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O governo do Anticristo e o Cordeiro no Monte Sião
O governo do Anticristo e o Cordeiro no Monte Sião

                  O GOVERNO DO ANTICRISTO   APOCALIPSE 13.1-9 

            O CORDEIRO NO MONTE SIÃO APOCALIPSE 14.1-20

                                   

 APOCALIPSE 13.1-9

1 - E eu pus-me sobre a areia do mar e vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e, sobre os chifres, dez diademas, e, sobre as cabeças, um nome de blasfêmia.

2 - E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés, como os de urso, e a sua boca, como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.

3 - E vi uma de suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta.

4 - E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?

5 - E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e dois meses.

6 - E abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu.

7 - E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda tribo, e língua, e nação.

8 - E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

9 - Se alguém tem ouvidos, ouça.

 

 

Em Apocalipse 13, a Palavra de Deus apresenta-nos uma tríade do mal: O Dragão (o Diabo), a Besta que emerge do mar (o Anticristo) e a que emerge da terra (o Falso Profeta). O Apocalipse nos mostra que o Anticristo e o Falso Profeta são agentes utilizados pelo Diabo para estabelecer um falso governo de paz e, desde o início da era mundial, executar seu plano para destruir a humanidade. As Escrituras descrevem algumas características singulares para a realidade desse tempo, os últimos dias: Apostasia (2 Ts 2.3,7); Grande Tribulação (Mt 24.29,30); e Revelação do Homem do Pecado (Dn 7.24,25; 2 Ts 2.3,8,9). 

 

 

A TRÍADE MALIGNA

 

O Dragão

 

“Um gigantesco dragão de muitas cabeças e muitos chifres. Este dragão é identificado, no versículo 10 [Cap. 12], como Satanás. Assim como o cavalo vermelho, em 6.3, significa sangue e morte, também o vermelho deste dragão é uma referência ao fato de Satanás ser um assassino desde o princípio (Jo 8.44)” (Horton, pp.160,61).

 

O Anticristo

 

“Apesar de João não usar o nome ‘Anticristo’, o grego anti primariamente significa ‘em vez de’. Ele buscará ser o substituto daquele que foi Deus ungido. Noutras palavras o Anticristo não admitirá ser o Anticristo. Clamará ser o Cristo real, o fidedigno cumprimento das profecias que apontam para o rei que está vindo para implantar o seu reino” (Horton, p.172).

 

O Falso Profeta

 

“[...] O Falso profeta estará a frente da igreja apóstata durante a primeira parte da Grande Tribulação (os verdadeiros crentes já terão sido arrebatados para o encontro com o Senhor Jesus nos ares). Assim, o Falso Profeta tornar-se-á o líder do sistema religioso mundial que o Anticristo estabelecerá na última parte da Grande tribulação [...]” (Horton, p.181).

 

Governo: Capacidade ou possibilidade de exercer controle sobre um povo.

 

Se lermos atentamente os jornais, concluiremos que o cenário já está montado para a ascensão de um governo único no mundo. O que era apenas ensaio há três décadas, já começa a ser encenado no Ocidente com os aplausos do Oriente.

As nações, fustigadas pela globalização, suspiram por um líder com poderes ilimitados, a fim de reordená-las econômica e politicamente. É o que se depreende dos discursos proferidos nos organismos internacionais. O caos parece iminente.

Abramos, agora, a Bíblia. As profecias mostram-nos como fato o que parecia ficção: o guia mundial, a quem a Palavra de Deus denomina de Anticristo, está mais próximo do que supomos. Ele aguarda apenas o momento apropriado, para assumir o controle absoluto da terra sob a proteção de Satanás.

Igreja do Senhor, preparemo-nos para a volta de Jesus!

 

 QUEM É O ANTICRISTO

 

A Bíblia apresenta o Anticristo como um personagem real. Não é lenda nem ficção literária.

 Definição etimológica. De origem grega, a palavra Anticristo significa, etimologicamente, aquele que se levanta contra Cristo, colocando-se em seu lugar (1 Jo 2.22).

 Definição teológica. O Anticristo é o representante máximo de Satanás. É a sua mais perfeita representação (1 Jo 2.18). Trata-se de um homem que, aliciado pelo Diabo, colocar-se-á à sua inteira disposição, com o intuito de governar o planeta em seu nome.

Ele é conhecido também como a “besta que sobe do mar” e o “homem da iniquidade” (Ap 13.1; 2 Ts 2.3). Daniel no-lo mostra como o “assolador” (Dn 9.27).

 

 O APARECIMENTO DO ANTICRISTO

 

 Tempo. O Anticristo manifestar-se-á logo após o arrebatamento da Igreja. A sua chegada coincidirá com a Septuagésima Semana de Daniel (Dn 9.27). E o seu governo terá a duração de três anos e meio (Ap 13.5). Após esse período, enfrentará a ira do Cordeiro: a Grande Tribulação.

 Lugar. A sede política de seu governo será a cidade que, no Apocalipse, chama-se Babilônia (Ap 14.8). A hermenêutica profética permite-nos identificá-la com a metrópole que, no passado, sediou o Império Romano. Quando este reedificar-se, o Anticristo haverá de tomar a cidade de Roma como sede administrativa.

Sua capital religiosa será Jerusalém que, espiritualmente, recebe do Evangelista os cognomes de Sodoma e Egito (Ap 11.8). Por ocasião da Septuagésima Semana de Daniel, o Santo Templo já estará reconstruído. E nele assentar-se-á o Anticristo como se fora Deus, reivindicando uma adoração que cabe apenas a Deus (Dn 9.27; Mt 24.15; 2 Ts 2.4).

De Roma e de Jerusalém, a Besta que sobe do mar governará o mundo todo por quarenta e dois meses (Ap 13.5). Nessa empreitada, será sustentado pelo Dragão e pelo Falso Profeta.

 

 

 O SUSTENTO DO GOVERNO DO ANTICRISTO

 

O Anticristo contará com o suporte de dois tenebrosos personagens: um espiritual: o Dragão; e o outro humano: o Falso Profeta.

 O Dragão. O Dragão é identificado no Apocalipse como a Antiga Serpente (Ap 12.9). Conhecido também como Diabo e Satanás, foi o responsável pela primeira apostasia da humanidade, ao induzir Adão e Eva ao pecado (Gn 3.1-7). Nos últimos dias, seduzirá a raça humana a cometer a segunda grande apostasia da história: adorá-lo como deus na pessoa do Anticristo.

Os historiadores futuros certamente verão essa última rebelião da família adâmica como a Queda das quedas e a Apostasia das apostasias.

 O Falso Profeta. Embora não passe de um embuste, o Falso Profeta será convincente e irresistível. Seus milagres e prodígios serão de tal forma grandiosos que até fogo fará descer do céu (2 Ts 2.9; Ap 13.13). O apóstolo Paulo chama seus milagres de mentirosos. Ele realizará dois grandes sinais. O primeiro será uma falsa ressurreição: fará com que o Anticristo, dado como morto num possível atentado, volte à vida (Ap 13.3). Diante do acontecido, a humanidade exclamará: “Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?” (Ap 13.4).

Se o primeiro sinal causou admiração e espanto, o que não diremos do segundo? Ele ordenará aos que habitam na terra que ergam uma imagem à besta que sobrevivera à ferida mortal. Em seguida, dará vida à estátua, que se porá a falar (Ap 13.14,15). Com esses prodígios, convencerá todos a aceitarem a plataforma de governo do Anticristo.

 

. A PLATAFORMA DE GOVERNO DO ANTICRISTO

 

O Anticristo usará de todos os artifícios, quer naturais quer sobrenaturais, visando:

 A promoção da mentira. Representante do pai da mentira, o Anticristo terá por objetivo apagar toda a verdade que Deus imprimiu na Bíblia, na consciência humana e na história. Somente assim, conseguirá aprisionar a humanidade (2 Ts 2.11). Ele já começou o seu trabalho relativizando a verdade, inclusive a teológica.

 A promoção do pecado. O Anticristo é conhecido também como o “homem do pecado” (2 Ts 2.3). Hoje ele promove o homossexualismo, o aborto e a eutanásia, como se tais pecados e iniquidades fossem virtudes teológicas. Amanhã, quando assumir o governo do mundo, promoverá o genocídio dos que não lhe aceitarem o sinal, e não haverá ninguém para levantar a voz contra esse crime (Ap 20.4).

 A promoção do culto a Satanás. Durante o seu governo, constrangerá a humanidade a adorar o Dragão e seus demônios (Ap 9.20). A fim de que a idolatria, em seu mais alto grau, espalhe-se por toda a terra, o Anticristo levantar-se-á contra Deus e contra os que o adoram (2 Ts 2.4).

 A promoção de uma economia única. O Anticristo sabe que, somente controlando a economia do mundo, conseguirá subjugar a política internacional. Por isso, instituirá um código, conhecido como a marca da besta, para que sem o seu número ninguém possa comprar ou vender (Ap 13.16-18). Com a globalização da economia, os governos caminham nesse sentido, não pressentindo o que os espera num futuro bem próximo.

 

 

Quando o Anticristo proclamar já ter alcançado todos os seus objetivos, o Dia do Senhor virá e ele sofrerá repentina destruição (1 Ts 5.3). Isso acontecerá após o seu quadragésimo segundo mês de governo (Ap 13.5).

O que a Bíblia chama de Grande Tribulação abater-se-á sobre o reinado do Anticristo, levando-o à completa ruína. É a ira do Cordeiro sobre o império do mal (Ap 6.16).

Jesus Cristo destruirá o império do Anticristo, para implantar o Reino de Deus em sua plenitude: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).

