A Comunhão do Espírito na Oração
Estudo biblico n.4
O Espírito Santo não faz nada de si mesmo, nem faz coisa alguma por si mesmo. Sua missão é glorificar a Cristo, e tudo que faz se baseia na obra consumada de Cristo. Ele não pôde ser dado até que Jesus fosse glorificado, e na experiência pessoal não pode haver um Pentecoste até que haja uma Coroação. O Espírito é o presente de Coroação de Jesus, a quem o Pai tornou tanto Senhor como Cristo.
A comunhão do Espírito na oração se torna possível por uma experiência em Cristo. A seqüência está no capítulo 8 de Romanos (v. 9 a 27). Aqueles que oram no Espírito precisam estar no Espírito, e se o Espírito de Deus vai fazer intercessão por nós, é necessário que ele habite em nós. Se vivermos segundo a carne, morreremos, mas se formos guiados pelo Espírito e não andarmos segundo a carne, mas segundo o Espírito, então o Espírito habita em nós, vive através de nós, e trabalha através de nós.
Então acontece o que está escrito: ‘Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26-27).
O Espírito Santo sonda as profundezas de Deus; toma as coisas de Cristo e as revela a nós. O Espírito conhece a mente de Deus; oramos no Espírito, instruídos e inspirados por ele, e ele intercede por nós com uma intercessão sem palavras. Esta é a explicação do Novo Testamento sobre a oração que prevalece.
Embora eu não soubesse disso até alguns anos depois, foi exatamente o que me aconteceu quando Deus me deu uma nova compreensão, uma nova alegria, e um novo poder na oração. Uma nova Pessoa entrou num novo templo, e estabeleceu um novo altar. Assim vivo, mas não eu; assim oro, entretanto não eu. Oro no Espírito, e o próprio Espírito também faz intercessão. O Espírito no meu espírito ora.
O Espírito Ajuda nas Nossas Fraquezas
O Espírito instrui e inspira toda verdadeira oração. Não há palavra mais verdadeira do que esta: “porque não sabemos orar como convém”. Não existe uma esfera em que chegamos tão rápido ao fim do nosso conhecimento quanto na oração. Nossos pedidos insistem em necessidades que são imediatas, óbvias e urgentes. Não conseguimos ver com suficiente profundidade, nem a uma suficiente distância, para saber qual é nossa verdadeira necessidade.
A maioria das pessoas quer boa saúde, conforto em casa, condições satisfatórias, boas amizades, um pouco mais de dinheiro, e mais sucesso, mas quem sabe dizer se tudo isto seria realmente para seu bem? Deus vê com mais profundidade e a uma distância maior, e pode querer outras coisas. Quantas vezes pessoas que suplicaram com corações partidos para que Deus poupasse uma vida, mais tarde agradeceram ao Senhor por tê-la levado! Ele sabia o que estava pela frente, e a tirou do mal que estava porvir.
O Espírito Santo conhece a mente de Cristo e a vontade de Deus, e ensina-nos como orar e o que orar. Se alguém falta sabedoria, que peça de Deus, e receberá dele mais do que sabedoria; Deus lhe dará o Espírito de sabedoria para instruir, fortalecer e guiar.
O Espírito Santo cria as condições da oração. Podemos pedir mal, não só no que pedimos, mas também no motivo dos nossos pedidos. Ele santifica o desejo e direciona-o para a vontade de Deus, de modo que desejemos aquilo que Deus quer dar. É desta forma que, ao nos deleitarmos no Senhor, podemos ter certeza que nos dará os desejos do nosso coração. Queremos aquilo que ele deseja. O Espírito exprime as coisas indizíveis da alma. Seus gemidos antecedem nossas orações, e as orações são geradas pela sua angústia. Nele está a fonte de vida e desejo, sabedoria e fé, intercessão e poder. Ele desperta o desejo, purifica a motivação, inspira a confiança, e assegura a fé.
A Oração do Espírito
Este é o significado mais profundo da oração. É mais do que pedir, é comunhão, intercâmbio, cooperação, identificação com Deus Pai e Deus Filho pelo Espírito Santo. Oração envolve mais do que palavras, pois é mais poderosa quando fica sem palavras. É mais do que pedir, pois alcança sua maior glória quando adora e não pede por coisa alguma.
Quando uma criança entrou no escritório do pai, e aproximou-se dele na sua mesa, o pai virou e perguntou: “O que você quer, filhinho?”
O garotinho respondeu: “Nada, papai, eu só queria estar com você.”
Este mistério do Espírito é a chave aos outros mistérios. O segredo do Senhor se manifesta àqueles que oram na comunhão do Espírito. Existem estágios de oração. Num estágio, oramos e pedimos que ele nos ajude. Há um outro estágio muito mais maravilhoso em que ele ora e nós concordamos, e fazemos da sua oração a nossa. Ele intercede dentro do templo dos nossos corações, e nosso Senhor vive para sempre para interceder por nós à destra do Pai.
O Espírito dentro do nosso espírito ora, operando em nós para desejar e para realizar a vontade e o agrado do nosso Pai que está nos céus. É Deus o Espírito representando Deus Pai e Deus Filho, e os três são um só Deus. Ele é o poder que opera em nós. Ele é quem une os corações em oração, e faz dos mesmos uma união irresistível na intercessão.
A certeza da oração respondida vem dele, e é ele que torna a oração a força mais poderosa em todo o universo de Deus. O segredo de tudo isso está nele. O poder de tudo isso é por ele. A alegria de tudo isso está com ele. A maior coisa que Deus já fez por mim foi ensinar-me a orar no Espírito.
Nunca somos de fato pessoas de oração no melhor sentido, até que sejamos cheios com o Espírito Santo. Por isto, Senhor, ensina-nos a orar no Espírito!
