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Lideres apologistas do primeiro século
Lideres apologistas do primeiro século

                 QUEM ERAM OS PRIMEIROS CRISTÃOS 

 

Ainda recordação que o professor de inglês na universidade tratava de impressionar-me com a importância de definir os termos que usava em minhas composições. Prestei-lhe pouco atendimento naquele tempo, mas me dei conta da importância de seu conselho quando comecei a falar dos primeiros cristãos. Sempre alguém me fazia a pergunta: “Que quer dizer você quando se refere a ‘os primeiros cristãos’?”Permita-me, pois, definir este termo. Quando falo de “os primeiros cristãos”, estou-me referindo aos cristãos que viviam entre os anos 90 e 199 d.C.

 

     O apóstolo João estava vivo ao princípio desta época.

 

 Nesta primeira geração de primeiros cristãos, tinha gente que tinha conhecido pessoalmente a algum dos apóstolos. Tinham recebido instrução deles. Policarpo serve como exemplo de tais pessoas. O foi instruído pelo apóstolo João. Esta época terminou com um homem que foi ensinado por Policarpo: Irineu. Assim tinha um só elo humano entre ele e os apóstolos. Ao dizer “cristianismo primitivo”, estou-me referindo às crença se práticas da comunidade de primeiros cristãos, em todo mundo, que mantinham os vínculos de companheirismo entre si. Não falo das crenças e práticas dos que eram chamados hereges. Usando a figura da parábola em Mateus 13.24-30, falo só do trigo. Não falo do campo que continha tanto o trigo como a discórdia.

Então este livro se dedica a descrever aos primeiros cristãos que viveram entre os anos 90 e 199 d.C. Mas os cristãos do seguinte século geralmente mantiveram as mesmas crenças e práticas. As grandes mudanças na doutrina cristã se fizeram depois de 313, ano em que o imperador romano Constantino legalizou o cristianismo. Por esta razão, neste livro utilizo algumas citações de escritores que viveram entre os anos 200 e 313, com a condição que concordem com as crenças dos que viveram no século depois dos apóstolos. Eram estes “os santos pais”?

Quando eu começo a falar dos escritores entre os primeiros cristãos, muitas pessoas depois respondem: “Ah, bem. Você se refere a ‘os santos pais’ da igreja.”Mas estes escritores não eram “santos pais da igreja”. A maioria deles eram cristãos ordinários que trabalhavam com suas mãos, ainda que sim tivesse mais educação que muitos outros em seu tempo. Tivessem-se indignado com qualquer pessoa que se tivesse atrevido a chamá-los “santos pais”. Não tinham tal nome. Os únicos “pais” da igreja que eles conheciam éramos apóstolos—e não os chamaram pais.

Em verdade, o fato de que estes escritores não eram pais da igreja adiciona grande valor a seus escritos. Se eles fossem “pais” de algum grande sistema teológico, seus escritos seriam de pouco valor para nós. Em tal caso, aprenderíamos só as doutrinas que devastes teólogos tivessem proposto. Mas os cristãos no segundo século não escreveram obras de teologia. Nenhum cristão do segundo século pode ser chamado teólogo. Não existia nesse tempo uma teologia sistemática no sentido atual, nem em todo mundo antes do imperador Constantino.

Os escritos da igreja primitiva podem ser divididos em três classes: (1) obras de apologia que defendiam as crenças cristãs frente aos ataques dos judeus e dos romanos; (2) obras que defendiam ao cristianismo contra os hereges; e (3) correspondência entre igrejas. Estes escritos dão depoimento das crenças e práticas universais na época depois da morte dos apóstolos E é isto o que lhes dá grande valor.

Se tivesse um cristão entre os anos 90 e 313 a quem pudéssemos chamar “teólogo” seria Orígenes s. Mas Orígenes s não impunha suas crenças sobre outros cristãos. Ao invés, o era o menos dogmático de todos os escritores dos primeiros séculos da época cristã. E nesta época nenhum escritor mantinha um dogma estrito, senão só nos pontos mais básicos da fé cristã.

Um dos distintivos do cristianismo primitivo é a carência de muitos dogmas inflexíveis. Em realidade, quanto mais atrás um vai à história do cristianismo, menos de teologia acha. No entanto, ainda que tivesse muita diversidade entre os primeiros cristãos, ainda achei que tinha muitos dos mesmos temas e crenças expressados em todos os escritos deles. Este livro examina estas crenças e práticas universais dos primeiros cristãos.