 

 

A Marca da Besta

 

Através da história, vem-se tentando identificar o Anticristo nos ditadores e tiranos. Quando me encontrava em Israel em 1962, um judeu convertido disse-me para prestar atenção no nome de Richard Nixon, pois vertido em hebraico soma exatamente 666. Mais tarde, um irmão da Itália contou-me que a inscrição dedicada ao papa, e que pode ser vista no interior da basílica de São Pedro, em Roma, em algarismos latinos, também soma 666. É digno de nota que alguns escribas antigos substituíssem o número 666, por 616, para que se encaixasse com o nome de calígula. A igreja primitiva, unanimemente, rejeitou o artifício.

O Apocalipse, contudo, nada fala sobre a soma de números do nome da besta. A única chave é esta: ‘é o número de um homem’. Expositores da Bíblia interpretam o seis para simbolizar a raça humana. O três para designar a Trindade. A tripla repetição — 666 — pode simplesmente significar que o Anticristo é um homem que crê ser um deus, membro de uma trindade composta pelo Anticristo, Falso Profeta e Satanás (2 Ts 2.4; Ap 13.8)” (HORTON, S. M. Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer. 2.ed., RJ: CPAD, 2001, p.185).

                      2 Tessalonicenses 2.1-14.

 

1 - Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele,

2 - que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto.

3 - Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,

4 - o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

5 - Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?

6 - E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.

7 - Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado;

8 - e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;

9 - a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,

10 - e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.

11 - E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira,

12 - para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade.

13 - Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade,

14 - para o que, pelo nosso evangelho, vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

 .

A palavra “anticristo” só é mencionada na Bíblia em 1 e 2 João. Através de um jogo gramatical (singular e plural), o apóstolo faz distinção entre o “anticristo” (referindo-se ao governante mundial no tempo da Grande Tribulação), e “anticristos”, (aqueles que antecedem em seus ensinos o ministério do Ditador Mundial — 1 Jo 4.3). O prefixo “anti” tem o sentido básico de “em lugar de”, “oposto a” ou “semelhante a”, mas na epístola de João significa “contrário a”. Porém, o texto de 2 Tessalonicenses 2.4, conjuga dois sentidos: o de “contrário a”: “... o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus...”, e o de “semelhante a”, pois afirma que ele : “... se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”.

Quanto a sua natureza, o Anticristo será “segundo a eficácia de Satanás” (2 Ts 2.9), quanto ao seu caráter, será “o iníquo” (2 Ts 2.8), quanto a sua personalidade, “um orador cativante” (Dn 7.20; 2 Ts 2.11), quanto a sua missão, “opor-se a Deus” (v.4), quanto a sua influência, “mundial”, pois governará sobre todas as nações (Ap 13.8; Dn 8.24; Ap 17.12), quanto a Israel, será “o grande adversário” (Dn 7.21,25; 8.24; Ap 13.7).

 

Embora o Anticristo não se haja manifestado ainda plenamente, o seu espírito aí está, transtornando igrejas, torcendo as Sagradas Escrituras, alterando a configuração política das nações e apoderando-se dos organismos internacionais, objetivando a instauração de seu império numa rebelião aberta contra Deus.

Quando o apóstolo João afirmou que o mundo jaz no maligno, queria ele deixar bem claro que todos os recursos, quer humanos, quer materiais, acham-se devidamente aparelhados para acolher o homem do pecado.

Nesta lição, veremos quem é o Anticristo e por que buscará ele apoderar-se do planeta. Estejamos, pois, alertas! Que o Diabo não tenha lugar na Igreja de Deus!

 

 QUEM É O ANTICRISTO

 

As Sagradas Escrituras traçam-nos um nítido perfil do personagem que, durante a Septuagésima Semana de Daniel, haverá de dominar o mundo, subjugando todas as coisas ao império de Satanás. Vejamos, pois, como a Bíblia o descreve.

 O arquiinimigo de Deus e seu Cristo. O Anticristo será a mais completa personificação de Satanás e o seu mais autêntico representante. Seu objetivo será:

a) Levantar-se contra o Cristo de Deus; e

b) Postar-se em lugar de Cristo, como se fora ele o messias que haveria de trazer a libertação a Israel e a salvação a toda a humanidade (Jo 5.43; 2 Ts 2.4). Aliás, é exatamente isto o que significa a partícula grega anti: “contra e em lugar de”. O Anticristo, pois, é aquele que se coloca no lugar de Cristo e contra Cristo se levanta.

 O representante maior do Diabo. Segundo mostram os textos bíblicos, o Anticristo, ainda que pareça sobrenatural, será um ser humano como outro qualquer (Ap 13.12). Assim a Bíblia o intitula:

a) O príncipe que há de vir (Dn 9.26);

b) O que vem em seu próprio nome (Jo 5.43);

c) Aquele que se assentará no templo de Deus (2 Ts 2.4);

d) O homem do pecado (2 Ts 2.3).

 A Besta. Por que o Anticristo é assim chamado? Devido à sua natureza, arrogância e prepotência. Erguendo-se ele contra Deus, intentará a perpetuação de seu império e a anulação do Reino de Cristo. Assim como o Diabo, no início, usou a serpente para enganar Eva, usará agora o animal de feroz aparência para ludibriar as nações logo após o arrebatamento da Igreja. Nesta ocasião, manifestar-se-á ele plenamente (2 Ts 2.6).

 

 A MISSÃO DO ANTICRISTO

 

Tem o Anticristo como missão implantar o domínio de Satanás em todo o mundo, a fim de que este seja transformado no Reino das Trevas. Eis suas missões principais:

 Criar uma religião, onde seja o Diabo reverenciado por todos os que, desprezando a verdade, apegaram-se à mentira. Nesta esfera, ele é assistido pelo falso profeta (Ap 13.11-18).

 Estabelecer uma economia fortemente centralizada, através da qual forçará os habitantes da terra a aceitarem o sinal da besta (Ap 13.17,18).

 Destruir as bases da religião divina, para que todos venham a crer em suas mentiras: “O qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Ts 2.4).

 Enganar a Israel, fingindo ser o seu messias e, em seguida, destruí-la, numa tentativa sem precedentes de frustrar os planos de Deus com respeito ao estabelecimento definitivo e pleno dos filhos de Abraão na formosa terra (Dn 9.27; Ap 12.12-17).

 Destruir os que se hão de converter durante a Grande Tribulação, objetivando desarraigar da terra quaisquer testemunhos concernentes ao Deus Único e Verdadeiro e ao seu Unigênito (Ap 7.9-17).

 Multiplicar a iniquidade no mundo. Afinal, o Anticristo é conhecido como o homem do pecado e o iníquo (2 Ts 2.3). Ele, portanto, é o grande promotor da iniquidade.

 

 A DOUTRINA DO ANTICRISTO

 

Eis as bases da doutrina a ser implantada pelo homem do pecado:

 Substituir Deus pelo Diabo. Em muitos centros de estudos cristãos, o Senhor Deus já foi substituído pelo homem. Haja vista as teologias liberais, divorciadas da Palavra de Deus que se enveredaram pelo antropocentrismo, afirmando ser o homem a medida de todas as coisas (Sl 10.4; Ez 28.2). E, agora, já se busca substituir, descaradamente, Deus pelo próprio demônio!

 Criar um messias para Israel, visando promover um pseudo-salvador para toda a humanidade. Quando os judeus perceberem que o Anticristo não é, de fato, o seu Cristo, mas um impostor, tentará ele destruir a descendência de Abraão (Dn 9.27).

 Concretizar o que, desde que fora expulso do céu, o Diabo intenta fazer. Colocar o Diabo no lugar de Deus, a fim de que ele receba uma adoração que é exclusiva do Todo-Poderoso. A resposta de Deus para todas essas maquinações do Maligno está no Salmo 2. Ler também 2 Ts 2.8; Ap 19.19,20.

 

 O ANTICRISTO NO TEMPLO DE DEUS

 

Já que a Besta e o Falso profeta atuarão como antideuses, o reino de Satanás haverá de funcionar como o anti-reino de Deus.

Portanto, o momento de maior triunfo de Satanás será introduzir o seu representante no Santo Templo em Jerusalém. Ele assim agirá, a fim de que:

 Os judeus aceitem o Anticristo como o seu messias. “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5.43).

 A verdade seja erradicada. “E com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira” (2 Ts 2.10,11).

 Sejam suspensos os sacrifícios de Deus. “E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Dn 9.27).

Quando isto acontecer, será deflagrada toda a ira de Deus tanto sobre o Anticristo como sobre os seus adoradores. Mostrará Deus, uma vez mais, que não dividirá a sua glória com ninguém. 

 

Escreve Paulo que o Anticristo será destruído pela Palavra de Deus (2 Ts 2.7,8). No Apocalipse, assim está narrado o seu fim: “E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre” (Ap 19.20).O Senhor Jesus Cristo mostrará a todos que o seu poder é irresistível. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores.Senhor Jesus, não nos deixes ser seduzidos pelo engano nem pelas mentiras do adversário. Que possamos, nestes instantes que ainda nos restam, agir de maneira santa e irrepreensível até que venhas buscar a tua Igreja. 

“O Anticristo será um homem personificando o Diabo, porém, apresentando-se como se fosse Deus (Dn 11.36; 2 Ts 2.3,4). [...] A Besta ou Anticristo será uma personagem de uma habilidade e capacidade desconhecida até hoje. Será o maior líder de toda a história; acima de qualquer famoso general ou governante mundial conhecido. Será portador de uma personalidade irresistível. Sua sabedoria e capacidade serão sobrenaturais. Além da ação diabólica direta, outros fatores contribuirão decisivamente para a implantação do governo do Anticristo, como poderio bélico, alta tecnologia e poder econômico.