Orar certo é estar certo, agir certo e viver certo. Tudo que impede oração impede santidade. Quando tudo que nos impede de orar certo for removido, o caminho estará aberto para um rápido avanço na vida espiritual. Se pudéssemos contar, dia por dia, as orações que não alcançam resultado algum, que não beneficiam o homem, nem influenciam a Deus, ficaríamos pasmados ao ver os números.
Precisamos de homens e mulheres que possam alcançar a Deus e receber amplamente das suas reservas inesgotáveis. A igreja é profundamente afetada pelo materialismo da sua época. Os interesses da terra excluem os do céu, o tempo eclipsa a eternidade, um ousado e ilusório humanitarismo destrói a adoração, e a compreensão essencial de Deus é deturpada.
Homens e mulheres que saibam orar, e que possam projetar Deus e suas divinas instituições na terra com eficiência redentora, são nossa única saída. A igreja poderá caminhar com triunfo às suas conquistas finais sem possuir riqueza, tendo que enfrentar pobreza ou desprezo, ou sendo desacreditada pelo mundo e rejeitada pela cultura e sociedade; mas sem homens e mulheres que saibam orar, não conseguirá derrotar nem o inimigo mais frágil, nem ganhar um único troféu para seu Senhor.
Pode fechar seus redutos de aprendizagem, seus oradores eloqüentes podem ser silenciados para sempre, mas suas orações serão ainda mais potentes do que seu conhecimento ou eloqüência, e lhe assegurarão as mais gloriosas conquistas. Ela pode perder tudo, menos a oração da fé, e isto lhe será mais poderosa do que a vara de Arão para criar agências ou ministérios eficazes e gerar resultados tremendos. Por trás de um ministério santo e cheio de zelo e paixão tem de haver oração que prevalece, e que traga consigo um glorioso Pentecoste.
Pecado Impede Oração
“Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido” (Salmo 66.18). Os pecados do coração que não são rejeitados, ou que não estamos lutando para vencer, interrompem a oração. Oração não pode fluir do coração que nutre ou protege o pecado, que abriga pecado de qualquer espécie. O pensamento rebelde ou insensato é pecado; o olhar de cobiça ou lascívia do coração é pecado. Temos de clamar a Deus de um coração puro.
“Mãos santas” devem ser levantadas em oração. Uma mancha na mão é tão fatal para impedir a oração quanto o pecado no coração. A pessoa que ora precisa estar certa no seu coração, mas suas ações também precisam estar certas. Guardar os mandamentos de Deus e fazer o que lhe agrada nos dá segurança de que receberemos o que pedirmos dele. Pecados escondidos, ocultos por parcialidade ou por hábito, retidos por indulgência, contemporização, ou ignorância deliberada; estas coisas, como o lagarto no botão ou veneno no sangue, destruirão a flor e a vida da oração.
Orgulho Impede Oração
O orgulho em alguma forma é inerente a todos nós. Nenhuma criatura tem tantas razões para ser humilde quanto o homem; nenhuma, possivelmente, possui tantas fontes de orgulho. O orgulho destrói a humildade, gera vaidade, transfere fé em Deus para fé em si mesmo. Existe no orgulho tal senso de estar completo em si mesmo que destrói a base da oração. Sua sensação constante é: “Estou cheio e não preciso de mais nada”.
O orgulhoso ora, talvez até regularmente, mas é oração de fariseu, um desfile do ego, um catálogo de bondade própria. O orgulho se esconde sob o disfarce de gratidão a Deus, louvando a Deus usando incenso do altar do ego. O orgulho se manifesta no desfile das nossas obras religiosas, na exibição de realizações, sejam religiosas ou não.
A oração precisa nascer lá de baixo. O orgulho procura os lugares mais altos, e nunca pode ser encontrado nos lugares humildes onde a oração é incubada. As asas da oração devem ser cobertas de pó. O orgulho despreza o pó da humildade, e cobre suas asas com o brilho e ouro do ego. O vazio da vaidade, o egoísmo de pensamentos centrados em si mesmo e de conversas que exaltam a própria pessoa são todos empecilhos à oração, porque declaram a presença do orgulho. Deus, de acordo com o apóstolo, resiste ao orgulho, e dispõe todos seus exércitos contra ele.
Um Espírito Que Não Perdoa
Nutrir um espírito que não perdoa impede à oração. Vingança, retaliação, um espírito inclemente, a ausência de tolerância, a falta de um espírito de misericórdia plena e total para com todos que tiverem de qualquer forma ou em qualquer medida nos prejudicado, impede a oração. Não avançaremos um centímetro enquanto não reconhecermos estes sentimentos e não pudermos declarar com sinceridade: “Perdoa-me, Deus, da mesma forma como perdôo aos outros”. Quando deixamos de aplicar misericórdia a todos os males que já foram praticados contra nós, estamos automaticamente condenando nossa capacidade de orar.
Podemos orar com ira no nosso coração, mas este tipo de oração torna-se pecado. Todos estão sujeitos diariamente a serem feridos naquelas áreas onde são mais sensíveis. Porém, ter uma atitude de vingança ou desafeto para com a pessoa que causou tal ferida, congela a capacidade de orar. O espírito de perdão é como o espírito do evangelho, e este espírito precisa reinar no coração antes que a verdadeira oração possa proceder dos lábios.
Discórdia no Lar
A vida no lar, sua paz e união, afeta a oração. Discórdia no lar impede a oração. O apóstolo exorta às esposas e aos maridos para viverem no mais puro amor e mais doce união, para que suas orações não sejam impedidas. Confusão numa fonte de águas quebra a serenidade da superfície, e o fluir calmo e pacífico da corrente. Uma discórdia familiar quebra e separa todos os fios trançados que formam a oração.
Um Espírito Mundano
Um espírito mundano impede a oração. O mundo tem um efeito mais negativo sobre a oração do que todas as águas poluídas e infestadas de um brejo teriam sobre a saúde. Obscurece a visão para cima, anula os impulsos espirituais, e corta as asas das aspirações. “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tiago 4.3).
