INSPIRAÇÃO E REVELAÇÃO DA BÍBLIA
Jesus nunca escreveu um livro. No entanto, endossou a autoridade do Antigo Testamento (v. cap. 3) e a promessa de inspiração para o Novo Testamento. Em várias ocasiões, o Senhor prometeu a concessão de autoridade divina para o testemunho apostólico dele mesmo.
A comissão dos Doze. Quando o Senhor enviou seus discípulos para pregarem o reino dos céus (Mt 10.7), ele lhes prometeu a direção do Espírito Santo. “Naquela mesma hora vos será concedido o que haveis de dizer, pois não sois vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mt 10.19,20; cf. Lc 12.11,12).A proclamação que os apóstolos fizessem de Cristo teria origem no Espírito de Deus.
O envio dos setenta. A promessa da unção divina não se limitava aos Doze. Quando Jesus enviou os setenta, para que pregassem “o reino de Deus” (Lc 10.9), ordenou-lhes: “Quem vos ouve, a mim me ouve; quem vos rejeita, a mim me rejeita…” (Lc 10.16). Eles voltaram reconhecendo a autoridade de Deus até mesmo sobre Satanás em seu ministério (Lc 10.17-19).
O sermão do monte das Oliveiras. Em seu sermão no monte das Oliveiras, Jesus reafirmou sua promessa antiga aos discípulos: “… não vos preocupeis com o que haveis de dizer. O que vos for dado naquela hora, isso falai, pois não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo” (Mc 13.11). As palavras que pronunciassem viriam de Deus, mediante o Espírito; não viriam deles mesmos.
Os ensinos durante a última ceia. A promessa da orientação do Espírito Santo ficaria mais claramente definida por ocasião da última ceia. Jesus lhes prometeu: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26). Eis por que Jesus não escreveu seus ensinos. O Espírito daria nova vida à memória dos discípulos que os aprenderam; seriam orientados pelo Espírito em tudo quanto o Senhor lhes havia ensinado. De fato, disse Jesus: “Quando vier o Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jo 16.13). “Toda a verdade” ou “todas as coisas” que Cristo ensinara seriam relembradas aos discípulos pelo Espírito. O ensino apostólico seria inspirado pelo Espírito de Deus.
A Grande Comissão. Quando Jesus enviou seus discípulos — “… ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19,20) — , fez-lhes a promessa também de que teriam toda a autoridade nos céus e na terra para realizar a tarefa. A palavra dos discípulos seria a Palavra de Deus.
Os discípulos de Cristo não se esqueceram da promessa do Senhor. Eles pediram-lhe que seu ensino tivesse exatamente o que Jesus lhes havia prometido: a autoridade de Deus. E eles o fizeram de várias maneiras: dedicando-se ao que sabiam ser a continuação do ministério de ensino de Cristo, crendo fervorosamente que seus ensinos teriam a mesma autoridade e poder do Antigo Testamento e afirmando de modo específico em seus escritos que eles tinham a autoridade de Deus.
A afirmação de estarem dando prosseguimento ao ensino de Cristo.
Lucas afirma ter apresentado um relato exato de “tudo o que Jesus começou não só a fazer, mas também a ensinar” em seu evangelho. Ele dá a entender que Atos registra o que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apóstolos (At 1.1; cf. Lc 1.3,4). Na realidade, segundo consta, a primeira igreja se caracterizava pela devoção ao “ensino dos apóstolos” (At 2.42). Até mesmo os ensinos de Paulo, que se baseavam nas revelações diretas de Deus (Gl 1.11,12), estavam sujeitos à aprovação dos apóstolos (At 15). A própria igreja do Novo Testamento, como se sabe, foi edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [do Novo Testamento]” (Ef 2.20; cf. 3.5).
É verdade que as declarações orais dos apóstolos que viviam na época tinham a mesma autoridade de seus escritos (1Ts 2.15), e também e verdade que os livros do Novo Testamento são o único registro autêntico do ensino apostólico de que dispomos hoje. A restrição de que todo membro dos doze apóstolos deve ser testemunha ocular do ministério e da ressurreição de Jesus Cristo (At 1.21,22) elimina a sucessão apostólica que não passaria do século I. E o fato de não existir ensino apostólico autêntico além do encontrado no Novo Testamento limita tudo quanto os apóstolos ensinaram ao que se encontra no Novo Testamento, i.e., aos seus 27 livros. Ao lado do Antigo Testamento, esses livros são considerados inspirados, dotados de autoridade divina, visto que só eles são verdadeiramente apostólicos ou proféticos (v. cap. 10).
Em suma, Cristo prometeu que todo o ensino apostólico seria dirigido pelo Espírito. Os livros do Novo Testamento são o único registro autêntico que temos do ensino apostólico. Daí decorre que só o Novo Testamento pode reivindicar para si o título de registro autorizado dos ensinos de Cristo.
Comparação entre o Novo e o Antigo Testamento.