Será um grande demagogo. Influenciará decisivamente as massas com seus discursos inflamados (Ap 13.5). A Bíblia diz que toda a terra se maravilhará após a Besta (Ap 13.13). Exercerá uma influência e um fascínio extraordinário sobre as massas. [...] O Anticristo será recebido ao aparecer como solução dos problemas e crises sociais e políticas que fustigam o mundo inteiro, para os quais os líderes mundiais mais capazes não encontram solução” (GILBERTO, A. O calendário da profecia. 16.ed., RJ: CPAD, 2003, pp.48-9).

 

 

 Visões de consolo (14:1-20).

 

                 O Cordeiro no monte Sião (14:1-5).

 

A primeira visão novamente é proléptica, antecipadora (veja 10:7; 11:15), e retrata o destino do povo de Deus que foi preservado durante a grande tribulação, mas que tinha sido vítima da cólera da besta. João os vê no Reino messiânico. Esta visão somente se concretiza nos capítulos 20-22, mas João gosta de relatar a seus leitores visões antecipadoras do que virá no fim, para fortalecê-los para as experiências duras que estão à sua frente.

 

1.      Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil tendo nas frontes escrito o seu nome e o nome de seu Pai. João muda da profecia sobre a besta e os que levam a marca dela sobre a mão ou a testa para os redimidos, que trazem a marca de Deus. Apesar de terem sido vítimas da besta por se recusarem a adorá-la, sua salvação está assegurada. Em certo sentido isto é uma repetição da visão da grande multidão em 7:9-17, que passou pela grande tribulação e agora está diante do trono e do Cordeiro. A presente visão reafirma a sua vitória final, apesar do martírio infligido pela besta.

 

A última vez que vimos o Cordeiro ele estava diante do trono, no céu (7:9); aqui ele está na cidade santa, Sião ou Jerusalém. É possível que devamos entender o monte Sião simbolicamente, como lugar de libertação e vitória. O Salmo 2 promete que o ungido de Deus será colocado no “meu santo monte Sião” (Sl 2:6), e continua a promessa de vitória com as palavras: “Proclamarei o decreto do Senhor: Eleme disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Sl 2:7). O Novo Testamento encara a res­surreição do Messias como o cumprimento desta promessa (At 13:33; Hb 1:5; 5:5). Por esta razão é possível que o monte Sião deva ser enten­dido espiritualmente, como a vitória dos santos.

 

Porém é mais provável que o monte Sião signifique a vitória escatológica que, de acordo com o Apocalipse, consiste na nova Jerusalémque desce de Deus (21:2). A Sião ou Jerusalém antiga frequentemente é definida no Antigo Testamento como a sede do governo de Deus na terra e o centro da sua vitória final. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém estarão os que forem salvos” (Jl 2:32). No Novo Testamento, todavia, Sião se tornou “a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial” (Hb 12:22), não mais uma cidade terrestre, mas de cima (Gl 4:26). Jerusalém-Sião é a morada celestial do próprio Deus; não é mais uma cidade terrestre onde se pensa que ele mora. Na terra ele mora nos templos vivos dos corações do seu povo (Ef2:21-22). Quando vier o fim, todavia, as pessoas não deixarão a terra para voar até a Jerusalém celestial; esta é que vem a eles, descendo do céu, e Deus vai morar no meio dos homens.

 

Os cento e quarenta e quatro mil são o mesmo grupo que foi selado em 7:9-17; como naquela passagem, eles representam aqui a totalidade dos redimidos. Muitos intérpretes insistem em que duas características deles — castidade e primeiro fruto (v. 4) — os destacam como grupo especial de crentes, mártires ou celibatários. Mas estas palavras, não exigem que sejam interpretadas assim; Os santos que sofreram martírio no capítulo anterior estão agora na Jerusalém celestial, definitivamente salvos.

 

2.      João ouviu uma voz do céu, mas ele não diz de quem. Parece que ela vem da presença de Deus. A voz do Cristo glorificado era “como voz de muitas águas” (6:1). Os músicos são diferenciados dos quatro seres viven­tes no v. 3; parece que eles são exércitos de cantores celestiais. Sua voz se amplia em um poderoso crescendo.

 

3.      Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e dos anciãos. E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra. Em 5:9 são os vinte e quatro anciãos que cantam um cântico novo, louvando o Cordeiro que tinha resgatado a humanidade com seu sangue, para reinarem seu Reino. O cântico deste versículo também fala de redenção, porque só quem foi redimido da terra pode aprendê-lo. Como em 5:9 os anciãos entoam o novo cântico mesmo sendo um hino de redenção, assim também este cântico novo é entoado pelos anjos, mas foi composto principalmente para os redimidos.

 

4.      São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. A palavra grega traduzida “castos” é a mesma que significa “virgens” (parthenoi). Muitos intérpretes pensam que estas palavras identificam os cento e quarenta e quatro mil como uma classe especial de cristãos que levaram uma vida de autonegação e pureza especial, abstendo-se do casamento e se tornando celibatários. O sentido básico de parthenoi parece apoiar este ponto de vista. Mas isto seria uma violação de toda a teologia bíblica. A Bíblia nunca considera as relações sexuais pecaminosas ou profanas. Relações sexuais são sem excessão encaradas como um elemento importante do relacionamento humano; na verdade, são um dom de Deus. Ser casto ou evitar profanação sexual sempre está em contraste com relações sexuais ilícitas. O Novo Testamento recomenda o casamento, e as relações sexuais são parte essencial do casamento (1 Co 7:4ss.). É ver­dade que Paulo afirma que muitas vezes os ministros cristãos podem desincumbir-se com mais eficácia das suasresponsabilidades ficando sol­teiros (1 Co 7:32-34), mas não por encarar o sexo como algo profano; somente porque o relacionamento familiar traz consigo outras respon­sabilidades.

 

A palavra “casto” (ou “virgem”) pode se referir à condição espi­ritual, não somente a relações físicas. Inácio saúda seus irmãos “suas es­posas e filhos, e as solteiras (parthenoi) chamadas de viúvas” (Inácio aos Esmirneanos, 13:1). Quanto à sociedade, estas mulheres tinham estado casadas e eram agora viúvas; mas espiritualmente elas eram virgens. Paulo também usa esta palavra para os que são casados: “Tenho-vos preparado para vos apresentar como virgem pura (parthenon) a um só es­poso, que é Cristo” (2 Co 11:2). Esta interpretação encontra apoio no fato de que João em diversas ocasiões fala da idolatria da besta como porneia — prostituição (14:8; 17:2, 4,18:3,9; 19:2). Esta ideia tem um pano de fundo extenso no Antigo Testamento, onde a apostasia do Deus de Israel, para adorar os deuses dos cananitas, constantemente é chamada de adul­tério. Por esta razão concluímos que os 144.000 são virgens e puros no sentido de terem se recusado a se manchar, participando da prostituição que é adorar a besta, mantendo-se puros em relação a Deus.

 

São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro. Este grupo é casto e puro, mas este é seu traço negativo; o lado positivo do seu caráter é que eles são leais ao Cordeiro; eles o seguem, mesmo que seja para a morte. Isto é discipulado perfeito e sem hesitação. Assim como o caminho de submissão perfeita à vontade do Pai levou o Cordeiro à sua morte sacrificial na cruz, ser discípulo dele pode bem levar a compartilhar da sua cruz (Mt 10:38; Mc 8:34). Eles seguem o Cordeiro porque não pertencem a si mesmos; eles foram redimidos — comprados para Deus, às custas do sangue do Cordeiro (5:9).

 

Como redimidos eles são “primícias para Deus”. Esta palavra não está totalmente livre de dificuldades, porque geralmente ela designa uma parte do todo. As primícias eram os primeiros frutos da colheita, aos quais seguiriam muito mais. A palavra grega é usada com este sentido falando da ressurreição de Cristo; ele é a primícia da ressureição de todos os santos; ele é a primeira etapa do que os santos são o todo (1 Co 15:20, 23). Este significado sustentaria o ponto de vista de que os 144.000 são um grupo escolhido de cristãos, em contraposição aos crentes como um todo. Mas este significado de nenhuma maneira é obrigatório. “Primícias” pode significar todo um grupo, com vistas à sua consagração total a Deus. Neste sentido os cristãos são chamados de “como que primícias das suas criaturas” (Tg 1:18). Do mesmo modo diz Jeremias: “Israel era consagrado ao Senhor, as primícias da sua colheita” (Jr 2:3). A nossa passagem não contém nenhum pensamento no sentido de que es­tes redimidos são um primeiro grupo de pessoas, seguido da salvação dos demais. Na verdade Deus quer a salvação de toda a raça humana, mas só os redimidos são os que de fato se entregam a ele; assim, a ênfase do ter­mo está na entrega e consagração dos redimidos.

 

5.      E não se achou mentira na sua boca; não têm mácula. O termo “sem mácula” é usado no Antigo Testamento para os sacrifícios limpos, em condições de serem oferecidos a Deus. Aqui os redimidos pertencem a Deus, numa dedicação sem falhas. A natureza particular desta dedicação impecável é que neles só há verdade: “Não se achou mentira na sua boca”. Em Israel os redimidos eram os que “não proferem mentira, e na sua boca não se acha língua enganosa” (Sf 3:13). Honestidade perfeita era uma das características do servo do Senhor (Is 53:9). Os redimidos são, como o seu Senhor, absolutamente sinceros e sem malícia (1 Pe 2:22).