Nossas cobiças, como remanescente da mente carnal que ainda permanece em nós, são o elo que nos prende ao mundo. São a cidadela, ou as fortalezas de fronteira, das quais nosso inimigo, o mundo, ainda não foi expulso. Oramos, mas não recebemos porque o mundo dentro de nós corromperia todas as respostas.
Um coração puro, ou alguém que anseie pela pureza, é o único que pode ser confiado com respostas à oração. Enquanto nossas cobiças têm permissão para ficar, contaminam nosso alimento espiritual. Inspiram e tingem todas nossas orações com desejos mundanos. Para alcançar a Deus e receber algo dele, é absolutamente imprescindível que se esteja morto para o mundo. Se quisermos que Deus abra seus ouvidos para nós, precisamos ter nossos ouvidos fechados para o mundo.
Um coração impregnado, ou contaminado por mínimo que seja com o mundo, não conseguirá subir em direção a Deus assim como uma águia com asas quebradas não consegue subir em direção ao sol. O homem que Tiago descreve como uma onda do mar, impelido e agitado pelo vento (Tg 1.6), é o homem de espírito mundano, cujas energias espirituais e decisões são quebradas pelas influências e infusões do mundo. Ele tem ânimo dobre, metade para Deus e metade para o mundo, ora para o céu, ora para a terra. “Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa” (Tiago 1.7).
Falta de santidade, impaciência, ou qualquer outro espírito, pensamento, sentimento ou ação que não esteja em harmonia com o Espírito de Deus, impedirá a oração. Uma fé perturbada por dúvidas, ou que desfalece por cansaço ou fraqueza, não alcançará resultados na oração. Os elementos que enfraquecem os nervos e músculos espirituais para as grandes lutas impedirão a oração.
Precisamos de homens e mulheres que vivam onde todos os empecilhos à oração foram removidos – pessoas cuja visão espiritual foi inteiramente purificada de névoas, nuvens e escuridão, guerreiros que tem carta branca de Deus e nervos espirituais firmes para usar esta carta a fim de suprir cada necessidade espiritual.
David Wilkerson
Em Marcos 7, vemos Jesus realizando um grande milagre. Toda a cena dramática ocorre em apenas cinco versículos:
“De novo, se retirou das terras de Tiro e foi por Sidom até ao mar da Galiléia, através do território de Decápolis. Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, tirando-o da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva; depois, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente” (Mc 7.31-35).
Imagine a cena. Quando Jesus chegou aos termos de Decápolis, encontrou um homem que estava ao mesmo tempo surdo e gago. O homem conseguia falar, mas suas palavras não eram compreensíveis. Cristo tomou o homem à parte, separado da multidão. Ali diante daquele homem, Jesus colocou seus dedos nos próprios ouvidos. Depois cuspiu, e tocou em sua própria língua. E falou duas palavras: “Abre-te”. No mesmo instante, o homem conseguiu ouvir e falar claramente.
Logo antes desta cena, Jesus havia libertado a filha endemoninhada de uma mulher. Através de meramente falar uma palavra, ele expulsou o espírito maligno da moça. Pergunto: Por que estes dois milagres estão registrados nas Escrituras? Foram incluídos como apenas mais duas cenas da vida do Senhor na terra?
A vasta maioria dos cristãos acredita que tais histórias foram preservadas nas Escrituras porque nos revelam muitas coisas. Seu propósito é revelar o poder de Deus sobre Satanás e a doença. São uma prova da divindade de Jesus, para estabelecer o fato de que ele era Deus em carne. E têm a finalidade de encorajar nossa fé, e mostrar-nos que Deus pode operar milagres.
Eu acredito que estas histórias foram registradas por todos estes motivos, e muito mais. Jesus nos diz que cada palavra que proferiu veio do Pai. Ele não dizia nem fazia algo por conta própria, mas pela orientação do Pai. Além disso, cada evento da vida de Jesus contém uma lição para nós, sobre quem “os fins dos séculos têm chegado” (1 Co 10.11).
O milagre em Marcos 7 não é só sobre a cura de um homem que viveu há muitos séculos. Como cada evento registrado na vida de Jesus, isto tem um significado muito especial para nós hoje. E, como a parábola de Jesus sobre o tesouro escondido no campo, a nossa tarefa é cavar até encontrar este significado.
Quem é o Homem Surdo?
Por algum tempo agora, tenho ficado perplexo sobre a presente geração de jovens. Tenho algumas perguntas sobre eles que ardem dentro de mim, e me deixam confuso. Mas creio que esta história milagrosa contém uma revelação que responde a muitas destas perguntas.
Primeiro quero perguntar sobre quem era este homem que levaram a Jesus: “um surdo e gago” (Mc 7.32). Não sabemos o seu nome. Mas creio que sabemos quem ele representa para nós hoje. Ele é um exemplo daqueles que “têm ouvidos e não ouvem” (Sl 115.6). Evidentemente, este versículo refere-se a uma condição espiritual. Descreve um estado de surdez espiritual, uma incapacidade de ouvir e compreender a verdade de Deus.
Estou profundamente impressionado que este homem surdo e gago é como a maioria dos jovens hoje. Creio que isto se aplica especialmente àqueles que vieram de lares cristãos. Muitos simplesmente não parecem ter a capacidade de ouvir e assimilar a Palavra de Deus.
Estou falando sobre bons garotos: respeitosos, obedientes, não farristas ou rebeldes. Não estão envolvidos em drogas, bebida, sexo ou imoralidade. Mas são extremamente passivos em relação a Deus. Em todos os meus anos de ministério, nunca vi tanta ausência de envolvimento com as coisas de Deus como nesta geração.
Tenho encontrado com estes jovens espiritualmente surdos em muitos lugares do mundo. E durante anos tenho perguntado por que tantos bons jovens, especialmente aqueles que foram criados por amorosos pais cristãos, podem ficar tão passivos em relação a Jesus. Ouvem mensagens ungidas, receberam um evangelho de amor, mas ainda não são responsivos.