A promessa de Cristo de que inspiraria os ensinos dos apóstolos e o cumprimento de tal promessa nos escritos do Novo Testamento não são os únicos indícios de sua inspiração. Outro indício é sua comparação direta com o Antigo Testamento. Paulo reconhecia claramente a inspiração do Antigo Testamento (2Tm 3,16), ao chamá-lo “Escrituras”. Pedro classificou as cartas de Paulo ao lado das demais “Escrituras” (2Pe 3.16). E Paulo menciona o evangelho de Lucas, chamando-o “Escritura” (1Tm 5.18, citando Lc 10.7). Na verdade, em outra passagem o apóstolo atribui a seus próprios escritos a mesma autoridade das “Escrituras” (l1m 4.11,13).
O livro de Hebreus declara que o Deus que falou em tempos antigos, mediante os profetas, nestes últimos dias tem falado da salvação por seu Filho (Hb 1.2). E prossegue o autor, afirmando: “… tão grande salvação [...] a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos [apóstolos] que a ouviram” (Hb 2.3). Os apóstolos foram o canal da verdade de Deus no Novo Testamento, assim como os profetas no Antigo. Portanto, não é de estranhar que os livros apostólicos sejam colocados no mesmo nível de autoridade dos livros inspirados do Antigo Testamento. São todos proféticos.
De fato, Pedro escreveu que os escritos proféticos advieram mediante inspiração divina (2Pe 1.21), e os escritos do Novo Testamento reivindicam claramente a condição de proféticos. João chama a seu livro profecia e se classifica entre os profetas (Ap 22.18,19). Os profetas do Novo Testamento estão na lista, junto com os apóstolos, dos alicerces da igreja (Ef 2.20). É provável que Paulo também tivesse seus próprios escritos em mente quando falou a respeito da “revelação do mistério que desde os tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora, e foi dado a conhecer pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé…” (Rm 16.25,26). Paulo afirma em Efésios 3.3,5 que “o mistériome foi manifestado pela revelação, como acima em poucas palavras vos escrevi.... o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora [nos tempos do Novo Testamento] foi revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas [do Novo Testamento]” (cf. Ef 2.20). Assim é que os escritos proféticos do Novo Testamento revelam o mistério de Cristo predito nos escritos proféticos do Antigo Testamento. A semelhança do Antigo, o Novo Testamento é uma declaração profética da parte de Deus.
Reivindicação direta de inspiração nos livros do Novo Testamento.
No próprio texto dos livros do Novo Testamento há numerosos indícios de sua autoridade divina. São eles explícitos e implícitos. Os evangelhos apresentam-se como registros autorizados do cumprimento das profecias do Antigo Testamento a respeito de Cristo (cf. Mt 1.22; 2.15,17; Mc 1.2). Lucas escreveu a fim de o leitor poder saber a verdade acerca de Cristo, “fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra” (Lc 1.1,2), João escreveu seu evangelho para que os homens cressem: ” … para creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais Vida em seu nome” (Jo 20.31). E o apóstolo acrescenta que seu testemunho é verdadeiro (Jo 21.24).
O livro chamado Atos dos Apóstolos, também escrito por Lucas, apresenta-se como registro autorizado do que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apóstolos (At 1.1). Isso foi visto também como cumprimento de profecia do Antigo Testamento (cf. At 2 e Jl 2). Visto que Paulo citou o evangelho de Lucas como “Escritura” (1Tm 5.18), torna-se evidente que tanto o apóstolo como Lucas consideravam a continuação do relato evangelístico, i.e., o livro de Atos, texto autorizado e também inspirado por Deus.
Todas as cartas de Paulo, de Romanos até Filemom, reivindicam inspiração divina. Em Romanos, Paulo comprova sua vocação divina para o apostolado (Rm 1.1-3). O apóstolo encerra sua carta com a afirmação de que se trata de texto profético (Rm 16.26). Paulo no final de 1Coríntios diz: “As coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor” (1Co 14.37). Ele inicia 2Coríntios repetindo a afirmação de que é apóstolo genuíno (Co 1.1,2). Nessa carta ele defende seu apostolado de modo mais completo do que em qualquer outra carta do Novo Testamento (2Co 10-13).
Gálatas nos apresenta a mais forte defesa que Paulo faz de suas credenciais divinas. Ao falar da revelação feita a ele do evangelho da graça, ele escreveu: “Não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação Jesus Cristo” (Gl 1.12). Em Efésios, o apóstolo declara também: “… o mistério que me foi manifestado pela revelação, como acima em poucas palavras vos escrevi…” (Ef 3.3). Em Filipenses, Paulo admoesta os crentes duas vezes a que sigam o padrão apostólico de vida (Fp 3.17; 4.9). Em Colossenses, assim como em Efésios, Paulo sustenta que seu ofício de apóstolo lhe foi dado diretamente por Deus, “para cumprir a palavra de Deus” (Cl 1.25). A Primeira Carta aos Tessalonicenses encerra-se com esta admoestação: “Pelo Senhor vos conjuro que esta epístola seja lida a todos os santos irmãos” (1Ts 5.27).