 

Chamada ao arrependimento (14:6-7).

 

6.      Vi outro anjo voando pelo meio do céu. Já falamos que o capítulo catorze consiste de uma série de visões pouco relacionadas entre si, antecipando o fim. Depois de ver os redimidos finalmente salvos, João ouve um anjo exortando todos a que se arrependam enquanto há tempo, antes que venha o julgamento final e seja tarde demais. Não está claro por que o anjo é “outro”, a não ser que entendamos que o novo cântico no céu (vv. 2- 3) foi entoado por exércitos de anjos. Ele voava no meio do céu, no zénite, onde todos poderiam vê-lo (veja 8:13). A mensagem do anjo era para os que se assentam sobre a terra — a expressão costumeira de João para pessoas não regeneradas (veja 3:10; 6:10; 8:13, etc.). Este anjo não fala a crentes, mas a incrédulos. Sua mensagem é um evangelho eterno. O artigo definido ausente representa uma dificuldade. Levou muitos comentadores a verem aqui uma mensagem especial que será pregada em relação à vinda do fim. Um estudioso contemporâneo nosso acredita que isto se refere a um ministério angélico especial, no tempo do fim, que resultará em um grande movimento de salvação entre os gentios? Mas é possível entender o anúncio do fim como uma parte das boas novas — um evangelho anunciado aos profetas. Aos adoradores da besta e aos que não querem se arrepender, o anúncio do fim não é evangelho; representa castigo e julgamento. Mas o anúncio do fim é boa nova, porque representa a consumação do plano divino de redenção. Talvez não devamos fazer tanto caso da omissão do ar­tigo definido. Paulo fala do evangelho de Deus (Rm 1:1) sem o artigo definido.

 

7.      Dizendo, em grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas. À luz da proclamação do anjo de que o fim está próximo, todos os homens são exortados a que se arrependam. Ainda não é tarde demais; o julgamento final ainda não veio; ainda há tempo para se arrepender e encontrar misericórdia diante de Deus. Para a frase “dai-lhe glória”, veja observações a 11:13; ela implica claramente em arrepen­dimento.

 

Deus é descrito mais em termos de juiz e criador. Os habitantes da terra ficaram maravilhados com os poderes manifestos pela besta e seu falso profeta (13:12-14); o anjo os lembra de que se haverão com alguém que é mais poderoso que a besta — aquele que é a origem de todas as coisas no céu e na terra.

 

A queda de Babilônia (14:8).

 

8.      Seguiu-se outro anjo, o segundo. A chamada ao arrependimento, à vista do julgamento iminente, é seguida de um anúncio angélico que an­tecipa a queda de Babilônia. Isto é semelhante ao anúncio antecipado da vinda do Reino de Deus (11:15; 12:10).Babilônia era o grande inimigo de Israel nos tempos do Antigo Testamento (Is 21:9; Jr 50:2; 51:8), e aqui representa a capital da civilização apóstata dos últimos dias, o símbolo da sociedade humana organizada política, econômica e religiosamente em oposição e desafio a Deus. Babilônia foi personificada pela Roma do primeiro século (1 Pe 5:13); na literatura apocalíptica judaico-cristã Babilôniapassou a ser um nome simbólico para Roma (Oráculos Sibilinos V. 143, 159, 434, Apocalipse de Baruque 11:1; 67:7). O vinho da fúria da sua prostituição (veja 18:3) combina duas ideias: o vinho usado para em­bebedar e seduzir a relações sexuais ilícitas, e “o vinho da cólera de Deus” (v. 10). Babilônia enganou e seduziu todas as nações pela atração e fas­cinação da sua riqueza e da sua luxúria; mas esta taça de prazer sensual transbordará, transformando-se na taça da cólera de Deus. A queda de Babilônia, anunciada aqui, está descrita em 17:1-18:24.

 

O castigo dos adoradores da besta (14:9-12).

 

A chamada universal ao arrependimento segue-se uma promessa de castigo para aqueles que não quiserem se arrepender. Qual será o destino dos que persistirem adorando a besta? O que acontecerá àqueles que não se comovem com a lealdade dos mártires, que selam seu testemunho fiel de Jesus com seu sangue? Esta visão responde a estas perguntas.

 

9-10. Seguiu-se a estes outro anjo, o terceiro, dizendo, em grande voz: Se alguém adora a besta e a sua imagem, e recebe a sua marca na fron­te, ou sobre a mão, também este beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira. Temos de recordar mais uma vez que por trás das manifestações da ira de Deus contra a civilização rebelde, nas pragas das sete trombetas — e no futuro imediato dos sete flagelos — havia um plano de misericórdia: fazer com que as pessoas se arrependessem, enquanto havia tempo. Os que irreversivelmente se decidiram pela hostilidade a Deus têm de se tornar ob­jetos da ira divina antes que o Reino de Deus seja estabelecido. É inima­ginável que pessoas que odeiam o Messias de Deus e participam da per­seguição ao povo de Deus entrem no Reino de Deus. O reinado perfeito de Deus e a instituição do seu governo no mundo inclui a necessidade de que aqueles que se recusam a se submeter a este governo sejam julgados.

 

Duas palavras são usadas para descrever o julgamento de Deus: cólera (thumos) e ira (orge). Não podemos fazer uma distinção muito grande entre as duas palavras, mas orge é o tipo de ira que parte de uma disposição já tomada, enquanto que thumos representa uma ira mais passional. Na maior parte do Novo Testamento é usada a palavra orge para a ira divina; fora do Apocalipse thumos aparece só uma vez (Rm 2:8). Na Bíblia grega as duas palavras frequentemente aparecem juntas, para intensificar a realidade da ira de Deus.

 

Em qualquer caso, a ira de Deus não é uma emoção humana; é a reação preestabelecida da sua santidade à pecaminosidade e rebelião humanas. Enquanto Deus em sua ira não purificar o mundo de todo mal e rebelião seu Reino não pode vir. Por isso, no sentido mais amplo do plano de Deus para o homem, sua ira é necessária, correlata ao seu amor e à sua misericórdia. Dois dos principais temas do Apocalipse são a obs­tinação dos homens diante da salvação que Deus oferece, manifesta em sua submissão à besta, e o julgamento de Deus que tem de atingi-los. João enfatiza no Apocalipse a ira de Deus mais que qualquer outro livro do Novo Testamento (14:8, 10,19; 15:1, 19; 19:15). Porém não é de maneira inconsequente que seu evangelho, que expressa o amor de Deus mais que qualquer outro, também insiste: “Quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3:36). Paulo inicia sua mais elaborada declaração sobre o evan­gelho da graça com as palavras: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens” (Rm 1:18; veja Rm 3:5; 12:19; Cl 3:6). Qualquer interpretação da mensagem do Novo Testamento que não inclua a ira de Deus está atenuada e mutilada.

 

O vinho da ira de Deus é “preparado, sem mistura, no cálice da sua ira”. Literalmente seria: “misturado sem mistura”. Era costume dos antigos misturar temperos e ervas ao vinho para lhe dar mais sabor, e “mis­turar vinho” até se tornou sinônimo de “servir vinho” (Sl 75:8). Mas o vinho da ira de Deus também é sem mistura, forte; será sorvido sem atenuação. As duas palavras são usadas de maneira semelhante nos Sal­mos de Salomão, onde Deus “lhes misturou um espírito de loucura, e lhes deu de beber uma taça de vinho não dissolvido” (8:15).

 

E será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. Este é o significado da taça da ira de Deus. O lago de fogo e enxofre será o lugar definitivo de castigo da besta e do falso profeta, e de todos que não tiverem seu nome escrito no livro da vida do Cordeiro (20:10,15). Como a descrição da cidade celestial, também estas palavras têm de ser entendidas simbolicamente, como uma realidade temível e derradeira que ninguém pode descrever. A palavra comumente usada para o lugar dos perdidos, no Novo Testamento, é geenna ou Gehenna, enquanto o mundo dos mortos intermediário é hades (sheol, no Antigo Testamento). Geenna não aparece no Apocalipse; hades aparece quatro vezes, usado quase como sinônimo de túmulo (1:8; 6:8;20:13,14). Nossa versão traduz tanto geena como hades por “inferno”, confundindo muito a situação; ambos têm significado bem diferente.

 

Geenna vem do hebraico ge-hinnom, que significa “Vale do Hinom” e se refere ao vale que passava ao sul de Jerusalém onde, nos dias da monarquia, judeus apóstatas adotaram as práticas cultuais da Palestina e queimaram crianças em honra a Baal e Moloque (2 Rs 23:10; 2 Cr 28:3; 33:6; Jr 32:35). Por isto o vale do Hinom se tornou tradicionalmente para os judeus um sinônimo de destruição pelo fogo. Jeremias vê o vale transfor­mado em vale da Matança (Jr 7:31-32; 19:5-6), no dia da vingança. Nosso Senhor também usou esta figura para descrever o destino dos maus. Ad­vertiu seus ouvintes que empregassem todos os meios necessários para remover os obstáculos e evitar este destino: “É melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno (geenna), para o fogo inextinguível” (Mc 9:43). Em outra ocasião Jesus descreveu o destino dos perdidos como sendo separação eterna de Deus e do seu Cristo (Mt 7:23; 25:12).

