anos, Conselheiro da Sociedade Bíblica do Brasil, Conselheiro Vitalício da CPAD, Presidente do Instituto Bíblico Ebenézer, Presidente Efetivo da Convenção Nacional de Obreiros de Madureira, Conselheiro Fiscal da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil e Menbro do Comitê Internacional que planeja a realização da Conferência Mundial Pentecostal.

O pastor Paulo visitou igrejas em diversos países, como Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Espanha, Portugal e outros. Em Springfield, Missouri, quando da sua visita oficial à sede Central das Assembléias de Deus na América do Norte, recebeu calorosa acolhida, por já ser o seu nome e sua ação no Brasil conhecidos. Recebeu também o título de cidadão do antigo Estado da Guanabara.

Sua morte

O dia 26 de agosto de 1982 poderia ter sido um dia igual a qualquer outro, mas não foi. Não foi porque algo de profundo nele aconteceu:às 9 horas e 16 minutos, os portais celestes se abriam para receber um príncipe vindo da Terra: pastor Paulo Leivas Macalão foi convocado às regiões celestiais!

Não foi um dia triste, porque foi um dia de vitória: Paulo Leivas Macalão, um dos apóstolos do Brasil, combatera o bom combate, acabara a carreira, guardara a fé, e agora a coroa da justiça lhe estava reservada, a qual o Senhor, justo juiz, lhe dará naquele dia!...

Mas foi um dia que trouxe a muitos o seu legado de tristeza, porque a saudade enchia os corações, que transbordavam em lágrimas – a saudade do esposo, do pai, do avô, do cunhado, do primo, do parente mais longe, do pastor amado, do dirigente, do conselheiro, do amigo, do colega – a saudade de tudo o que ele representava.

Às 17 horas do mesmo dia, o corpo do líder chegava ao Pavilhão da Mulher Cristã, na Avenida Brasil, onde foi velado numa capela ali existente. Uma multidão de crentes se fez presente no velório, inclusive a família e dezenas de pastores.

Na manhã do dia 27. uma incalculável multidão formou o cortejo, conduzindo o corpo do pastor Paulo Macalão para o Jardim da Saudade, em Édson Passos, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Fazendo a segurança, batedores da Polícia Militar abriam o trânsito.

No Jardim da Saudade, Paulo Leivas Macalão despertará um dia sob os clarins do arrebatamento da Igreja, quando subiremos ao encontro do grande Rei, e para sempre estaremos livres do pranto, da separação e da morte, no reino glorioso do nosso eterno Pai.

FONTE assembleiavilaverde.com