Anteriormente, o apóstolo havia lembrado a esses irmãos: “… havendo recebido de nós a palavra da pregação Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus…” (1Ts 2.13). A Segunda Carta aos Tessalonicenses também termina com uma exortação: “… se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos associeis com ele, para que se envergonhe” (2Ts 3.14). A respeito da mensagem de 1Timóteo, o apóstolo escreveu: “Manda estas coisas e ensina-as. [...] Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1Tm 4.11,13).
Nesse texto, Paulo coloca sua própria carta no mesmo nível do Antigo Testamento. Sua carta e o Antigo Testamento deveriam ser lidos nas igrejas, por terem a mesma autoridade divina (cf. Cl 4.16). A segunda carta a Timóteo contém a passagem clássica sobre a inspiração divina das Escrituras (2Tm 3.16) e a exortação para que os crentes sigam o padrão das palavras sadias que receberam de Paulo (2Tm 1.13). “Conjuro-te, pois, diante de Deus e de Cristo Jesus…”, escreveu o apóstolo, “prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo…” (2Tm 4.1,2). De maneira semelhante, Paulo ordenou a Ti to: “Fala estas coisas, exorta e repreende com toda a autoridade” (Tt 2.15). Embora o tom da carta a Filemom seja intercessório, Paulo deixa bem claro que ele poderia ordenar tudo que ali está pedindo por amor (Fm 8).
Hebreus 2.3,4 deixa bem evidente que este livro — seja quem for o autor— baseia-se na autoridade de Deus outorgada aos apóstolos e às testemunhas oculares de Cristo. Os leitores são admoestados a que se lembrem de seus líderes, aqueles que “vos falaram a palavra de Deus” (Hb 13.7). E a seguir o autor continua a admoestar: “Rogo-vos, porém, irmãos, que suporteis esta palavra de exortação, pois vos escrevi resumidamente (Hb 13.22). Tiago, irmão do Senhor Jesus (Gl 1.19) e líder da igreja de Jerusalém (At 15.13), escreve com autoridade apostólica às doze tribos da Dispersão (Tg 1.1). A Primeira Carta de Pedro afirma ser proveniente do “apóstolo de Jesus Cristo” (1Pe 1.1) e contém admoestações tipicamente apostólicas (1Pe 5.1,12).
A Segunda Carta de Pedro originou-se de “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo”, lembrando aos leitores que o “mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos” tem a mesma autoridade das predições dos profetas do Antigo Testamento (2Pe 3.2). A Primeira Carta de João é de alguém que ouviu, viu, contemplou a Cristo e lhe tocou com as mãos (1Jo 1.1). Nesta carta, o apóstolo João apresenta o modo de verificar a verdade e o erro (1Jo 4.1,2), afirma que a comunidade apostólica é proveniente de Deus (1Jo 2.19) e escreve a fim de confirmar a fé dos verdadeiros crentes (1Jo 5.13). A Segunda e a Terceira Carta são do mesmo apóstolo, João, tendo, portanto, a mesma autoridade (cf. 2Jo 5.7; 3Jo 9.12). Judas escreveu um texto sobre “a salvação que nos é comum”, em defesa da fé “que de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). A “revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu” (Ap 1.1), descreve a origem do último livro do Novo Testamento. “Eu, João”, escreve o apóstolo,”[...] estava na ilha chamada Patmos por causa da palavra de Deus [...] no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia…” (Ap 1.10,11).
Nenhum outro livro da Bíblia traz declaração mais visível de sua inspiração da parte de Deus do que o Apocalipse. A advertência para que não se profanem suas palavras tem o apoio de uma ameaça de julgamento divino das mais fortes nas Escrituras. Trata-se de confirmação muito pertinente à vindicação de que todo o Novo mento é Palavra inspirada de Deus, em pé de igualdade com o Antigo Testamento.
A igreja do século I não agiu com ingenuidade ao aceitar certos escritos como inspirados. Jesus havia advertido seus discípulos a respeito de falsos profetas e de enganadores que haveriam de vir em seu nome (Mt 7.15; 24.10,11). Paulo havia exortado os tessalonicenses para que não aceitassem os ensinos errôneos de cartas que pretensamente teriam vindo da parte dele (2Ts 2.2). João advertiu seus leitores com grande fervor: “Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus” (1Jo 4.1). No século I já estavam em circulação ensinos falsos e incorretos a respeito de Cristo (cf. Lc 1.1-4). Por essa razão, a igreja do período neotestamentário precisava estar discernindo a mentira da verdade desde o início. Todo livro sem a firma apostólica (2Ts 3.17) deveria ser recusado. O fato de os livros serem lidos, citados, colecionados e passados de mão em mão, dentro das igrejas do Novo Testamento, assegura-nos que eram tidos como proféticos ou divinamente inspirados desde o começo da igreja de Cristo.
A leitura pública dos livros do Novo Testamento.
Era costume judaico ler as Escrituras no sábado (cf. Lc 4.16). A igreja deu continuidade a esse costume no dia do Senhor. Paulo admoestou a Timóteo a que persistisse “em ler, exortar e ensinar” (1Tm 4.13). E aos colossenses Paulo escreveu: “Depois que esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio da Laodicéia lede-a vós também” (Cl 4.16). A leitura em público dessas cartas como Escrituras Sagradas é prova de sua aceitação desde o início, pela igreja do Novo Testamento, por terem autoridade divina.