Tenho ficado muito angustiado por ver esta condição em alguns dos meus próprios netos. Eles têm ouvido meus sermões, ouviram-me pregar com lágrimas nos olhos e autoridade no Espírito. Mas não demonstram qualquer reação visível. Às vezes penso: “Talvez hoje é o dia que o Espírito Santo pode derreter aquela mornidão, aquela passividade. Talvez verei uma lágrima para dar uma evidência de que Deus está tocando neste jovem coração.”
Fico me perguntando: “Será que são inteiramente surdos? Ou será que rejeitaram a Deus? Fecharam seus próprios ouvidos para não conseguirem ouvir?” Luto com estes pensamentos, porque sei que são bons garotos, que não rejeitaram Jesus. Mas simplesmente não têm paixão. E Cristo mesmo adverte que boas pessoas acabarão no inferno, se ficarem mornos (ver Ap 3.16).
Vejo a mesma condição em muitos maridos cristãos. São homens bons, maridos fiéis, pais amorosos, provedores responsáveis. Quando vêm para a igreja com suas esposas, eu sei que elas estão orando: “Talvez hoje Deus tocará no coração do meu marido”. Mas no fim, ele apenas dá um sorriso e diz: “Gostei do culto hoje. Voltarei com você algum outro dia”. Estes homens não rejeitaram a Jesus. Não são ímpios, sensuais ou imorais. Mas se continuarem numa posição de apenas admirar a Jesus, estarão perdidos.
Tenho vários amigos que são assim também. Gostam muito de mim, e fariam qualquer coisa por mim. De vez em quando, vêm à Igreja Times Square e sempre elogiam minhas pregações. Mas a Palavra de Deus nunca os alcança, nunca faz efeito. Eles conseguem falar sobre a morte de Cristo, seu sepultamento e ressurreição, porque já ouviram pregações sobre isto vez após vez. Mas são passivos. Saem da presença de Deus da mesma forma como entraram: sem transformação.
Estou dizendo: todos estes têm ouvidos, no entanto não ouvem. São espiritualmente surdos.
Como Abrir os Ouvidos do Surdo?
A única esperança do homem surdo e gago era chegar a Jesus. Precisava de um encontro pessoal com ele.
Quero destacar que este homem não era como aqueles que Paulo descreve: “como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade” (2 Tm 4.3,4). Ele também não tinha “espírito de entorpecimento… ouvidos para não ouvir” (Rm 11.8). Não era como aqueles que foram descritos em Atos 28.27: “com os ouvidos ouviram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos”. E também não era como os que estavam presentes no apedrejamento de Estêvão, pessoas que “taparam os ouvidos” (At 7.57).
O fato é que este homem queria ouvir. Ele queria desesperadamente ser curado. Entretanto, lemos no texto que “lhe trouxeram um surdo e gago” (Mc 7.32, ênfase acrescentada). Este homem não chegou a Jesus por conta própria. Foi preciso ser levado a ele. Sem dúvida, deve ter ouvido falar sobre Jesus, e sobre o seu poder de curar. Além disso, este homem sabia como se comunicar, através de gestos ou escrevendo. E conseguia andar por aí sozinho. Mesmo assim, nunca fez o esforço de chegar a Jesus por si mesmo. “Eles” o trouxeram.
Quem eram “eles” neste versículo? Só posso especular: podem ter sido os familiares do homem, ou seus amigos, pessoas que se importavam suficiente para levá-lo a Jesus. Creio que esta cena tem tanto a ver com a situação dos nossos jovens hoje. Eles não vão a Jesus por conta própria. É preciso que sejam levados por seus pais, seus amigos, pessoas da família da fé. Como os pais do surdo, nós também precisamos levar nossos filhos e queridos a Cristo. “Como?”, você pergunta. Através de oração confiante e diária.
Pense sobre isto. Suponha que foram os pais do homem surdo que o levaram a Jesus. Eles sabiam o quanto seu filho precisava de um encontro pessoal. Afinal, não podiam suplicar ao filho para ouvir. Seria tolice insistir com ele, ou ficar bravo. E seria cruel fazê-lo sentir-se condenado por não conseguir expressar claramente os pensamentos do coração.
No entanto, muitos pais cristãos, incluindo a mim mesmo, conseguem ser muito cruéis com seus próprios filhos exatamente desta forma. Como? Ficamos aborrecidos com eles porque não conseguem nos dizer por que ainda não vieram a Jesus. Não compreendemos por que não puderam colocar em palavras o clamor do seu coração. A verdade é que são espiritualmente gagos.
Não posso nem começar a imaginar como o mundo está afetando esta geração atual. Os jovens hoje têm suportado mais do que qualquer geração anterior. Experimentaram o terror do dia 11 de setembro de 2001. Viram chacinas em escolas. Ouviram de escândalos sexuais na presidência do país. Viram evangelistas conhecidos sendo expostos como pecadores pervertidos. E agora estão acompanhando presidentes e diretores de grandes empresas sendo flagrados por terem trapaceado para satisfazer sua ganância egoísta. Devemos nos admirar porque estão confusos sobre quem Deus é e onde ele está nas suas vidas?
De fato, não importa como nossos filhos chegaram a esta condição. É inútil tentar descobrir por que estão tão surdos à Palavra de Deus, tão incapazes de expressar o clamor do seu coração. Afinal, a Escritura não nos diz como este homem chegou a esta condição. Nenhuma palavra menciona se nasceu assim, ou se aconteceu depois. Isto simplesmente não importa. Da mesma forma, não há propósito algum para os pais cristãos investigarem o que podem ter dito ou feito de maneira errada na criação de seus filhos. Não devemos ficar olhando para o passado, fazendo suposições, levantando culpas.