 

Não podemos compreender tudo que está implícito na afirmação de que os maus serão castigados “diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro”. Jesus disse que negaria diante de Deus e dos anjos aqueles que o negassem (Mc 8:38; Lc 12:9). A literatura apocalíptica judaica contém um detalhe que falta no Apocalipse, que os maus serão castigados na presença dos santos (Enoque 48:9). O ponto central parece ser, como Beckwith sugeriu, que a presença do Cordeiro, agora triunfante e vi­torioso, seria o fator mais doloroso do sofrimento dos perversos, porque como adoradores da besta eles tinham combatido o Cordeiro junto com esta.

 

11.    A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem, e quem quer que receba a marca do seu nome. Este versículo nos lembra de outro grupo, os vinte e quatro anciãos, que “não têm descanso nem de dia nem de noite, proclamando” louvores e adoração a Deus (4:8). A duração eterna do castigo dos maus não é novidade no Novo Testamento. Jesus tinha falado do castigo eterno dos perversos (Mt 25:46), e advertiu acerca do inferno de fogo, onde “não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” (Mc 9:48).

 

12.    Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. À vista do castigo certo da besta e dos que a adoram, João insere uma exortação à perseverança por parte dos que irão sofrer às mãos da besta. A “fé em Jesus” é um genitivo objetivo e não pode ser traduzida ‘ ‘fé de Jesus”.

 

A bem-aventurança dos mártires (14:13).

 

13.    Então ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham. Os santos são exortados à perseverança, mas são também assegurados da bênção que há em sua morte. Esta bem-aventurança — preferida dos cris­tãos diante da morte — vale primeiramente para os que sofrerão martírio, não para os santos em geral. Mas não precisamos entender que os outros cristãos não podem se alegrar com esta bênção. O mesmo descanso é prometido aos mártires em 6:11. A palavra “desde agora” não quer dizer que os outros santos não são bem-aventurados, mas que os que em breve cairão por mão da besta são os felizes de Deus, contrariando todas as aparências externas. No Senhor todos os crentes morrem, assim como também vivem em Cristo (1 Co 15:18; 1 Ts 4:16). Isto não identifica um grupo de cristãos especial. O Espírito Santo confirma e explica a bem-aventurança: os abençoados descansarão. A palavra grega traduzida “fadigas” significa trabalhar até à exaustão. A perseguição pela besta levou os santos ao fim das suas forças. Mesmo assim eles morremno Se­nhor, e suas obras, seus feitos, os acompanham além-túmulo. Estas obras são sua perseverança, sua obediência aos mandamentos de Deus e sua fé em Jesus mencionadas na bem-aventurança anterior.

 

A colheita (14:14-16).

 

João encerra seu interlúdio com duas visões: uma da colheita dos grãos e outra da vindima da ira de Deus. A primeira retrata o julgamento escatológico, com referência especial para o ajuntamento dos justos, na salvação; a segunda retrata a condenação dos perversos. Estas duas visões pressupõem que a luta final e espiritual entre Cristo e o Anticristo já terminou e que os homens tomaram sua decisão; lealdade a Cristo nem que seja até à morte, ou adoração da besta. As duas visões dão um retrato dramático antecipado de como será o destino destes dois grupos. O cum­primento das visões só ocorre nos capítulos 19-20.

 

14.    A maneira natural de entender o semelhante a filho de homem que João vê é que ele é o Messias que volta, o próprio Cristo; e é difícil evitar esta conclusão. A ideia do “semelhante a filno de homem” remonta à visão da vinda do Reino de Deus em Dn 7:13, onde um semelhante a filho de homem foi apresentado ao Ancião de dias, recebendo um reino eterno, para que todos os povos e nações o servissem. Jesus também falou do papel do Filho do Homem no julgamento final, que ele comparou a uma colheita (Mt 13:37ss.); e comparou ainda a missão escatológica do Filho do Homem à separação dos justos dos perversos (Mt 25:31ss.). João tinha antes com­parado o Jesus exaltado a um semelhante a filho de homem (1:13). Con­siderando que Filho do Homem é um termo usado com frequência para o papel escatológico de Cristo, e também que o termo Filho do Homem no Novo Testamento nunca é aplicado a anjos, temos de concluir que se trata aqui de uma visão de Cristo que retoma.

 

A objeção a isto é que esta figura celestial inicia a colheita à ordem de “outro anjo” (v. 15); e seria considerado impróprio se Cristo começas­se a colheita somente depois de um anjo lhe ordenar isto. Esta objeção, no entanto, não é fatal, porque muitas vezes no pensamento apocalíptico anjos fazem o papel que poderíamos atribuir ao Messias. Na parábola do trigo e do joio o Filho do Homem semeia a boa semente, mas os anjos são os trabalhadores na colheita (Mt 13:37, 41); estão, porém, sob as ordens do Filho do Homem. Na parábola da rede os anjos são os pescadores que separam os maus dos justos (Mt 13:49). No capítulo que pode bem ser considerado chave no livro do Apocalipse, retratando a luta espiritual que se desenrola por trás da história, Miguel e seus anjos obtêm a vitória sobre o dragão (12:7ss.), apesar de em todo o Novo Testamento a vitória sempre ser conquistada por Cristo. O relacionamento entre Cristo e seus anjos é um mistério que não podemos resolver, mas é evidente que ele é íntimo. De maneira que não pode haver objeção grave ao fato de que um anjo está comandando a colheita.

 

O Filho do Homem está sentado em uma nuvem branca. No Apo­calipse a cor branca tem um significado simbólico e está sempre rela­cionada com as coisas de Deus (veja nota a 6:2). A nuvem branca é re­manescente da nuvem brilhante que foi vista no monte da Transfiguração (Mt 17:5). Geralmente são mencionadas nuvens com a volta de Cristo (Mt 24:30; 1:7). A coroa de ouro simboliza triunfo, a foice afiada serve para fazer a colheita.

 

15.    Outro anjo saiu do santuário. Isto mostra que o anjo está saindo da presença de Deus, trazendo uma mensagem do próprio Deus. O anjo é somente mensageiro. A expressão “outro anjo” é frequente no Apocalip­se e nem sempre pode ser bem definida (veja 7:2; 8:3; 14:6). A seara da terra é um símbolo bíblico frequente para o julgamento final (Jr 51:33; Os 6:11, Mc 4:29, Mt 13:39). Geralmente a ideia engloba tanto os maus como os justos. No presente contexto, e já que a visão seguinte está relacionada à colheita (vindima) dos perversos, é difícil evitar a conclusão de que a colheita do cereal se refere em especial aos justos, apesar de este fato não estar em destaque. A figura da colheita para recolher os que devem entrar no Reino de Deus (Mt 9:37s., Lc 10:2, Jo 4:35-38) reforça esta ideia.

 

A seara da terra já secou, está madura. Estas palavras trazem a ideia de que a história se desenrola sob a soberania de Deus, contrário ao que parece aos homens. A história e os acontecimentos humanos não são determinados por um destino cego e sem sentido, que não leva a nada. Deus vela sobre a história, e em sua sabedoria divina virá a hora em que a humanidade estará madura para o julgamento. A história não está sem controle; na hora de Deus serão colocados os pingos nos is.

 

Algumas versões (RV, NEB) traduzem a palavra grega para “secou” por “mais que madura”, mas isto é desnecessário. A ideia simplesmente é que chegou a hora de colher, que não pode ser adiada.

 

16.    E aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada. Cristo pode usar os anjos como instrumentos (veja acima), mas quem ceifa é ele. A colheita é descrita nos capítulos 19-20.

 

vindima (14:17-20).

 

Não há dúvidas sobre o significado da segunda visão da consu­mação; ela retrata em traços claros e vívidos o julgamento dos perversos, como se fosse uma colheita de uvas.

 

17.    Então saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, ten­do ele mesmo também uma foice afiada. Um anjo é quem faz a colheita das uvas, mas ele sai do santuário, ou seja, da presença de Deus, servindo como anjo de Deus. Em Mt 25:41 o Filho do Homem é quem envia os per­versos para o seu castigo, acompanhado dos seus anjos; no Apocalipse o julgamento final é uma expressão da ira do Cordeiro (6:16), apesar de ser mais descrito em termos de ira de Deus (14:10; 16:19; 19:15).

 

18.    Saiu ainda do altar outro anjo, provavelmente do altar do incen­so, que foi antes mencionado em conexão com as orações dos santos (8:3s.). Somos lembrados mais uma vez da eficácia das orações do povo de Deus na terra, mesmo perseguido, orando que o fim venha logo. As orações dos santos estão para ser respondidas, por fim. Se, porém, a alusão é ao altar do sacrifício, então entra em questão o clamor das almas debaixo do altar por justiça (6:9ss.) — uma oração prestes a ser respondida. Em qualquer caso o pensamento básico é o mesmo. Não é dada nenhuma ex­plicação para o fato de que o anjo tem autoridade sobre o fogo: talvez uma referência ao fogo do altar, possivelmente porque o fogo, com frequência, é associado a julgamento.

 

A figura da colheita de uvas aparece em outras passagens da Es­critura como sinal de juízo. “O lagar eu o pisei sozinho. ... Pisei as uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o seu sangue me salpicou as vestes e me manchou o traje todo” (Is 63:3). “Lançai a foice, porque es­tá madura a seara; vinde, pisai, porque o lagar está cheio, os seus compartimentos transbordam; porquanto a sua malícia é grande” (J13:13).

 

19.    Então o anjo passou a sua foice na terra e vindimou a videira da terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus. Este versículo deixa claro que a colheita das uvas significa julgamento e não salvação. Em 19:15 a mesma colheita é tarefa do Messias que “pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-poderoso”. Não há problema no fato de a tarefa judicial do Messias ser retratada aqui como tarefa de um anjo.