A circulação dos livros do Novo Testamento.
O texto de Colossenses, mencionado acima, revela outro fato muito importante. Os livros escritos para uma igreja tencionavam ser de valor para outras igrejas também, e por isso circulavam para leitura pública. É possível que essa prática de intercambiar os livros inspirados induziu os líderes da igreja a produzir as primeiras cópias do Novo Testamento. Essa ampla circulação de cartas mostra que outras igrejas, além daquela que originariamente fora a destinatária, reconheciam tais cartas como Sagradas Escrituras e assim as liam.
A coleção dos livros do Novo Testamento.
Os livros dos Novo Testamento circulavam entre as igrejas para ser lidos, mas Pedro também nos informa que eram colecionados. Parece que o próprio Pedro possuía uma coleção das cartas de Paulo que aquele apóstolo classificava plenamente como escritos inspirados no mesmo nível do Antigo Testamento. Assim escreveu Pedro: “Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada. Em todas as suas cartas ele escreve da mesma forma, falando acerca destas coisas. [...] os indoutos e inconstantes [as] torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2Pe 3.15,16).
Tais livros circulavam entre as igrejas, eram lidos, copiados e colecionados pelas igrejas do Novo Testamento, sendo colocadas ao lado do cânon do Antigo Testamento; sem ser questionados, esses livros eram tidos como escritos inspirados.
Citação dos livros do Novo Testamento.
Os livros do Antigo Testamento foram escritos ao longo de um espaço de tempo muito maior que os do Novo. É por isso que há mais citações de profetas mais antigos pelos profetas mais recentes do Antigo Testamento. O fato, porém, de haver citações de livros mais antigos do Novo Testamento em livros mais recentes dessa parte da Bíblia revela-nos outro fato: aqueles livros eram tidos como inspirados por seus contemporâneos. Paulo cita o evangelho de Lucas, chamando-o Escritura, em 1Timóteo 5.18. “Digno é o obreiro do seu salário” (cf. Lc 10.7).
Judas cita com clareza 2Pedro 3.2,3, ao escrever: “… os quais diziam: No último tempo haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias concupiscências” (Jd 18). Lucas faz referência a sua obra anterior (At 1.1), e João faz alusão a seu próprio evangelho (1Jo 1.1). Paulo menciona outra carta que havia escrito aos coríntios (1Co 5.9). Ainda que alguns desses exemplos não nos fornecem citações formais, ajudam, no entanto, a ilustrar a realidade de que dentro do próprio Novo Testamento existe o reconhecimento que um autor sagrado faz de outro. Esse processo amplo, generalizado, de fazer circular, ler, copiar, colecionar e citar os livros do Novo Testamento ilustra satisfatoriamente o reconhecimento de que esses livros reivindicavam inspiração divina.
Todos os autores do Novo Testamento são mencionados pelo menos por um pai apostólico por terem autoridade divina. Esses pais da igreja vieram uma ou duas gerações após o encerramento do Novo Testamento(i.e, antes de 150 d.C). Na verdade, eles representam o vínculo ininterrupto da reivindicação do Novo Testamento a favor de sua inspiração divina, desde os tempos dos apóstolos, passando pela fundação da igreja e, sem quebra nem interrupção, pelos séculos e milênios que se seguiram
Os primeiros pais da igreja. Os escritos mais antigos do cristianismo contêm inúmeras referências às Escrituras do Novo Testamento. Muitas dessas citações trazem as mesmas designações autorizadas de quando os autores do Novo Testamento citam o Antigo. A pretensa Epístola de Barnabé (c. 70-130), obra atribuída infundadamente ao companheiro de Paulo, cita Mateus 26.31 como aquilo que “Deus disse” (5.12). Depois, chama Mateus 22.14 “Escritura” (4.14). Clemente de Roma, em sua Epístola aos coríntios (c. 95-97), chama os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) “Escrituras”. Ele emprega também as expressões “disse Deus” e “está escrito”, a fim de indicar passagens do Novo Testamento (cf. caps. 36 e 46). Inácio de Antioquia (110 d.C.) escreveu sete cartas, nas quais fez numerosas citações do Novo Testamento. Policarpo (c. 110-135), um dos discípulos do apóstolo João, fez muitas citações dos livros do Novo Testamento em sua Epístola aos filipenses.
Às vezes, esse autor introduz tais citações com termos como “dizem as Escrituras” (cf. cap. 12). A obra denominada Opastor, de Hermas (c. 115-140), foi escrita em estilo apocalíptico (visões), semelhante ao de Apocalipse, com inúmeras referências ao Novo Testamento. O didaquê (c. 100-120), ou Ensino dos doze apóstolos, como às vezes é chamado, registra muitas citações livres do Novo Testamento. Papias (c. 130-140) inclui o Novo Testamento num livro intitulado Interpretação dos discursos do Senhor, mesma expressão usada por Paulo em referência ao Antigo Testamento, em Romanos 3.2. A chamada Epístola a Diogneto (c. 150) faz muitas alusões ao Novo Testamento sem um título.