Com este propósito, não falo neste livro de nenhuma crença nem prática da igreja primitiva a não ser que cumpra os seguintes requisitos:

  1. Todos os primeiros cristãos que escrevem do tema concordam no que dizem; e
  2. Pelo menos cinco escritores, distantes os uns dos outros quanto à geografia e tempo, escrevem do mesmo tema.

Realmente, a maioria dos pontos que apresento neste livro são apoiados pelo depoimento a mais de cinco escritores.

 

          Uma introdução breve a oito dos escritores principais 

Antes de apresentar as crenças dos primeiros cristãos, quero introduzir alguns dos escritores principais os quais vou citar:

 

                            Clemente de Roma (30 – 100)

Várias hipóteses sobre ele já foram levantadas para identificá-lo. Para alguns ele pertencia à família real, para outros ele era colaborador do apóstolo Paulo, outros ainda sugeriram que ele escreveu a carta aos hebreus. Assim sendo, as informações que temos sobre Clemente de Roma vão desde lendárias até testemunhas fidedignas. Alguns pais aceitaram esta identificação de colaborador do apóstolo Paulo, como Orígenes, Eusébio de Cesaréia, Jerônimo, Irineu de Lião entre outros.

 

A principal obra de Clemente é uma carta redigida em grego, endereçada aos crentes da cidade de Corinto, mais ou menos no final do reinado de Domiciano (81-96) ou o começo do reino de Nerva (96-98). Trata principalmente da ordem e da paz da Igreja, usando como lembrança que formamos um corpo em Cristo e como neste corpo deve reinar a unidade e não a desordem, pois Deus deseja a ordem em suas alianças. Utiliza-se ainda da analogia da adoração ordeira do Antigo Israel, e do princípio apostólico de apontar uma continuação de homens de reputação.

 

                          Inácio de Antioquia (xxx – 117)

Mesmo sendo de Antioquia, seu nome Ignacius, deriva-se do latim: igne: fogo, e natus: nascido. Era um homem nascido do fogo, ardente, apaixonado por Cristo. Segundo Eusébio, após a morte de Evódio, que teria sido o primeiro bispo de Antioquia, Inácio fora nomeado o segundo bispo desta influente cidade.

Escreveu algumas epístolas às Igrejas asiáticas: uma à igreja de Éfeso, outra à igrejas de Magnésia, situada no Meander, outra a igreja de Trales, e ainda para Filadélfia e Esmirna, e por fim à igreja de Roma. O objetivo da carta a Roma, era solicitar que os irmãos não impedissem seu martírio, pois estava a caminho de Roma, durante o reinado de Trajano (98 – 117).

Antioquia – Fundada por volta do ano 300 a.C., por Seleuco Nicátor, com nome de Antiokkeia, (cidade de Antíoco), tornou-se capital do império selêucida e grande centro do Oriente helenístico. Conquistada pelos Romanos por volta do ano 64 a.C., conservou seu estatuto de cidade livre e foi a terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria (no Egito), chegando a abrigar 500 mil habitantes. Foi evangelizada pelos apóstolos Pedro, Paulo e Barnabé. Tornou-se metrópole religiosa, sede de um patriarcado e centro de numerosas controvérsias, entre elas o arianismo, o monofisismo, o nestorianismo. Era considerada Igreja-mãe do Oriente.

 

                     Policarpo Discípulo do apóstolo João

Policarpo, de cuja morte falamos no primeiro capítulo, servia de modelo de fé e de devoção às congregações de Ásia Em sua juventude ele acompanhou ao apóstolo João e aprendeu a seus pés. Evidentemente, João mesmo o ordenou como bispo da congregação em Esmirna. 2 Se é correto que “os anjos” das sete igrejas de Apocalipses se referem aos bispos das igrejas então “o anjo” da igreja em Esmirna possa ter sido o mesmo Policarpo. (Veja-se Apocalipse 1.20 e 2.8.) Se é assim, que grato é notar que o Senhor Jesus Cristo não repreendeu em nada à igreja de Esmirna.

Policarpo viveu até uma idade de pelo menos 87 anos. Foi martirizado ao redor do ano 155 d.C. I

Irineu—Elo importante com os apóstolos Uno dos discípulos pessoais de Policarpo foi Irineu, quem depois se mudou a França como missionário. Quando o bispo da congregação em Lyon foi morto numa onda de perseguição, Irineu foi chamado para tomar seu lugar. A igreja em todo mundo elogiava a Irineu como homem justo e piedoso. Como discípulo de Policarpo, quem a sua vez era discípulo do apóstolo João, Irineu serve como elo importante com a época dos apóstolos Foi martirizado cerca do ano 200.