A verdade é que nenhum pai, parente ou amigo íntimo pode levar uma criança surda a ouvir através de aconselhamento. Você não pode fazer um gago falar claramente, simplesmente por amá-lo. Não vai funcionar. E não há um pastor, conselheiro, ou líder de jovens que pode convencer o jovem a ouvir a verdade. Isto não acontece pelo amor, por condenação, ou aconselhamento. Eles simplesmente são surdos.
Só há uma cura, uma esperança, para nossos filhos e queridos poderem ouvir a verdade. E isto é um encontro pessoal com o próprio Jesus. “E lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele” (Mc 7.32).
A palavra no grego que foi traduzida “suplicaram”, aqui significa implorar, clamar. Estes pais imploraram a Jesus: “Por favor, Senhor, toca o nosso filho. Coloca tua mão sobre ele.”
Longe da Multidão
“Jesus, tirando-o da multidão, à parte…” (Mc 7.33). Jesus sabia imediatamente o que este homem surdo queria. Ele ansiava pelo seu próprio toque pessoal, sua própria experiência. Não dava para se contentar com algo que “eles” tinham encontrado. Tinha de ser real para ele. Ele queria que Jesus abrisse seus ouvidos e soltasse sua língua. E tinha de acontecer entre ele e Jesus.
Você pode estar dizendo: “Você não compreende. Eu vi meu filho entregar seu coração a Jesus há alguns anos. Ele ajoelhou-se diante do Senhor e orou. Depois disso, afastou-se, mas já voltou correndo para Jesus arrependido. Ainda é um moço correto, moral e bondoso, mas agora ficou morno. Parece não se importar sobre as coisas de Deus. O que aconteceu? Por que não se entrega completamente? O que o impede de se comprometer por completo?”
A resposta é que ele ainda não teve seu próprio encontro com Jesus. Ele veio baseado na experiência do pai, da mãe, ou do amigo. Entregou sua vida por causa da insistência de outra pessoa. Ou, talvez, ouviu uma mensagem tão forte sobre o inferno que ficou com medo e correu para Jesus.
Há inúmeras razões por que a experiência não durou para seu filho. O que quero dizer é que ele não encontrou Jesus, por si próprio. Pode ser que conheça algo da verdade por observar Cristo na vida dos outros. Mas não experimentou Jesus de forma pessoal. Ainda não foi tirado da multidão, e levado à parte, para receber seu próprio toque individual. A revelação precisa vir quando ele está sozinho com o Senhor.
Se você já serviu a Deus durante muitos anos, quero perguntar-lhe: Não é fato que você pode voltar ao passado e lembrar do dia ou do momento quando teve seu encontro sobrenatural com Jesus? Ele o tocou, e você sabia disso. Não foi uma experiência que recebeu por causa de outra pessoa. Não foi implantado em sua vida porque ouviu alguém pregar sobre isso. Você experimentou Jesus, por si mesmo. É por isto que está confiante no que tem com ele.
Jesus sabia que o homem surdo precisava deste tipo de encontro. Por isto comunicou-se com ele na sua própria linguagem: a linguagem dos sinais. “Pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva” (Mc 7.33). Vejo Jesus colocando seus dedos nos próprios ouvidos, apontando e fazendo sinais com a boca. “Vou abrir seus ouvidos.” Depois colocou a língua para fora, tocou nela e cuspiu (provavelmente porque o gago não conseguia cuspir). Estava querendo mostrar: “Vou soltar os laços que amarram sua língua. E você será como todos os outros homens”.
Você consegue imaginar o que passava pela mente deste homem surdo? Ele deve ter pensado: “Ele está falando a minha linguagem. Ele não está pedindo que eu o compreenda. Ele quer mostrar que me compreende! E levou-me à parte para não me envergonhar. Ele sabe como sou acanhado, e não quer fazer uma demonstração pública.
“Ele não está me questionando, nem me acusando. Sabe exatamente o que tenho passado. Sabe que não o rejeitei. Sabe que quero ouvir sua voz, e falar com ele. Sabe que meu coração deseja louvá-lo. Mas não posso fazer nenhuma dessas coisas, se não receber seu toque sobrenatural. Ele deve saber que é isso que quero.”
Nosso Salvador demonstra o mesmo tipo de compaixão aos nossos parentes ou amigos não convertidos. Ele não fará espetáculo público para envergonhar ninguém. Pense de como foi paciente e compassivo para com Saulo de Tarso. Este homem bem conhecido teria um encontro sobrenatural com Jesus. Isto poderia lhe ter acontecido em qualquer momento ou lugar. Jesus poderia tê-lo derrubado enquanto Estêvão estava sendo apedrejado, diante das multidões. Poderia ter feito da conversão de Saulo um exemplo público. Mas não o fez.
Ao invés disso, Jesus esperou que Saulo ficasse praticamente sozinho no deserto, montado no seu cavalo, “à parte da multidão”. Foi lá que Jesus chegou a Saulo, tocando-o sobrenaturalmente. E durante anos Saulo, que depois foi chamado Paulo, recontava a história daquele dia. Jesus lhe deu seu próprio toque sobrenatural, abrindo seus olhos cegos.
Você não precisa ir à frente numa igreja para ter um encontro com Jesus. A melhor obra dele é feita em segredo. É por isto que ele nos diz: “Quando você vai orar, vá para seu quarto, longe da multidão. Busque-me em particular, e o recompensarei em público”.
Por que Jesus Gemeu?
“Erguendo os olhos ao céu, suspirou” (Mc 7.34). A palavra “suspirar” aqui significa um gemido audível. Aparentemente, Jesus fez uma expressão de dor e um gemido saiu do seu coração. É claro que o homem não ouviu, porque era surdo. Mas por que este gemido?
Já li vários comentários sobre esta cena. Mas nenhum menciona nada a respeito do que o Espírito Santo está falando comigo através deste texto. Estou convencido que Jesus estava olhando para o céu e comunicando-se com o Pai. Estava chorando baixinho na sua alma sobre duas coisas. Primeiro, chorava sobre algo que só ele podia ver neste homem. E segundo, chorava sobre algo que vê ainda hoje, trancado nos corações de tantas pessoas, especialmente jovens.
