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Paulo, um Homem de Coragem At:14
Paulo, escrevendo aos coríntios, simplesmente disse: “Uma vez fui apedrejado...” (2 Co 11.25). Alguns comentadores vinculam uma experiência especial a este acontecimento. Pensam que, ao estar semimorto, Paulo teve a experiência descrita em 2 Coríntios 12.1-4, de ser levado até ao terceiro céu. Para nós, o mais importante da experiência é a visão da coragem e perseverança espiritual de Paulo. Não inventava teorias ao dizer: “Pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” (At 14.22).
Condenados como Desordeiros (At 14.1-5)
O trabalho missionário de Paulo consistia em visitar primeiro a sinagoga dos judeus. A nação judaica recebeu orientação divina por milhares de anos, sendo preparada para a vinda do Messias. Ela deveria ser a primeira a aceitar Cristo. Além disso, a sinagoga, estabelecida há anos no meio da comunidade pagã, seria um ponto missionário ideal para a nova fé. Parece, no entanto, que os judeus escutavam apenas com um pouco de tolerância cortês. Quando alguns membros da sinagoga se converteram, começou a luta.
Os judeus logo procuraram indispor os gentios contra Paulo. Mas os apóstolos continuavam a pregar, e Deus, a operar. Os judeus, com sua propaganda, nada conseguiram. Então, planejaram uma agressão física contra os pregadores. A violência deles apenas demonstrava que não tinham argumentos que impedissem o progresso do Evangelho.
Paulo, conhecendo o objetivo do tumulto armado, deixou a cidade. Tinha medo? Não. Sua conduta em Listra refuta esta ideia. Paulo não tinha nenhuma paixão mórbida pela perseguição. O cristão pode ter cuidado e cautela juntamente com sua coragem. É a vontade de Deus que lhe distingue nas escolhas quanto o momento de avançar ou escolher outra direção.
Revelados como Benfeitores (At 14.6-10)
Deus concedeu oportunidade ao apóstolo de ser ouvido e romper as barreiras da superstição em terras pagãs. Para isto permitiu que “os sinais do apostolado... sinais, prodígios e maravilhas” (2 Co 12.12) acompanhassem a atuação de Paulo (ver At 19.11; Rm 15.18,19; cf. Mc 16.17-20; Hb 2.3,4). Paulo ficou pouco tempo em Listra. Logo Deus operou um milagre convencendo o povo de lá sobre a presença do poder divino com os visitantes. Consideremos a pessoa em favor de quem foi operada o milagre de cura. Ele era:
1. Homem sincero e digno de dó. Era “leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado”. O escritor inspirado, fez uma tríplice descrição, mostrando que o homem estava além de qualquer socorro humano. Por certo, havia muita gente ao redor de Paulo enquanto pregava. Sua atenção, no entanto, se concentrou neste triste caso. Este olhar penetrante e simpático é típico do verdadeiro Cristianismo que atende pecadores, doentes e pobres. Um cientista poderia ter descrito os aspectos técnicos do caso incurável. Um moralista poderia ter se referido aos horrorosos vícios dos pais que causaram um nascimento tão desregrado. E o homem do mundo, na sua busca de prazeres, teria achado revoltante ver na calçada um corpo tão deformado. Paulo, o cristão, olhou-o com simpatia. Viu nele alguém que Cristo podia salvar e curar.
2. Homem que recebeu um grande privilégio. “Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés”. Como aquele pagão possuía fé para receber a cura? A resposta está nas próprias palavras de Paulo: “A fé é pelo ouvir, ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Existe o dom da fé (1 Co 12.9). Neste caso o cristão recebe, de modo milagroso, fé sobrenatural para uma grande obra. Porém, o modo normal de desenvolver nossa fé é alimentar-nos das promessas de Deus. A fé é uma qualidade invisível. Então, por meio de que dom espiritual Paulo conseguiu ver a fé deste homem? Ver 1 Co 12.10.
3. Homem distinguido por ricas misericórdias. “E ele saltou e andou”. Emocionado com a chegada do poder divino em sua vida, colocou-se em pé de um só pulo. Imaginemos os movimentos e o júbilo estático deste homem. Pela primeira vez em sua vida era capaz de andar! Por certo, veio a ser cristão, um entre aqueles que rodeavam Paulo depois do apedrejamento (v. 20).
Adorados como Deuses (At 14.11-18)
A multidão ficou desenfreadamente entusiasmada. Não se informaram quanto à origem do grande milagre. Interpretaram o acontecimento dentro de suas próprias categorias pagãs. Erraram em três pontos:
1. Quanto à conclusão. “E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língualicaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós”. O incidente pode ter lembrado os habitantes de uma antiga fábula da região. Segundo a fábula, Baucis e Filemon, casal de velhos, viviam numa choupana em pobreza total. Então, Júpiter e Mercúrio, deuses da mitologia grega, passavam disfarçados pela Ásia Menor. O casal ofereceu aos visitantes a proteção do seu teto. Os habitantes mais ricos não se importaram com os estranhos. Em sinal de agradecimento, as “divindades” transformaram a choupana em rico templo. O casal servia como sacerdotes. Enquanto isso, uma inundação arrasou as casas dos que não demonstraram generosidade.