 

                              O MARTÍRIO DE POLICARPO 

                                     Policarpo (69 – 159)

Sobre sua infância, família e formação, não temos informações precisas, contudo há documentos históricos sobre ele. Graças a alguns testemunhos fidedignos, podemos reconstruir sua personalidade. Foi discípulo do apóstolo João, amigo e mestre de Ireneu, tendo ainda conhecido Inácio, sendo consagrado bispo da igreja de Esmirna. Quanto aos seus escritos, a única epístola que restou desse antigo pai da igreja é sua Carta aos Filipenses, exortando-a a uma vida virtuosa de boas obras e à firmeza na fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Seu estilo é informal, com muitas citações do Velho e Novo Testamento, faz 34 citações do apóstolo Paulo, evidenciando que conhecia a carta de Paulo aos Filipenses, bem como outras epístolas. Todavia temos também o testemunho de Eusébio e Ireneu 5, relatando a intimidade de Policarpo com testemunhas oculares do evangelho. Segundo Tertuliano, Policarpo teria sido ordenado bispo pelas mãos do próprio apóstolo João.

O martírio de Policarpo

O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma carta enviada pela Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio. Este registro é o mais antigo martirológio cristão existente. Diz a história que o procônsul romano, Antonino Pius, e as autoridades civis tentaram persuadi-lo a abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de alcançar sua liberdade. Ele, entretanto, respondeu com autoridade: “Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente!”

A carroça atirada por cavalos rodava pelas ruas empedradas da antiga cidade de Esmirna. O prisioneiro podia ouvir os gritos do gentio enlouquecido dentro da areia romana. Os cachorros da rua seguiam à carroça, ladrando loucamente. Meninos curiosos, com olhos cheios de emoção, corriam-se a um lado para dar-lhe passo. E caras sem número se assomavam curiosas às janelas. Detendo-se afora dos altos muros da areia, o guarda sacou ao prisioneiro da carroça como se fosse um vulto de lixo. Não lhe importou que as pernas do prisioneiro ficassem lesadas. Já faz semanas que o povo fazia questão de que este homem fora preso e executado. Mas não tinha aparência de malfeitor este ancião delicado, com cara enrugada. Seu cabelo e barba eram brancos, como as nuvens no céu mediterrâneo aquela tarde. O prisioneiro entrou na areia, coxeando. E as novas correram de uma pessoa a outra que este era Policarpo, o criminoso vil cuja morte tinham vindo ver.

Seu delito, qual era?

Era o líder naquela cidade de uma seita supersticiosa, a seita conhecida pelo nome cristão. O ancião, guiado por soldados, acercou-se ao procônsul romano, enquanto o gentio gritava sua aprovação. Queriam ver sangue esta tarde. Mas a cara do procônsul se ruborizo. Era este o criminoso perigoso a quem queriam dar morte?

O procônsul se inclinou para adiante e falou baixinho ao ancião prisioneiro. —O governo romano não quer perseguir aos anciãos. Só jura pela divindade de César e te porei em liberdade. —Isto não posso fazer.—Então só grita: “Abaixo com os ateus”, e bastará. (Já que os cristãos não tinham nem deuses nem templos, muitos criam que eram ateus.) Com grande acalma o prisioneiro deu a volta e assinalou para o gentio que gritava por sua morte. Então, olhando para o céu, gritou a toda voz: —¡Abaixo com os ateus!

O procônsul ficou desconcertado ao ver a resposta do prisioneiro. Este tinha feito o que se lhe mandou, mas não da maneira esperada. Não satisfaria ao gentio louco que seguia gritando por sua morte. O procônsul queria pôr em liberdade a este ancião, mas tinha que aplacar a gente. —¡Amaldiçoa a Jesus cristo! —ordenou.

Por uns momentos Policarpo olhou fixamente ao rosto severo do procônsul. Depois falou com acalma: - Por oitenta e seis anos servi a Jesus, e ele nunca me fez mal algum. Como, pois, poderei amaldiçoar o meu Rei e Salvador?