O que Jesus viu, tanto naquele dia como hoje? O que ele estava ouvindo, tanto no coração do homem surdo, como no coração de tantas multidões hoje? ELE ESTAVA OUVINDO UM CLAMOR SEM VOZ. Era um clamor de coração, abafado, incapaz de ser expresso. Agora o próprio Jesus gemeu com um clamor que não podia ser expresso. Ele estava dando uma voz aos clamores de todos aqueles que não conseguem se fazer ouvir.
Pense das muitas noites em que este homem chorou até pegar no sono, porque ninguém o entendia. Nem mesmo sua mãe ou seu pai podiam compreender quando ele falava. Quantas vezes ele quis explicar o que estava sentindo, mas tudo que saía eram sons doídos, desajeitados.
Ele deve ter pensado: “Se eu só pudesse falar, pelo menos uma vez. Se minha língua fosse solta por um minuto. Se eu pudesse dizer para alguém o que se passa na minha alma, eu gritaria: ‘Não sou um idiota. Não estou debaixo de uma maldição. E não estou correndo de Deus. Só estou confuso. Tenho problemas, mas ninguém consegue me ouvir’.”
Entretanto, Jesus ouviu os pensamentos do coração deste homem frustrado. Ele compreende cada gemido interior que não consegue sair para fora. A Bíblia diz que nosso Senhor se comove com os sentimentos das nossas enfermidades. E ele sentiu a dor da surdez deste homem e da sua incapacidade de falar.
Creio que Jesus estava expressando a dor do Pai sobre cada clamor inaudível do coração. Era Deus em carne, gemendo sobre cada clamor de coração que não consegue achar uma voz: “O que está errado comigo? Eu não estou bravo com Deus. E sei que Jesus é real. Eu o amo e quero servi-lo. Mas estou confuso. Por que não consigo falar sobre tudo isso que está abafado no meu coração?”
Passividade Inexplicável
Tenho onze netos, e todos os dias oro por cada um deles. Nestes dias estou orando diligentemente por alguns em especial, levando-os a Jesus através da oração intercessória. São bons garotos, obedientes, e seus pais são amorosos. Todos confessam sua fé em Jesus, e seus corações são sensíveis. Porém, vejo passividade neles.
Recentemente, tenho procurado encontrar tempo para falar com cada um em particular. Falo com eles: “Estou orando por você. Seus pais estão orando por você também. Sabemos o quanto você ama ao Senhor, lá no íntimo do seu coração. Mas por que está tão passivo? Nunca vejo você falar sobre as coisas de Deus. Não sei se você lê sua Bíblia ou se ora. Por favor, fale comigo sobre o que se passa no seu coração. Há algo que o incomoda?”
A princípio, apenas dão com os ombros. Depois me dizem: “Vovô, não sei. Não estou bravo com Deus. Só fico confuso. Acho que não sei explicar.”
E aí fico perplexo. Tenho que perguntar para Deus. “O que está acontecendo? Ouço um clamor, um som meio confuso, um anseio. Mas não conseguem colocar em palavras. Parece que querem me dizer algo, mas não conseguem.”
Estou convencido que multidões de outros jovens estão na mesma condição. Se pudessem explicar seu clamor, seria mais ou menos assim: “Já vi tanta hipocrisia na igreja. Agora vejo também no mundo dos negócios, na escola, em todo lugar. Tenho problemas sentimentais, problemas com meus amigos. Tudo está acumulando em cima de mim. Mas não consigo falar com ninguém. Meus pais são abertos, mas parece que não consigo tirar para fora.”
Não ouvimos este clamor. Nenhum ser humano consegue ouvi-lo. Nem podemos esperar que o compreenderemos. Então o que devemos fazer? Sabemos que conversas íntimas não abrem ouvidos surdos. Creio que só temos uma opção.
Precisamos pedir a Jesus que lhes dê sua própria experiência. Temos de levá-los a Jesus, assim como os pais do homem surdo fizeram, para que recebam dele seu próprio toque pessoal. “… lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele” (Mc 7.32). Devemos orar: “Senhor, encontre-os sozinhos. Envia o teu Espírito Santo para despertar e conquistar seus corações. Revela-te a eles. Dá-lhes sua própria experiência.”
Há pouco tempo, um moço veio para frente durante uma reunião de oração. Ele estava abalado e estava chorando. Contou-me que era de outro estado, e que entrara ali no templo por acaso. Depois saiu, foi para um concerto, mas também não conseguiu ficar naquele evento. Agora estava de volta na igreja, e queria oração. Perguntei: “Seus pais são cristãos?” Ele respondeu: “Sim, estão sempre orando por mim”.
Pergunto a você: Foi apenas “por acaso” que este moço entrou naquela reunião? Claro que não. Ele estava tendo seu próprio encontro com Cristo. Ninguém o havia empurrado, nem insistido com ele. Entretanto, indiscutivelmente, foi atraído, foi puxado a Jesus. Como? Minha convicção é que foi por intermédio das orações de seus pais.
Como Orar Por Eles?
“Depois erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse: Efatá!, que quer dizer: Abre-te! Abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou o empecilho da língua, e falava desembaraçadamente” (Mc 7.34-35).
Jesus realizou um milagre em particular, só para este homem. E a primeira voz que o surdo ouviu foi a voz de Cristo. Certamente Jesus falou com ele, para provar-lhe que agora podia ouvir. Oh, como aquele homem deve ter conversado. Deve ter jorrado anos de sentimentos sufocados. Agora podia expressar aquele clamor interior que antes não tinha voz.