2. Quanto à identificação. V. 12. Barnabé, de aparência digna e venerável, fez os habitantes de Listrapensarem que fosse Júpiter, pai dos deuses, segundo a mitologia. E Paulo, com sua maior eloquência, ganhou o título de Mercúrio, deus da eloquência. A situação era perigosa para os apóstolos! Bons pregadores têm sido estragados pela quase “adoração” dos bem intencionados mas sem sabedoria espiritual.
3. Prestaram o culto errado. Talvez o sacerdote local compartilhasse da crença e entusiasmo do povo. Ou, pensava na fortuna certa. Afinal, logo que a notícia sobre a visita dos “deuses” ao santuário se espalhasse, muitos acorreriam para lá com suas ofertas. Seja como for, o sacerdote concordou com as exigências populares (uma fraqueza comum de sacerdócios, ver Êx. 32.1-5) preparando sacrifícios para oferecer aos supostos “deuses”.
Os apóstolos, ao saberem disto, irromperam em horror à idolatria. E de forma mais aguda ao serem transformados em objeto de adoração pagã. Aguentavam com paciência a oposição e ameaças dos pagãos por onde quer que passassem. Mas este ato de superstição pagã os chocou profundamente. É como se dissessem: “Podem nos perseguir com zombarias e açoites, e suportaremos tudo - mas não procurem nos fazer de divindades”. Contrastar com At 12.20-23.
Paulo e Barnabé, com verdadeira humildade, não toleraram os olhares do povo se dirigindo ao pregador e não a Cristo. Ver At 10.25,26; 3.11,12.
Apedrejados como Malfeitores (At 14.19-21)
Os judeus da Antioquia e Icônio vieram falar mal dos apóstolos. Então, os habitantes de Listra pareciam arrependidos do erro cometido. A mesma multidão que ia prestar honras divinas aos apóstolos, agora, procurava enterrar Paulo sob chuva de pedras. Será que Paulo, durante aqueles momentos, se lembrava da cena registrada em Atos 7.57-60?
O apedrejamento de Paulo nos sugere algumas lições:
1. A inconstância da natureza humana. Os apedrejadores de Paulo eram os mesmos que queriam adorá-lo pela cura do aleijado. Certo dia, as multidões de Jerusalém gritavam “Hosana!” diante de Jesus. Poucos dias mais tarde estavam clamando: “Crucifica-o!” Quando Napoleão marchava pela Suíça, foi aclamado com tanto entusiasmo que seu amigo Bourienne disse: “Deve ser uma alegria ser saudado com tantas expressões de admiração entusiasta!” Napoleão, porém, respondeu: “Isto é o de menos. A mesma turba inconsequente poderá, mediante uma pequena mudança de circunstâncias, ter igual prazer em aplaudir meu enforcamento!”
2. O preço da fidelidade. O povo de Listra foi persuadido facilmente a apedrejar Paulo. Talvez isso não ocorresse caso Paulo não fosse zeloso e fiel, impedindo o culto que lhe seria prestado. Nossa lealdade a princípios religiosos por vezes nos custa algum sacrifício. A veracidade da nossa fé é comprovada quando nos dispomos a abrir mão de vantagens para sermos fiéis.
3. A graça de Deus. Deus respondeu às orações dos fiéis, restaurando Paulo de tal maneira que pôde levantar e continuar a obra (v. 20; 2 Tm 3.10,11).
4. A coragem de Paulo. Paulo, ao invés de fugir da cidade, deliberadamente voltou. Por quê? Sua obra ali não estava completa. Por certo haveria uma longa noite de instruções finais. Depois avançaria para a cidade seguinte. Quando Paulo estava a caminho do sagrado dever, nenhuma ameaça o detinha. Ver At 20.22-24; 21.10-14.
Ensinamentos Práticos
1. Perturbações inevitáveis. “Entraram juntos na sinagoga dos judeus... E dividiu-se a multidão da cidade...” Enquanto Paulo e seus companheiros cumpriam o ritual tradicional da sinagoga, tudo ia bem. Mas ao pregar a Cristo, produzindo-se conversões, a paz da sinagoga se perturbava e o povo da cidade ficava dividido.
Paulo não chegou à cidade com a intenção de perturbar a sinagoga ou causar separação. Porém, muitas vezes, estas são consequências inevitáveis de se anunciar corajosamente a verdade. Foi a isso que Jesus se referiu quando disse: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34).