Fica notório o seguinte, no uso que os pais apostólicos fizeram do Novo Testamento: o Novo Testamento, à semelhança do Antigo, era tido como inspirado por Deus. Com freqüência as citações são livres e sem menção da fonte original. Todavia, qualquer pessoa que ler os escritos dos pais apostólicos necessariamente verá que os livros do Novo Testamento gozavam da mesma elevada estima atribuída ao Antigo Testamento.
Pais da igreja de época posterior.
A partir da segunda metade do século II encontra-se apoio contínuo à reivindicação de inspiração feita pelo Novo Testamento. Justino Mártir (m. 165) considerava os evangelhos “a voz de Deus” (Apologia, 1,65). “Não devemos supor”, escreveu ele, “que a linguagem provém de homens inspirados, mas da Palavra Divina que os move” (1,36). Taciano (c. 110-180), discípulo de Justino, cita João 1.5 como “Escritura”, no capítulo 13 de sua Apologia. Irineu (c. 130-202), em sua obra Contra heresias, escreveu: “Pois o Pai de todos nós deu o poder do evangelho a seus apóstolos, por intermédio de quem viemos a conhecer a verdade [...] esse evangelho que eles pregaram. Depois, pela vontade de Deus, eles nos legaram as Escrituras, para que fossem ‘pilar e alicerce’ de nossa fé” (5,67).
Clemente da Alexandria (c. 150-215) classifica os dois Testamentos, o Novo e o Antigo, como igualmente inspirados por Deus, com a mesma autoridade divina, dizendo: “As Escrituras [...] na Lei, nos Profetas e, além dessas, no abençoado Evangelho [...] são válidas por causa de sua autoridade onipotente” (Strômata [Seleções],2,408-9). Tertuliano (c. 160-220) afirmava que os quatro evangelhos “são edificados na base certa da autoridade apostólica, de modo que são inspirados em sentido muitíssimo diferente dos escritos de um cristão espiritual”.[1] Hipólito (c. 170-236), discípulo de Irineu, oferece-nos uma das mais definitivas declarações a respeito da inspiração encontradas nos pais primitivos. Na sua obra Tratado sobre Cristo e o Anticristo, ao falar dos escritores do Novo Testamento, assim se expressou:
Esses homens abençoados [...] tendo sido aperfeiçoados pelo Espírito da profecia, são dignamente honrados pela própria Palavra, foram trazidos a uma harmonia íntima [...] como instrumentos, e, tendo a Palavra dentro deles, por assim dizer, a fim de fazer ressoar as notas [...] pelo Senhor foram movidos, e anunciavam o que Deus queria que anunciassem. É que eles não falavam de sua própria capacidade [...] falavam daquilo que lhes era [revelado] unicamente por Deus.[2]
Orígenes (c. 185-254), professor em Alexandria, também nutria opiniões fortemente enraizadas quanto à inspiração. Cria ele que “o Espírito inspirou cada santo, fosse profeta, fosse apóstolo; e não havia um Espírito fios homens da antiga dispensação e outro naqueles que foram inspirados por ocasião do advento de Cristo”(Dos princípios). É que em sua plenitude e inteireza “as Escrituras foram escritas pelo Espírito” (16,6). O bispo Cipriano (c. 200-258) confirmava com toda a clareza a inspiração do Novo Testamento, declarando ser ele “Escrituras Divinas” dadas pelo Espírito Santo.
Eusébio de Cesaréia (c. 265-340), notável historiador da igreja, expôs e catalogou os livros inspirados dos dois Testamentos em sua História eclesiástica. Atanásio de Alexandria (c. 295-373), conhecido Como o “pai da ortodoxia”, por causa de sua defesa da divindade de Cristo contra Àrio, foi o primeiro a usar a palavra cânon em referência aos livros do Novo Testamento. Cirilo de Jerusalém (c. 315-316) fala das “Escrituras divinamente inspiradas tanto do Antigo como do Novo Testamento”. Depois de relacionar os 22 livros das Escrituras hebraicas e 26 do Novo Testamento (todos menos o Apocalipse), acrescentou: “Aprendei também diligentemente, com a igreja, quais são os livros do Antigo Testamento, e quais são os do Novo. E rogo-vos com veemência: Não leiais nenhum dos escritos apócrifos” (Das Escrituras sagradas).
É desnecessário prosseguir. Basta-nos salientar, nesta altura, que a doutrina ortodoxa da inspiração do Novo Testamento teve continuidade ao longo dos séculos, passando pela Idade Média, chegando à Reforma e penetrando no período moderno da história da igreja. Louis Gaussen resumiu a situação muito bem ao escrever o seguinte:
Com a exceção única de Teodoro de Mopsuéstia [c. 400], [...] verificou-se que foi impossível produzir, no longo decurso dos oito primeiros séculos do cristianismo, um único doutor da igreja que negasse a plena inspiração das Escrituras, a não ser a negação que se encontra no seio das mais violentas heresias que têm atormentado a igreja cristã.[3]
A inspiração do Novo Testamento baseia-se na promessa de Cristo de que seus discípulos seriam dirigidos pelo Espírito em seus ensinos a respeito do Senhor. Os discípulos creram nessa promessa e a assimilaram, havendo claros indícios de que os próprios autores do Novo Testamento, bem como os de sua época, reconheceram o cumprimento dessas promessas. Criam em que o Novo Testamento havia sido divinamente inspirado, pelo que, desde os primórdios do início dos registros cristãos, tem havido apoio unânime à doutrina da inspiração do Novo Testamento, em igualdade de condições com o Antigo Testamento.