Imagino-o caindo nos braços do Senhor, chorando: “Jesus, você ouviu a voz do meu clamor” (veja Salmo 5.2). Considere a pungência e o poder do Salmo 5 para este homem curado: “Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz que clama, pois a ti é que imploro. De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração” (vv. 2,3). O amor que este homem tinha por Jesus agora era sua própria experiência. Ele tivera um encontro com o Senhor.
Amado, quando você orar por parentes ou pessoas queridas, lembre-se que Jesus geme por eles. Naquela ocasião em Marcos, ele não estava gemendo apenas por um homem em Decápolis. Estava chorando pelos clamores abafados no interior dos seus filhos, dos seus parentes não convertidos, e dos meus. Talvez você precise mudar a maneira como ora por eles. Ore para que o Espírito Santo vá atrás deles, conquistando e atraindo-os, despertando e sacudindo-os com um novo desejo por Jesus.
Ore assim: “Senhor, toma meu filho, meu parente, meu amigo. Leva-o para longe da multidão. Faze com que fique isolado, sozinho contigo. E dá-lhe o seu toque pessoal. Faze com que tenha um despertamento particular e pessoal. Que seja uma experiência profunda e sobrenatural contigo.”
Quero terminar com uma advertência. E você? Está espiritualmente surdo para a Palavra de Deus? Está impedido de falar, incapaz de falar com intimidade a respeito de Jesus? Então não tem desculpa. Você sabe como chegar a Jesus. E sabe que ele ouve o seu clamor. Ele está esperando que encontre um lugar sozinho com ele. Agora é a hora de chegar-se a ele, para que ele possa chegar-se a você (Tg 4.8).
Em Lucas 18, lemos a respeito de um homem que foi para a igreja orar. Ele ficou lá atrás sozinho, separado da multidão. Estava tão desesperado que a única coisa que conseguiu fazer foi olhar para baixo e bater no peito (veja Lc 18.13). Estava usando linguagem de sinais, para dizer: “Senhor, ouve o clamor do meu coração. Estou cansado do meu vazio. Preciso de um encontro contigo. Quero saber, eu mesmo, quem tu és. Só tu compreendes o que está no meu coração. E só tu sabes o que estou passando. Não consigo orar, porque estou tão amarrado. Preciso do teu toque, Jesus. Tem misericórdia de mim, pecador” (veja Lc 18.13).
Jesus disse a respeito dele: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa … porque … o que se humilha será exaltado” (Lc 18.14). Que seja assim para você também.
DANIEL -CARACTERISTICA DO MINISTERIO DA ORAÇÃO
Por: J. Paul Reno Intensidade O avivamento mais conhecido neste período do ministério de Finney foi em Rochester, Nova York. Mais de 100.000 pessoas se converteram durante aquelas reuniões em 1830. Nash e Clarey foram juntos, e convocaram outros para batalharem juntos em oração. Os dois eram muito semelhantes em sua forma de oração. Tinham tanto fervor, e...
Rejeição e Quebrantamento – Preparando o Vaso
Poucos já ouviram falar deste nome. Daniel Nash viveu de 1775 a 1831, no estado de Nova York, nos E.U.A. Pastoreou uma pequena igreja no interior daquele estado por apenas seis anos. Depois viajou com um evangelista itinerante, para sustentá-lo em oração, por mais sete anos, até sua morte prematura. Até onde se sabe, ele nunca ministrou fora da região agrícola de Nova York, numa época em que a maior parte do estado ainda era pouco habitada.
Seu túmulo fica num cemitério abandonado, numa estradinha de terra, ao lado de um galpão usado para leilões de animais. A igreja que pastoreou não existe mais – só há uma pequena coluna histórica para marcar o local, no meio de um milharal. Não há livros sobre sua vida, não é possível encontrar fotos ou diários. Suas mensagens foram esquecidas. Se há descendentes, não foi possível localizá-los. Ele não escreveu nenhum livro, não fundou escolas, não iniciou um movimento e, em geral, se manteve no anonimato.
Porém, este homem viu avivamento duas vezes na igreja que pastoreava, e depois teve uma participação importante em um dos maiores avivamentos nos Estados Unidos. De certa forma, fez nos Estados Unidos o papel que John Hyde desempenhou na Índia. Deixou sua marca quase que exclusivamente por causa do seu ministério de oração.
Não há muitos registros sobre seu período de ministério pastoral. Sabe-se que foi em 1816, com 40 anos, que ele assumiu uma Igreja Presbiteriana-Congregacional, na vila de Lowville. No primeiro ano de ministério, houve um avivamento, com a conversão de pelo menos 70 pessoas. Poucos anos depois, um grupo saiu da igreja e formou outra congregação perto dali. Apesar disso, Nash conseguiu estabelecer um relacionamento pacífico com este grupo, e cooperar com eles durante o restante do seu ministério.
A igreja estava prosperando espiritualmente, tinha trabalho missionário na região, e uma Escola Bíblica aos domingos. Por motivos que talvez não foram completamente registrados, em 1822 o conselho da igreja votou para dispensar Nash, e escolher outro pastor “mais jovem”.
Durante os dois anos seguintes, ele continuou pregando e ministrando ali, e houve um segundo avivamento naquela igreja. Numa vila onde havia apenas 308 casas, e uma população em torno de 2.000 pessoas, mais de 200 pessoas se converteram. Mesmo assim, não chamaram Nash de volta!
Aparentemente, esta rejeição por parte daqueles que ele tinha amado, e a quem havia ministrado, aos poucos foi arrasando sua vida, esmagando e quebrando seu coração. Ele certamente ainda não conseguia ver o que Deus estava querendo fazer através de tudo isso. Não sabia que Deus estava quebrando e preparando seu coração para um outro trabalho, que envolveria o abandono do ministério público em favor do aposento escondido de oração.
Em 1824, ele teve seu primeiro contato com o famoso evangelista, Charles Finney, pois fazia parte de um presbitério onde Finney seria examinado para receber sua licença de pregador. Finney, porém, não teve uma primeira impressão muito boa de Nash. Segundo ele, Nash parecia muito frio e, até mesmo, indiferente a Deus.