Por que o mensageiro zeloso provoca oposição? Porque ninguém quer ser perturbado quanto à sua maneira de viver. O mundo odeia os que demonstram um padrão de piedade melhor do que o seguido. Quem deseja trazer benefícios ao mundo deve abrir mão da popularidade e boa reputação. Cem violinos tocando em tom discordante, e um bem afinado, só demonstraria como é desagradável o barulho discordante. Os cem violinistas inferiores, porém, ficariam zangados. Achariam que o maestro estava estragando tudo. Para a maioria, o erro praticado por muitos acaba sendo certo. Alguns servos de Deus têm sido acusados de transtornar o mundo. Na realidade desejam colocar o mundo na situação certa.
2. Adorando o sucesso. A tentativa em Listra de cultuar Paulo e Barnabé demonstra a tendência humana de adorar os heróis (Segundo Bial, os “heróis” do BBB). Qualquer coisa que aparenta sucesso ganha o tributo do mundo. Grandes generais, inventores ou pensadores muitas vezes são alvos de homenagens exageradas, que nenhum ser humano deve aceitar. Nem o pregador está isento disso. Pode ter muitos críticos, mas sempre terá um grupo de amigos. Para estes, ele é o homem mais importante da cidade. Por mais fraco que seja, o sermão inspirará e ajudará algum ouvinte que vai agradecer ao pregador.
Um velho pregador disse: “Ninguém recebe mais elogios do que o pastor”. Esta doçura é perigosa. Embora os elogios possam encorajar a alguns, estragam a outros, que ficam orgulhosos, intolerantes e intoleráveis. Esta tentação ameaça qualquer obreiro que ocupe uma posição de destaque na igreja.
Certa vez, Mussolini perguntou a um químico francês qual o gás mais perigoso. O perito respondeu: “Incenso” (louvor). Foi uma resposta sábia! Certo evangelista conhecido falou da “desvantagem da fama”. Sabia que as notícias de uma campanha evangelística bem sucedida lhe trariam muitos elogios. No entanto, qualquer revés despertaria um coro de críticas. Os mesmos que desejaram adorar a Paulo acabaram apedrejando-o, deixando-o como morto.
Por outro lado, não devemos sonegar encorajamento aos obreiros. Pregadores desanimados têm se dedicado à obra com renovado vigor ao receber palavras de sincera e honesta apreciação cristã.
3. O clamor dos pagãos e a resposta do Evangelho. “Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós”. Expressões de ignorância supersticiosa. Mas, ao mesmo tempo, a revelação da fome que durante toda a história do mundo jaz no fundo dos corações. Em todas as nações e civilizações, existem antigas histórias sobre o aparecimento de deuses em forma humana. E por quê? Porque o ser humano, em geral, tem acalentado instintivamente a esperança do Criador aparecer na terra para ensiná-lo e ajudá-lo. Em torno destas esperanças têm sido tecidas as fantásticas histórias da mitologia na índia e outras civilizações. O povo tem fome de histórias sobre visitas de deuses à terra. E os sacerdotes têm suprido a demanda. O ser humano sempre ansiou pela presença de alguém sobre quem possa descansar sua alma. Esta fome da alma não é menos real que a do recém-nascido.
O clamor do mundo pagão sempre foi: “Oxalá os deuses baixassem até nós em forma de homens”. A resposta a este desejo foi dada quando “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós... Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Jo 1.14; Fp 2.6,7).
Aquele que criou os mundos, veio do Céu para a terra a fim de revelar, redimir e regenerar.
4. Heroísmo missionário. Houve dias de forte sentimento ante estrangeiro na China. Nesse período, o capitão de um vapor subia e descia o rio Iangtzé. Certa vez, Ele parou e recebeu a bordo alguns missionários, cobertos de lama que lhes havia jogado um grupo de perseguidores. Observou a condição humilhante das moças entre o grupo. Com linguagem profana, disse não entender por que os missionários não deixavam aqueles pagãos irem para o inferno, se assim preferiam? Por certo era a atitude de muitos oficiais romanos da Ásia Menor, vendo os humilhantes maus tratos sofridos por Paulo.
É assim que o mundo considera as coisas. Jesus Cristo, porém, veio ao mundo oferecer um padrão bem diferente. Apesar do cruel apedrejamento, Paulo voltou para a cidade e continuou sua obra entre os pagãos. Aqueles missionários continuaram a sofrer muitas coisas lá na China. Até merecerem o respeito e a admiração de muitos chineses.
Temístocles, general ateniense, propôs um meio de ação num concilio de guerra. O comandante-chefe espartano ficou tão zangado, que levantou sua bengala em atitude ameaçadora. “Pode ferir”, disse o nobre ateniense, “mas o importante é escutar minha estratégia!” Esta é a atitude de qualquer pessoa que está proclamando a verdade, especialmente os missionários da cruz.
Bibliografia M. Pearlman