[1] Brooke Foss Wbstcott, An introduction to the study of the gospels, New York, Macmillan,1902, p. 421.
[2] Ap, ibid., p. 418-19. Colchetes de Westcott.
[3] Theopneustia: the plenary inspiration of the Holy Scriptures, trad. David Scott, Chicago, bica, n.d., p. 139-40,
Extraído do livro Introdução Bíblica, Norman L. Geisler & William E. Nix
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A inspiração da Bíblia. Compreende-se por "inspiração" a influência e a ação divina exercidas sobre os escritores da Bíblia (2 Tm 3.16; 1 Pe 1.19-21). Os homens santos escreveram a Palavra de Deus valendo-se do próprio estilo, vocabulário e cultura, sem prescindirem da direção sobrenatural do Espírito Santo.
A inspiração verbal e plenária. Por inspiração verbal entende-se que os escritores sagrados atuaram sob a direção incondicional do Espírito Santo. Eles escreveram exatamente o que o Senhor desejava que fosse escrito. Portanto, a inspiração verbal das Escrituras não é uma mera teoria, mas a natureza própria da Bíblia (2 Sm 23.2; 1 Co 2.13; Hb 3.7).
A inspiração plenária indica que o conteúdo, o ensino, e a doutrina das Escrituras, foram completamente inspirados por Deus. Não há na Bíblia qualquer parte que não seja inspirada e autorizada por Deus: "Toda a Escritura é divinamente inspirada" (2 Tm 3.16 - ARA).
Traduções Bíblicas. As fontes originais dos escritos bíblicos, os chamados autógrafos ou manuscritos foram inspirados por Deus. Porém, as inúmeras cópias deles extraídas, bem como as traduções ou versões, muitas vezes modificadas pelos copistas ou tradutores, nem sempre são consideradas escritos inspirados. Somente as traduções ou versões comprovadamente fiéis aos originais, acham-se dignas dessa reputação.
A revelação bíblica. Por "revelação", entende-se o agir de Deus pelo qual Ele dá a conhecer ao escritor sagrado coisas ignoradas, isto é, o que este, por si só, não poderia saber. Ver Dn 12.8; 1 Pe 1.10,11. A inspiração nem sempre implica revelação. Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas nem toda ela foi dada por revelação. Lucas, por exemplo, foi inspirado a examinar trabalhos já conhecidos e escrever o Evangelho que traz o seu nome (Lc 1.1-14). O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado a registrar o que presenciara, como relata o Pentateuco.
A Bíblia é a fonte mais fidedigna sobre a origem da vida e do homem; bem como do desenvolvimento da humanidade a partir da criação, passando pela Queda e Redenção, até o final de todas as coisas, na consumação dos séculos.Conforme o estudo em apreço, a Bíblia é a Palavra de Deus. Ainda que os ateístas ou materialistas, invistam de forma grosseira contra o Santo Livro, este permanece inabalável em seu conteúdo, revelado e inspirado por Deus.
“O vocábulo ‘Bíblia’.Este vocábulo não se acha no texto das Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa. Donde, pois, nos vem? Vem do grego, a língua original do Novo Testamento. É derivado do nome que os gregos davam à folha de papiro preparada para a escrita -biblos. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado biblion e vários destes eram uma bíblia. Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer dizer 'coleção de livros pequenos'. Com a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a livro, como se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófio, etc. É consenso geral entre os doutos no assunto que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Sagradas Escrituras por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no Século IV.
E porque as Escrituras formam uma unidade perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como acabamos de ver, passou a ser singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro dos livros; Livro por excelência. Como Livro divino, a definição canônica da Bíblia é 'A revelação de Deus à humanidade'".(GILBERTO, A. A Bíblia Através dos Séculos. RJ: CPAD, 1987, p.18)
A Bíblia tem sido banida, queimada, escarnecida e ridicularizada. Eruditos têm zombado dela como se fosse uma tolice. Reis tem estigmatizado as Escrituras como algo ilegal. Milhares de vezes a cova tem sido aberta e a canção fúnebre começa, mas, de alguma forma, a Bíblia nunca fica enterrada. Ela não só tem sobrevivido, mas também florescido. Trata-se do livro mais popular de toda a história. É o best-seller mundial há anos!
Não há explicação para isso na terra. O que talvez seja a única explicação. A resposta?A durabilidade da Bíblia não se encontra na terra; ela vem do céu. Para os milhões de pessoas que têm praticado seus ensinamentos e confiado em suas promessas existe apenas uma resposta - a Bíblia é o livro divino, a voz de Deus.O propósito da Bíblia é proclamar o plano de Deus para a salvação dos seus filhos.Essa é razão por que esse Livro tem permanecido durante séculos. Ele é o mapa que nos leva ao maior tesouro de Deus, a vida eterna.(LUCADO, M. Promessas Inspiradoras de Deus. RJ: CPAD, 2005, p. 53.)