 

20.    E o lagar foi pisado fora da cidade, que não é especificada e provavelmente não pretende ser. A cidade simboliza Deus morando no meio do seu povo — talvez seja a nova Jerusalém — e a ideia é que o jul­gamento cairá sobre os perversos no momento em que são expulsos da presença de Deus. É possível que haja aqui uma vaga alusão à batalha escatológica de Jl 3:2, 12. A figura muda de repente do pisar das uvas para um massacre militar. A quantidade de sangue que correu literalmente é inconcebível; mil e seiscentosestádios é uma distância de uns trezentos quilômetros — todo o comprimento da Palestina. A figura mostra toda a terra de Israel inundada de sangue de um metro e meio de altura. A ideia é clara: o julgamento é radical, destruindo qualquer vestígio de maldade e hostilidade contra o reinado de Deus.

 

Os três capítulos anteriores foram um interlúdio entre as sete trombetas e os sete flagelos. A sétima trombeta, ao soar, anunciou o período do fim (10:7); mas quando ela soou, ela que seria o terceiro ai, não veio nenhuma praga ou castigo; em vez disto temos uma visão que mostra an­tecipadamente a vinda do Reino de Deus. Já que a sétima trombeta não traz nenhuma praga, apesar de ser o terceiro ai, e “com estes se con­sumou a cólera de Deus” (15:1)., Estas pragas somente são derramadas “sobre os homens portadores da marca da besta e adoradores da sua imagem” (16:2) e têm, como as sete trombetas, o propósito indireto de colocar as pessoas de joelhos diante de Deus, na última oportunidade de arrependimento (16:8). 

Bibliografia G. Ladd,COMENTARIO DO APOCALIPSE,1980 E 

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As Sete Intervenções Divinas Ap 14:1-20

 

Este capítulo parentético do Apocalipse é grandemente antecipatório. Os capítulos 14 a 16 descrevem as preparações para o juízo messiânico, e oferecem uma mistura de cânticos, soluços, música e miséria, alegria e julgamento, glória e perdição, céu e inferno. O capítulo 14 contém uma intervenção divina, repetida sete vezes, de graça e julgamento e constitui-se resposta ao clamor do remanescente: “Por que te conservas ao longe, Senhor? Por que te escondes em tempos de angústia?” (Sl 10:1). O clamor “Quanto tempo, ó Senhor?” tantas vezes repetido encontra resposta, um acorde sensível em nossos próprios corações, ao pensarmos no morticínio, na miséria e angústia dos nossos dias carregados de pecado e pejados de guerra. Será que Deus jamais mostrará a mão? As forças da iniquidade serão vitoriosas para sempre? Entregou Deus os seus santos à vontade do inimigo? Quando intervirá ele?

 

Este capítulo prova que o dia de Deus chegará. As rodas da justiça de Deus podem parecer andar lentamente, mas rodam com segurança total. A colocação deste capítulo é ideal, pois serve como prelúdio indispensável aos juízos medonhos e providenciais de Deus. Os capítulos 12 a 14 formam um episódio de interesse dramático—uma única profecia ligada. Os capítulos 12 e 13 descrevem os feitos do dragão e das bestas. A verdade caiu nas ruas; o sangue dos santos flui livremente como água; desafio aberto a Deus está na ordem do dia. O bem está quase banido da terra (Sl 4:6) e a fé desapareceu (Lc 18:8). A cena profética inteira se tornou em “playground” de Satanás.

 

Mas no capítulo 14 respiramos mais livremente. O segador divino está às portas. A iniquidade horrível da terra está prestes a terminar. Aparecendo entre as trombetas e as taças, o capítulo 14 toca o dobre da morte dos governadores arrogantes, blasfemos e cruéis dos homens. O fardo acumulado de angústia e tensão agora se desfará dos corações do povo perseguido de Deus.

 

Como um todo o capítulo contém um contraste entre o Cordeiro e os judeus selados, entre as nações e o anticristo, entre os seis anjos e seus anúncios e entre as duas foices e sua colheita.

 

Os Cantores e seu Cântico (14:1-5)

 

Estes quatro versículos apresentam-nos uma das cenas mais admiráveis do Apocalipse. Uma visão clara e de alegria, a calma depois da tempestade: da tirania da besta ao triunfo do Cordeiro! Esta deveras é uma transição bem-vinda. Agora examinemos os santos, estes que já não estão expostos à tribulação mas sentam-se em posição de realeza.

 

Seu Salvador

 

Dá-se preeminência ao Cordeiro no Monte de Sião, em torno de quem se reúne esta multidão que canta. O livro do Apocalipse é essencialmente um Livro do Cordeiro. Nosso Senhor é descrito desta forma umas 27 vezes. E é como o Cordeiro que foi morto que ele é visto. Por causa de suas cicatrizes, terá a soberania. Neste capítulo temos uma visão antecipatória da vinda de Cristo em poder. O cordeiro sangrento agora está a caminho da vitória. Seus escolhidos foram como cordeiros no meio de lobos, e o rebanho fora afligido pela “besta selvagem”. Mas venceram mediante o sangue do Cordeiro, e agora encontram-se felizes ao seu lado.

 

Sua Localização

 

Esta multidão distinta encontra-se em pé no Monte Sião, o local escolhido para a sede do reino terrestre e glorioso de mil anos de Cristo e seus santos. O Cordeiro deixou sua posição no trono e agora se encontra no monte Sião. Aqui é o local do poder real, da intervenção de Deus em graça, da soberania de Deus, tudo com respeito a Israel. “Sião” é mencionado somente uma vez no Apocalipse e é um termo extremamente interessante. Como certo escritor expressou: “Das 110 vezes que Sião é mencionado, 90 são em termos do grande amor e afeição do Senhor por ele, de modo que o lugar tem grande significação.” Para o judeu, Sião é rico em recordações sagradas (Is 2; Sl 2:6). Finalmente o reino de Deus está no monte Sião, e cercando-o estão os que ele comprou como súditos leais e amáveis!

 

O Número Deles

 

Afirma-se o número específico dos remidos. Temos outras 144.000 pessoas, e a pergunta que se faz é: “Quem são estes cantores selados?” É esta grande multidão o mesmo grupo de 144.000 do capitulo 7? Certo expositor sugere que o grupo do capítulo 14 representa somente uma porção da grande seara dos santos redimidos da Tribulação—uma “primeira prestação” marcada por serviços espirituais elevados. Similaridades entre estes dois grupos podem ser notadas. Em ambos os grupos o número, 144.000, é o mesmo. Ambos os grupos estão no monte Sião, são selados sobre as frontes e estão felizes e livres de aflição.

 

A repetição do número, entretanto, não prova que estes dois grupos são o mesmo. Walter Scott sugere: “Os 144.000 aqui apresentados são de Judá; uma companhia similarmente numerada de todo o Israel (7:4) forma uma visão separada. . . são judeus que mantiveram firmemente o direito de Deus e do Cordeiro; agora publicamente são possuídos por eles. . . 144.000 santos judeus que ocupam o lugar de liderança no reinomilenial da terra.” 144.000 indica o número e a plenitude governamen­tal.

 

Seu Selo

 

Em contraste com os 144.000 do capítulo 7, que são selados como “servos de nosso Deus”, este número espantoso de 144.000 do capítulo 14 são selados nas frontes com os nomes do Cordeiro e o de seu Pai. O selo, é claro, representa o sinal de posse e a garantia de preservação. De seu “lindo distintivo de bênçãos”, WilliamNewell sugere que proclamou sua posse, exibiu seu caráter e anunciou seu destino.

 

É evidente que o selo destes confessores de Cristo está em contraste com a marca da besta em cada um dos seus adoradores. “Ocorreu-nos”, diz Newell, “que a presença do selo celeste nas frontes dos remanescentes do capítulo 7 em diante evidencia aos homens que Satanás é forçado a procurar quebrar sua influência ao exigir o selo oposto nas frontes dos seus devotos. Isto pode ser verdade especialmente ao refletirmos que Deus preserva (como em 9:4) os que têm seu selo, das misérias a que outros estão sujeitos.”

 

Seu Cântico

 

As vozes do céu que João ouviu eram como as vozes de muitas águas e a voz de um grande trovão. Assim como a voz de Deus, também é a voz dos coristas celestes, que estão de acordo com os do monte Sião. A multidão que canta ao som da harpa nos céus e o grupo preservado de Judá formam um grande coro. Harpas, associadas com cântico (5:8; 14:2; 15:2), proclamam o louvor em coro dos redimidos e das hostes celestes. O cântico e a harpa misturam-se tão lindamente que a referência que se lhes faz é de uma voz majestosa como a de muitas águas e poderosa como um grande trovão.

 

O cântico que os harpistas celestes conheciam, que somente os podiam aprender, é chamado de um cântico novo. O cântico velho estava relacionado com a criação: “Quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo” (Jó 38:7). Este cântico novo tem como tema central a redenção. E é por isso que se refere a ele como o cântico de Moisés e do Cordeiro. Deus e o cântico velho são unidos. O Cordeiro e o cântico novo são ligados. Os modos de Deus lidar com poder com Israel, combinados com sua graça presente para com eles e para conosco, parece ser o pensamento do cântico de Moisés e do Cordeiro (15:3).

 

A. R. Fausset, comentando a respeito deste cântico novo, diz: “O cântico é de vitória após o conflito com o dragão, a besta e o falso profeta; nunca foi entoado antes, pois conflito tal não havia sido empreendido antes; portanto, era novo: até agora o reino de Cristo na terra tinha sido usurpado. Eles entoam o cântico novo em antecipação da posse que Cristo há de tomar de seu reino comprado com o sangue juntamente com seus santos.” A palavra no grego é “cantam”, indicando cântico contínuo.