Logo depois desta reunião, Nash foi acometido de uma grave inflamação nas vistas. Durante várias semanas, foi obrigado a permanecer num quarto escuro, sem poder ler ou escrever. Durante este tempo, ele se entregou quase que exclusivamente à oração. Não sabemos muito sobre o que se passou naquele quarto escuro, somente que, nas suas próprias palavras, “houve uma revisão geral e radical de toda sua experiência cristã”. Quando saiu dali, ainda usando vendas nos olhos, havia um novo ardor pelas almas, e uma liberação de tudo que o prendia.
Mas ele não se dedicou a um ministério de evangelismo pessoal, nem de pregações evangelísticas. Pelo contrário, iniciou um dos mais profundos ministérios de oração de que se tem notícia. Este pregador rejeitado e quebrantado se dedicou a um trabalho que influenciaria muitos outros intercessores, até os nossos dias.
Uma Equipe Evangelística
Charles Finney começou seus trabalhos evangelísticos em Evans Mills, Nova York, no ano de 1824. E foi ali que Daniel Nash também iniciou seu ministério de oração. Quando Nash chegou lá, Finney reconheceu nele algo diferente, e afirmou “que estava cheio do poder de oração”. Os dois foram unidos pelo Espírito numa parceria que só terminaria sete anos depois, com a morte de Nash.
Os alvos desta equipe evangelística foram definidos de forma simples numa carta, escrita por Nash: “Quando Finney e eu iniciamos nossa carreira, não tínhamos idéia alguma de ir no meio de igrejas e pastores. Nossa mais alta ambição era ir onde não havia nem pastor, nem igreja, e procurar as ovelhas perdidas, aquelas pelas quais ninguém se importava. Começamos e o Senhor prosperava… Não entrávamos em território de ninguém, a menos que fôssemos convidados… Já tínhamos suficiente espaço e serviço para trabalhar.”
A necessidade de oração para preparar o caminho para a evangelização era o princípio fundamental da equipe. Este conceito era tão forte que Finney geralmente mandava Nash umas três ou quatro semanas na frente, para preparar o lugar e o povo para as reuniões, através da oração.
Quando Deus dava uma direção quanto ao local onde deviam trabalhar, Nash ia sem alarde algum para lá, e procurava duas ou três pessoas para se unir com ele em uma aliança de oração. Às vezes levava consigo um outro homem, que tinha o mesmo tipo de chamamento, chamado Abel Clarey. Aí começavam a orar fervorosamente para que Deus agisse na comunidade.
Uma senhora conta a seguinte história: “Alguns dias antes de Finney chegar para pregar na cidade de Bolton, apareceram dois homens na minha humilde residência, procurando hospedagem. Fiquei atônita, pois não tinha espaço nenhum na minha casa. Finalmente, por vinte e cinco centavos por semana, os dois (Nash e Clarey) alugaram um porão escuro e úmido durante todo o tempo da campanha (umas duas semanas). Lá naquela cela voluntária, os dois parceiros de oração lutaram contra as forças das trevas.”
O próprio Finney relata: “Certa vez eu estava numa cidade para começar umas reuniões, e encontrei uma senhora que dirigia uma pensão. Ela me disse: ‘Irmão Finney, você conhece um tal de Nash? Ele e mais dois homens estão na minha pensão há três dias, mas não comeram nada até agora. Abri e porta e dei uma espiada, pois os ouvi gemendo, e vi que estavam prostrados. Já faz três dias que estão lá, prostrados no chão, gemendo. Acho que algo terrível deve ter acontecido com eles. Fiquei com medo de entrar, e não sei o que fazer. Você poderia por favor ir vê-los?’ ‘Não será necessário’, respondi. ‘Eles só estão sentindo dores de parto em oração!’ ”
Nash não só preparava a comunidade com antecedência, mas continuava lutando no Espírito durante a campanha. Geralmente não participava das reuniões, mas enquanto Finney pregava, Nash geralmente estava em alguma casa vizinha, prostrado no seu rosto, em agonia de oração. Com todo devido reconhecimento a Finney pela vida que tinha diante de Deus, e pela unção nas pregações, não há como negar a participação fundamental destes homens que o sustentavam em oração. As lágrimas que derramaram, os gemidos que saíam do coração, estão todos escritos nos livros de Deus.
É aqui que encontramos uma das chaves do ministério de Charles Finney. Calcula-se que 80% daqueles que foram convertidos nas suas campanhas permaneceram firmes com Deus. Mesmo D. L. Moody, com toda sua unção na pregação, possivelmente tinha apenas 50% de permanência. Talvez a explicação seja o fato de que não tinha semelhante sustento para o seu ministério em oração.
Finney nunca dependia da sua teologia, das mensagens, do seu estilo de pregação, da sua lógica, ou dos seus métodos para obter resultados na conversão das pessoas. Ele contava com forte oração, e a obra resultante do Espírito Santo para tomar conta da audiência, e trazer profunda convicção.
Oswald Smith explica a importância da oração no ministério de Finney. “Ele sempre pregava na expectativa de ver o Espírito Santo derramado. Até que isto acontecesse, pouco ou nada era realizado. Mas no momento em que o Espírito caía sobre o povo, Finney não precisava fazer mais nada, a não ser mostrar o caminho até o Cordeiro de Deus. Foi assim que viveu e trabalhou durante anos num ambiente de avivamento…”
Recentemente, um evangelista de renome, com uma obra bem financiada e organizada, comentou que ficaria plenamente satisfeito se 20% dos seus convertidos tivessem uma experiência genuína. Nesta época de números, com muitas decisões, mas poucas conversões, com muitos programas mas pouca oração, com muita organização e pouca agonia em dar à luz, poderíamos aprender valiosas lições destes homens de Deus do passado.
fonte jornal o arauto de sua vinda
fonte www.avivamentonosul21.comunidades.net