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A inerrância da Bíblia
A inerrância da Sagrada Escritura deriva-se da natureza própria da Bíblia. Em inúmeras ocasiões a Bíblia descreve a si mesma como a inerrante Palavra de Deus. Solicite que um dos alunos leia Is 34.16 e, a seguir, faça um breve comentário da inerrância e infalibilidade das Escrituras. Depois, apresente aos alunos alguns nomes canônicos da Bíblia: a) Livro do Senhor (Is 34.16); b) Escritura da Verdade (Dn 10.21); c) Escritura de Deus (Êx 32.16); d) Lei do Senhor (Sl 1.1,2); e) Lei de Deus (Js 24.26); f) Palavra do Senhor (Jr 22.29); g) Oráculo de Deus (1 Pe 4.11); h) Palavra de Deus (Mt 15.6; At 6.7); i) Palavra de Cristo (Cl 3.16). A Bíblia procede do próprio Deus, portanto, é inerrante e infalível.
A Bíblia é a inerrante Palavra de Deus. Os ímpios e incrédulos têm feito de tudo para encontrarem erros nos textos bíblicos. Pode ser que haja falhas nas traduções, interpretações ou na gramática das cópias manuscritas, pois a Bíblia foi escrita originalmente em linguagem antiga: hebraico, grego, e aramaico. Todavia, essas possíveis incorreções, ou dificuldades, jamais podem ser consideradas "erros" quanto à mensagem bíblica. Menos de um por cento dessas inexatidões dos manuscritos, encontram-se na transmissão da mensagem, portanto, não afetam a integridade da Palavra de Deus.
CONCEITUAÇÃO TEOLÓGICA DE INERRÂNCIA
O que é "inerrância bíblica"? Significa que a Bíblia é totalmente isenta de erros; quer no campo lógico ou no histórico. Ela é inerrante nos fatos que apresenta e nas doutrinas que declara. Afirmar que a Bíblia não contém erros é também reconhecer sua inspiração, autoridade e infalibilidade divinas. Jesus afirmou categoricamente: "A Escritura não pode falhar" (Jo 10.35).
Inerrância e infalibilidade. O conceito de inerrância da Bíblia está intimamente associado ao de infalibilidade. Pelo fato de não conter erros, ela é infalível. Tudo o que a Bíblia diz cumpre-se cabalmente: "Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre" (1 Pe 1.24,25). Essa infalibilidade é consequência de a Palavra de Deus nunca ter sido "produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21)..
RAZÕES PELAS QUAIS A BÍBLIA É INERRANTE
. Autoria divina. A autoria divina da Bíblia é o fundamento e a garantia de sua inerrância e infalibilidade. Há milhões de livros espalhados pelo mundo (Ec 12.12); e todos foram escritos por autores falhos, propensos a cometerem todo tipo de erro. Porém, o Autor da Bíblia, jamais falta: "Deus não é homem, para que minta [...] porventura, diria ele e não o faria? Ou falaria e não o confirmaria?" O Eterno não mente, não falha e não erra (Nm 23.19; Tg 1.17). Quando ele diz, faz; quando ele promete, cumpre.
Supervisão e orientação do Espírito Santo (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.19-21). Os livros da Bíblia foram escritos sob a supervisão e orientação do Espírito Santo (Mc 12.36; 1 Co 2.13). As Escrituras não são produto da perspicácia e criatividade da mente humana, mas é o resultado da ação sobrenatural de Deus sobre ela: o Espírito inspirou (2 Pe 1.19-21), ensinou (1 Co 2.13) e revelou seus mistérios (Gl 1.12; Ef 3.2,3).
A Bíblia é a exata Palavra de Deus. Do limiar ao fechamento do Cânon Sagrado, os escritores bíblicos reproduziram exatamente o que haviam recebido da parte de Deus: "Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando" (Dt 4.2). A Bíblia é a precisa Palavra do Senhor: ela é correta (Sl 33.4), perfeita (Sl 19.7), pura (Sl 119.140), e eterna (Is 40.8; Lc 21.33).
O CUMPRIMENTO DA BÍBLIA DEMONSTRA SUA INERRÂNCIA
O cumprimento das profecias. O principal fato que atesta a inerrância das Sagradas Escrituras é o cumprimento de suas profecias. Vejamos, pois, algumas das mais de 300 profecias messiânicas cabalmente cumpridas: a) a concepção virginal de Jesus (Is 7.14; Mt 1.22); b) o local do nascimento de Jesus (Mq 5.2; Mt 2.6); c) mãos e pés de Jesus furados e sua túnica sorteada (Sl 22.16,18; Jo 19.24,37), etc. Além dessas, muitas outras profecias cumpriram-se literalmente na história dos impérios antigos, das nações modernas, e na vida de muitos indivíduos.