 

Não devemos nos esquecer de que os 144.000 regozijam-se porque foram “comprados dentre os homens”. Temos a frase dupla “compra­dos da terra” (um lugar pecaminoso) e “redimidos dentre os homens” (uma raça pecaminosa). Algumas versões usam “comprados” ou “resgatados” em lugar de “redimidos”. Esta alta posição é privilégio dos 144.000 por terem sido comprados e não por terem sido vitoriosos sobre a besta. Os anjos não podem entoar este cântico novo, pois não sabem pessoalmente o que é sair da grande Tribulação e ter as suas vestes lavadas no sangue do Cordeiro (7:14).

 

Sua Separação

 

Em 14:4, 5 temos uma descrição maravilhosa do andar e do testemunhar desta parte vitoriosa de Judá, que emergiu da grande Tribulação e agora está de pé em triunfo com o Cordeiro no monte de Sião, a sede da realeza e da graça soberana. Eles passaram por uma prova terrível. A corrupção mais vil, idolatria aberta, vanglória orgulhosa, blasfêmia ousada e maldade declarada os haviam cercado, mas, como os judeus deSardes, estes 144.000 emergiram com vestes não contaminadas.

 

Eram virgens. Devemos compreender isto no sentido espiritual (Mt 25:1), em contraste com a igreja apóstata (14:8), que espiri­tualmente era uma “prostituta” (17:1-5); Isaías 1:21 contrastado com 2 Coríntios 11:2; Efésios 5:25-27. “Não se contaminaram com mulheres” significa que não foram desviados da fidelidade ao Senhor pelos tentadores que conjuntamente constituem a prostituta espiritual. William Newell sugere que são “nazireuscompletos para Deus no tocante à sua relação com as mulheres”. Mas esta interpretação confinaria este grupo definido a homens somente. A linguagem não dá a entender que os 144.000 representam os que viveram e andaram em pureza espiritual num ambiente entregue a tudo o que era vil? Haviam-se conservado “não contaminados com o mundo”. Amor virginal— afeição não dividida do coração pelo Cordeiro—era sua enquanto o restante do mundo seguia a besta. Eles tinham uma separação, completa e incondicional, de seu ambiente pecaminoso. Eram almas virgens, vestidas de pureza sem mácula.

 

Seguiam o Cordeiro. Proximidade com o Cordeiro no monte Sião foi sua recompensa adequada pela lealdade a ele enquanto estiveram na terra. Ao seu redor encontravam-se os que se desviaram após da besta e do seu profeta, mas a obediência dos 144.000 foi tão completa e inquestionável quanto sua separação do mundo. Seguindo o Cordeiro em sua rejeição, agora partilham de sua realeza. “Seguir” está no tempo presente, que indica uma obediência contínua.

 

Eram as primícias. Embora linguagem similar seja usada com referência a igreja, não devemos confundir as “primícias” aqui com os santos redimidos que formam a nova criação. “Primícias para Deus e para o Cordeiro” são palavras do reino e não meras palavras de salvação. “Comprados dentre os homens”, esses 144.000 formam uma compra séria—uma promessa—dentre os homens para o reino do céu na terra. São uma amostra da sega completa e final.

 

Eram sem engano. Maravilhas mentirosas e falsidades caracteriza­ram os dias do anticristo. “A mentira” (que Satanás é Deus e que a besta é o seu Cristo, e que portanto devem ser adorados) foi acreditada em geral, mas nas bocas dos 144.000 não se encontrou mentiras. Foram verdadeiros em palavra e ação. A despeito de feroz perseguição confessaram o verdadeiro Messias (1 Jo 2:21-27) e permaneceram verdadeiros à sua Palavra.

 

Eram irrepreensíveis. Na conduta externa e modos na presença dos homens, estes santos na terra não tinham faltas. Várias versões omitem as palavras “perante o trono de Deus”. Este epítome adequado e condensado da vida e do caráter prático refere-se à sua vida na terra. Em todos os seus caminhos recusaram-se a conformar-se com os éditos da besta. Com referência à sinceridade de sua fidelidade ao Cordeiro, eram irrepreensíveis. Não eram em si mesmo absolutamente irrepreensíveis, mas eram considerados como tais à base da justiça do Cordeiro, em quem somente confiaram e a quem fielmente serviam e seguiam. Que alegria esse remanescente é para Deus e para o Cordeiro!

 

O Primeiro Anjo e Seu Evangelho (14:6, 7)

 

Chegamos agora ao testemunho público de Deus por seis anjos contra o reino do anticristo, e ao julgamento que ele merece e que lhe sobrevirá em breve. O termo “outro anjo” implica nova direção no drama que se desenrola, eventos estes que se sucedem com cada anjo (7:2; 8:3, 13; 10:1). Este anjo-evangelista em particular foi visto “voando pelo meio do céu”, o que significa estar ele à vista e ao alcance da voz das pessoas na terra. Um anjo anterior, “voando pelo meio do céu” anuncia alegria. Este anjo voador é um mensageiro da misericór­dia e mostra graça no juízo. Representa o último chamado ao arrependimento aos habitantes da terra.

 

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Não devemos esquecer-nos de que este anjo não proclama um anúncio de castigo, mas um evangelho, que significa boas-novas. Ele anuncia as boas-novas do reino eterno de Cristo, que começará imediatamente depois do juízo das forças malignas (anunciado como iminente em 14:7). Embora os pregadores do evangelho do reino sejam judeus convertidos, anjos são comissionados a fim de providencialmente apressar a declaração das boas-novas durante os últimos dias da semana profética.

 

Em linguagem inequívoca este anjo poderoso insta com o povo a que se volte da besta para Deus. Chegou a hora do juízo divino, e os homens devem arrepender-se de sua grande idolatria se não desejarem suportar a ira das taças. Apresenta-se um chamado urgente ao temor de Deus, que é o princípio da sabedoria, e dar glória a ele e não à besta e à sua imagem. O criador de todas as coisas pede, pela última vez, a fidelidade humana. Assim como a raça humana é descrita sob designa­ção quádrupla—nações, tribos, línguas e povos—assim também a criação aqui é relacionada em quatro termos—céu, terra, mar e fontes de água.

 

Uma Grande Audiência

 

O anjo que voa no céu prega seu evangelho por toda a terra, e todos os tipos de pessoas ouvem a sua mensagem. Se há uma resposta geral à mensagem angelical não sabemos. Mas o Senhor declarou que alguns estão de tal modo entregues à rejeição de Deus que não creriam ainda que alguém ressuscitasse dos mortos e lhes fosse levar a mensagem da graça. Um grande pregador como Noé teve pouco êxito em admoestar as multidões do juízo vindouro. Mudos aos seus apelos, continuaram a viver suas maneiras corruptas até que veio o dilúvio e levou-os a todos.

 

O Segundo Anjo e a Queda da Babilônia (14:8)

 

A preeminência de anjos neste capítulo indica possuírem eles um papel maior na economia providencial e governamental tanto antes do reino milenial de Cristo, como durante ele. Em 14:8 apresentasse-nos um prefácio dos acontecimentos prestes a sobrevir. E um anúncio preliminar e preparatório do juízo descrito nos capítulos 17 e 18. A destruição de Babilônia está sendo celebrada no céu, onde o juízo é tratado como se já tivesse sido realizado.

 

A intensidade da frase repetida “caiu, caiu” não é mero hebraísmo, mas fala de um julgamento duplo. Tanto como sistema assim como cidade, Babilônia deve ser destruída. Do ponto de vista celestial a Babilônia já caiu, embora seu castigo real ainda não tenha ocorrido.

 

O babilonismo, como mostraremos em maiores detalhes mais adian­te, representa um vasto sistema que escraviza os cristãos professos. Caracteriza-se por orgulho mundano, idolatria e adultério espiritual. A razão da queda da Babilônia está nas palavras “a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição”. O vinho da ira de Deus é a consequência de sua prostituição. Por ter ela embebedado as nações com o vinho de sua prostituição, ela própria embebedar-se-á com o vinho da ira de Deus. Temos aqui a realização última de Isaías 21:9: “E eis aqui agora vem uma tropa de homens, cavaleiros de dois a dois. Então ele respondeu e disse: Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens esculpidas de seus deuses são despedaçadas até ao chão.”

 

Willam Newell chama a atenção para os três assuntos distintos desta frase espantosa: vinho, ira e prostituição. O vinho da Babilônia: “Na mão do Senhor a Babilônia era um copo de ouro, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações estão fora de si” (Jr 51:7). A ira da Babilônia: “Pois assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho de furor, e faze que dele bebam todas as nações, às quais eu te enviar” (Jr 25:15). A prostituição da Babilônia: “Porque todas as nações têm bebido do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias” (Ap 18:3). Os reis da terra se prostituíram com ela. O calor branco da ira de Deus, contido através dos séculos, agora está prestes a ser desencadeado sobre a corrupção acumulada.

 

O Terceiro Anjo e o Castigo (14:9-12)

 

A sorte terrível dos adoradores da besta, como anunciada nestes versículos, é medonha ao extremo. Juízo sem igual em sua severidade, e proporcional à culpa e iniquidade horrível abertamente praticadas, agora está prestes a sobrevir. Com uma grande voz este terceiro anjo declara o tormento sem fim de todos os que seguiram a besta.

 

Adoração da Besta

 

Seis vezes no Apocalipse a adoração da besta, que é a encarnação do diabo, é descrita como sendo dirigida à sua imagem. Cristo veio como “o resplendor da sua [de Deus] glória e a expressa imagem do seu Ser” (Hb 1:3). Mas agora tormento sem alívio sobrevirá aos que deliberadamente escolheram o falso Cristo de Satanás, o qual ordenou que todo o povo da terra adorasse sua imagem. (A palavra original para “o tal” é “ele também”.) Retribuição justa e inevitável será individual. A justiça retributiva será distribuída para cada pessoa que segue a besta e leva sua marca.

 

A Ira de Deus

 

Circunstâncias amenizadoras nenhumas serão permitidas. Com uma grande voz, para que todos ouçam, o anjo declara que a ira derramada resumo que será ampliado com detalhes nos capítulos que se seguem. Introduzindo este parágrafo, Walter Scott diz: “O juízo judicial está prestes a varrer a terra culpada com a vassoura da destruição e limpá-la do mal. A ceifa e a vindima são as figuras familiares empregadas a fim de expressar as lides finais de Deus. A primeira é juízo discriminatório, a última, ira que nada perdoa. Na ceifa o trigo é separado do joio. Na vindima, o joio está a sós na cena profética e forma os assuntos da justa vingança do Senhor.”

 

O Ceifeiro da Ceifa

 

O Ceifeiro celeste a quem João viu, sem dúvida era o Senhor Jesus Cristo, chamado de “o Filho do homem”. É com este título que Cristo lida com o estado de coisas na terra e julga os ímpios (Mt 25:31-33; Jo 5:22-27). Por causa de sua relação com a raça humana, Cristo exerce todas as características que lhe dão direito ao domínio uni­versal.

 

Ao introduzir a visão do Ceifeiro, João usa outro “eis”, uma vez que assuntos de interesses incomuns vão ser tratados. O primeiro objeto a atrair o apóstolo foi uma nuvem branca, muito comum nas terras junto ao Mediterrâneo. Esta nuvem era semelhante à nuvem brilhante da transfiguração de Cristo (Mt 17:5). Nuvens simbolizam a presença divina (Ez 10:4; Ap 10:1). O branco é uma cor predomi­nante no Apocalipse, e indica a pureza e a justiça absoluta do Ceifeiro em suas ações.

 

Sentado em uma nuvem branca está o Criador de todas as nuvens. Fazendo dela sua carruagem, ele parte para sua tarefa sombria. O sentar-se sobre a nuvem sugere juízo calmo e deliberado. Sem pressa desnecessária o Ceifeiro sega sua colheita.

 

A coroa de ouro sobre sua cabeça é uma grinalda de vitória, e não seu diadema de Rei. A vitória completa de Cristo é descrita com detalhes em 19:11-21, quando muitas coroas lhe circundarão a fronte. Suas coroas de ouro sugerem sua dignidade real e seus direitos—“como que umas coroas semelhantes ao ouro” (9:7)—mas a coroa de ouro de Cristo expressa a justiça divina em ação de vitória e não é coroa de imitação. Divinamente conferida, seu Possuidor exerce a autoridade real.

 

A foice afiada na mão do Ceifeiro celeste é simbólico de seus direitos sobre a sega. A lei mosaica proibia ceifar no campo do vizinho. Cristo, com uma foice, traz a implicação de que colherá o campo sobre o qual tem autoridade. A foice “afiada” indica que a ceifa será rápida e completa. É significativo que o emblema nacional da União Soviética seja o martelo e a foice, ambos os quais ela usa com efeito temível no colher uma seara para seu credo comunista sem Deus. Mas Deus ainda usará seu martelo—sua Palavra (Jr 23:29)—a fim de esmigalhar as hordas da Confederação que vem do norte (Ez 38; 39; Ap 19:15). Então sua foice colherá a seara do juízo.

 

Outro anjo, diferente dos já mencionados, sai do templo e clama por ação imediata da parte do Ceifeiro. Este anjo não dá ordens ao Filho do homem; ele é somente um mensageiro anunciando ao Filho do homem a vontade de Deus Pai, em cujas mãos se conservam os tempos e as estações. Cristo estivera esperando tal mensagem e agora a ouve (Hb 10:12, 13; Sl 2:7-9). Deus é despertado para a ação, e o anjo sai do templo; o Semeador do juízo está prestes a vencer a terra. O templo e o trono, frequentemente usados no Apocalipse, representam a presença e autoridade de Deus.

 

A Seara Está Madura

 

O Filho age prontamente, pois a seara está madura, ou “mais do que madura” ou “seca”. Diz-nos WilliamNewell: “A palavra grega usada aqui é a mesma empregada para a figueira de Marcos 11:20; em Lucas 23:32 usa-se a forma adjetiva: o que se fará no seco? Significando o último e terrível estado de Israel.”

 

“E chegada a hora de ceifar” é uma declaração cheia de presságio que nos leva aos profetas do Antigo Testamento, que descrevem o tempo da sega de trabalhadores mais do que maduros da iniquidade no final do período do domínio gentio. Jl 3:13 diz: “Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, os vasos dos lagares transbordam, porquanto a sua malícia é grande.” Isto só pode significar que os que estão maduros não são os santos maduros para a glória, mas os iníquos que estão mais do que maduros para o juízo.

 

Ceifeiros da Seara

 

Uma curta sentença é suficiente para descrever o fim terrível de tudo de que os orgulhosos se gabam—“e a terra foi ceifada”. E que ceifa! É a espantosa segunda vinda do Rei dos reis em seu grande dia de ira.

 

O Filho do homem usa os anjos como seus reais ceifeiros (Mt 13:39), e eles agem rapidamente em seu trabalho de ceifar. Usa-se o processo da separação: observa-se a discriminação entre o trigo e o joio, entre o peixe bom e o ruim. Não há execução de castigo nesta ceifa, pois esse será realizado na vindima. Esta ceifa é de juízo discriminatório antes do estabelecimento do reino. Embora descrito como um único ato de ceifar, estes acontecimentos cobrem considerá­vel período de tempo e emprega várias agências de Deus.

 

O Sexto Anjo e a Vindima (14:17-20)

 

Há dois anjos na visão da vinha da terra e seu julgamento. Em 14:17 há o anjo do templo com sua foice afiada. De conformidade com a descrição dada do Filho do homem em 14:14, este “anjo da vingança” significa a associação dos anjos com Cristo em sua obra judicial. Assim temos o anjo que “saiu do altar” (14:18).

 

Não se diz que tipo de altar. Se representar o altar de bronze (o altar do juízo), então a ideia é de juízo puro e sem mistura—juízo divino sobre a vinha da terra (Dt 32:31-35). Mas se o altar representa o altar do incenso (8:3-5, 9:13), então há uma ideia diferente. Sobre este altar foram oferecidas as orações dos santos acompanhadas de incenso, que fazem descer o juízo de fogo de Deus sobre seus inimigos. O clamor das almas dos mártires sob o altar (6:9) agora vai ser completamente atendido. O falso profeta realizou grandes maravilhas e fez descer fogo do céu, mas agora o anjo do altar, tendo poder sobre o fogo, move-se contra todos os ímpios da terra. Agora há o joio para ser lançado na fornalha do fogo (Mt 13:40-42).

 

O assunto do juízo é “a vinha da terra”, porque suas uvas não são o que o Criador esperava que fossem, a despeito de sua cultura cuidadosa. A expressão “vinha da terra” abrange todo o sistema religioso na visitação vindoura da ira de Deus. As uvas da apostasia largamente difundida são “uvas silvestres” e devem ser transformadas em “uvas da ira”. No grande lagar da ira de Deus devem ser jogados tanto os judeus apóstatas como os gentios. Este é o dia da vingança de nosso Deus, e não se mostrará misericórdia (Is 63:1-3; Jr 25:15, 16; Jl 3). Cristo, a Vinha verdadeira, lida com as uvas da iniquidade produzidas depois de séculos de cultivo. Tais uvas estão completamente maduras para o fogo. A frase “estão maduras”, como empregada em 14:18, significa “chegou ao seu apogeu”.

 

“Fora da cidade” indica a esfera onde deve derramar-se a vingança mais completa de Deus. Jerusalém é a cidade e o vale de Josafá (onde a batalha do Armagedom deve ser encetada) fica logo fora da cidade. “Multidões, multidões no vale da decisão!” (Jl 3:14). “Fora da cidade” pode também implicar que a cena do derramamento de sangue de Cristo e do seu povo também será o palco de juízo divino sobre todos os que rejeitam a Cristo.

 

Há algo de macabro na descrição que João nos dá dos rios de sangue humano que chegam aos freios das bocas dos cavalos por uma distância de 322 quilômetros. “Saiu sangue do lagar” é linguagem simbólica testificando do terrível morticínio dos ímpios quando o Senhor os pisar em sua fúria. Manifestando seu poder, Deus pisará vastas multidões até que se transformem em postas sangrentas. A besta e o falso profeta, juntamente com todos os seus iludidos seguidores e adorado­res, serão exterminados para sempre.

 

Ao observarmos os movimentos dos exércitos opostos em nossos dias, parece que o Oriente em breve se transformará em um importante teatro de guerra. De todos os lados de Israel forças tremendas tomam posição. E tal ajuntamento de forças precursor do que acontecerá quando o Libertador de Israel esmagar as nações da terra envolvidas em batalha? Sem dúvida a terra está-se tornando madura para a vindima de Deus em sua forma mais forte, e ao vermos esse dia aproximar-se é imperativo que previnamos os ímpios a fugirem da ira futura. Hoje é ainda o dia da graça, e enquanto o julgamento tarda, devemos instar com os ímpios ao nosso redor a que se reconciliem com Deus.

 

Bibliografia M. Wilcock.comentario biblico do apocalipse,2000