A História confirma a Bíblia. Centenas de fatos e eventos bíblicos têm sido confirmados pela história secular. Entre tantos, encontramos: a) as duas deportações, de Israel e Judá, pelos assírios e babilônicos respectivamente (2 Rs 17.6; 2 Rs 24.10-17; Jr 25.11); b) a destruição de Jerusalém, profetizada por Jesus e cumprida no ano 70 d.C. (Mt 24.2); c) a restauração de Israel, predita em Ezequiel 36.25-27 e cumprida em Maio de 1948. A Palavra de Deus é Fiel e verdadeira!
A verdadeira ciência confirma a Bíblia. A Bíblia não é um livro científico, mas a ciência inúmeras vezes constatou a veracidade das afirmações bíblicas nesta área, como por exemplo, a de que a Terra é "solta" no espaço. O patriarca Jó sabia disso há, aproximadamente, 1.500 anos a.C. (Jó 26.7); como também tinha conhecimento que no centro da Terra há fogo (Jó 28.5). Isaías, o profeta, há mais de mil anos antes da ciência moderna, já afirmava que a Terra é redonda (Is 40.22). Inúmeros achados arqueológicos também confirmam a veracidade da Bíblia. Deus vela sobre sua Palavra para cumpri-la (Jr 1.12; Lc 21.33).
OS MANUSCRITOS BÍBLICOS
Formatos e materiais dos manuscritos bíblicos. O termo "manuscrito" refere-se às cópias dos originais das Escrituras (autógrafos) feitas à mão pelos escribas. Os mais significativos manuscritos bíblicos foram feitos nos formatos de rolo ou códice (Sl 40.7; Jr 36.2). Os principais materiais usados na escrita foram o papiro e o pergaminho; que eram preparados segundo a tradição judaica.
Os autógrafos. Trata-se dos manuscritos originais da Bíblia. Eles já não existem. Todavia, os originais do Antigo Testamento, por exemplo, foram meticulosamente copiados, originando os manuscritos mais antigos de que dispomos.
Falhas na transmissão escrita das palavras da Bíblia. Se compararmos as cópias dos textos originais entre si, encontraremos algumas variações entre elas, mesmo diante das mais rigorosas normas impostas aos escribas. Esses copistas não podiam escrever uma só palavra de memória. Antes de registrarem um vocábulo tinham de pronunciá-lo bem alto e, ao escreverem o nome do Senhor, tinham de limpar a pena com muita reverência. Cada letra e cada palavra eram contadas cuidadosamente e, caso encontrassem um único erro, inutilizavam imediatamente aquelas folhas, ou até mesmo todo o rolo. Há mais de duzentas mil variantes textuais nas cópias dos autógrafos. Nessa quantidade, observa-se, desde a troca de uma letra por outra até a de um nome por um pronome e vice-versa. Contudo, as incorreções encontradas nas cópias dos manuscritos, e repassadas a diversas versões dos textos bíblicos (variantes textuais), quando analisadas à luz do contexto geral da Bíblia, em nada comprometem o valor da mensagem sagrada, nem se constituem motivos para descrer da inerrância da Bíblia. Podemos afirmar com absoluta certeza, que os textos das Escrituras são plenamente confiáveis, e que as possíveis contradições são aparentes e humanas.
A Bíblia, na versão portuguesa, contém 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, 773.692 palavras e 3.566.480 letras. Em tudo isso, há menos de 0,5% de falhas. Deus vela por sua Palavra (Jr 1.12).A Bíblia é a inerrante e infalível Palavra de Deus. Sua correção, autoridade e infalibilidade decorrem de sua inspiração divina. Podemos, com alegria e confiança, afirmar como o salmista Davi: "Louvarei o teu nome, por causa da tua misericórdia e da tua verdade, pois magnificaste acima de tudo o teu nome e a tua palavra" (Sl 138.2).
"A Exatidão da Bíblia.Tanto a autenticidade quanto a historicidade dos documentos do Novo Testamento estão confirmadas de modo sólido. Norman Geisler indica que as evidências documentárias em favor da autenticidade do Novo Testamento são esmagadoras, e fornecem uma base, igualmente sólida, para a reconstrução do texto grego original. Bruce Metzger, especialista em crítica textual, informa que, no século III a.C, os estudiosos em Alexandria indicavam que as cópias que possuíam da Ilíada de Homero apresentavam cerca de 95% de fidedignidade. Indica, também, que os textos setentrional e meridional da Mahabharata da índia diferem entre si numa extensão de 26.000 linhas. Isto se contrasta com ‘mais de 99,55 de exatidão para as cópias manuscritas do Novo Testamento’. Esse meio-porcento de diferença consiste principalmente nos erros de ortografia dos copistas e, mesmo assim, passíveis de correção. Nenhuma doutrina da Bíblia depende de algum texto cuja forma original não possa ser determinada com exatidão".(HIGCINS, J. A palavra inspirada de Deus. In HORTON, S. M. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. RJ: CPAD, 1996, p.94.)
"Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo" (Sl 119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (v.97). As igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar estratégias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o incomensurável amor pela Palavra de Deus. Que todos os crentes exclamem como o poeta: "Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca... Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino" (vv.103, 127).
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