Entretanto, a multidão se impacientava mais. Queriam sangue, e o procônsul o sabia. Tinha que fazer algo. —Jura pela divindade de César —lhe instou outra vez.Mas o prisioneiro contestou sem demorar:—Já que você aparenta não saber quem sou, permita-me ajudar-lhe. Digo sem vergonha que sou um cristão. Se você deseja saber que crêem os cristãos, assinale uma hora, e eu com gosto se o direi.

O procônsul se agitou. —Não me tens que persuadir a mim. Persuade a eles-disse, assinalando para a multidão impaciente. Policarpo deu uma olhada ao tumulto que enchia a areia.

Tinham vindo para ver a diversão de sangue. Isso queriam nada menos. —Não baratearei os ensinos de Jesus ante tais pessoas.Agora o procônsul se enojou.—Não sabes que tenho a meu poder os animais ferozes? ¡Os soltarei de imediato se tu não te arrependas destas necedades!—Muito bem. Solte-os replicou Policarpo, sem medo—. Quem ouviu jamais de do que uma pessoa se arrependesse do bom para andar em atrás do mau?O procônsul costumava vencer ainda aos criminosos mais fortes com suas ameaças, mas este ancião mais bem o vencia a ele. Sua cólera montava. —Bem, se os leões não te dão medo, ouve-me. ¡Te queimarei vivo se não amaldiçoas a Jesus Cristo agora mesmo!Cheio do Espírito Santo, Policarpo contestou com gozo e valor: - Me ameaça você com um fogo que se apaga depois de uma hora. Não sabe que virá um fogo eterno, o fogo de juízo reservado para os ímpios? Por que esperar mais? Faça comigo o que vai fazer.

O procônsul não tinha querido que saísse desta maneira. O tinha querido conquistar a esta velha. Tinha esperado ver-lhe de joelhos rogando por misericórdia. Mas o prisioneiro… o ancião… tinha conquistado ao procônsul. E este se recostou em sua cadeira elegante, humilhado e enfurecido.

Mandou heraldos a diferentes lugares na vasta areia para anunciar o que Policarpo tinha dito. Quando se anunciou o último desafio de Policarpo, uma onda de fúria correu pela multidão ¡Isto fariam! O que eles tinham querido desde o princípio. Com gritos agudos, saltaram de suas cadeiras e correram pelos corredores Lançaram-se para as portas que davam às ruas Correndo loucamente, procuraram lenha onde quer. Saquearam as lojas. Entraram até nos banhos públicos e roubaram a lenha de ali. E se apressaram para voltar à areia, carregados com lenha para prender o fogo. Amontoaram a lenha ao redor da pira preparada, à qual os soldados já fincavam as mãos e as pernas de Policarpo.

Mas ele falou com confiança aos soldados: - Deixem-me bem como estou. O que me fortalece contra o fogo me ajudará a permanecer nele sem que me assegurem. Depois de permitir que Policarpo orasse, os soldados prenderam o fogo.1.

Ao queimar a Policarpo, o povo de Esmirna cria que oporiam no esquecimento e que a desprezada seita dos cristãos se acabaria. Como o procônsul que tinha esperado intimidar a Policarpo, assim cria o povo que os cristãos se intimidariam e esqueceriam sua fé. ¡Que engano! Resultou tudo o contrário. Em vez de intimidar-se pela morte de Policarpo, seu líder, os cristãos cobraram mais ânimo. E seu número aumentou. Paradoxalmente, o que os romanos não podiam fazer, a igreja mesma depois fez. Hoje em dia, o nome de Policarpo descansa no esquecimento, e o cristianismo daquele então não existe. 

Policarpo morreu mártir naquele tempo, (a data do martírio, que Eusébio, na Crónica, coloca em 177, é fixada na época de Antonino Pio) enquanto a Ásia era assolada por grandíssimas perseguições. Julgo absolutamente necessário contar o relato da sua morte, conservado ainda hoje por escrito. Existe, com efeito, a carta dirigida às dioceses da região em nome da Igreja de que ele  estava à frente, que assim diz a seu respeito:

A Igreja de Deus que reside em Esmirna à Igreja de Deus que reside em Filomélio e a todas as dioceses da santa Igreja católica espalhadas em todo o lugar. Multipliquem-se a misericórdia, a paz e o amor de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo. Escrevemo-vos, irmãos, a propósito daqueles que sofreram o martírio e do bem-aventurado Policarpo, que com o seu martírio como que selou e concluiu a perseguição".

Portanto, antes da história de Policarpo, nela se narram as dos demais mártires, descrevendo a firmeza por eles mostrada perante os tormentos. Diz-se, com efeito, que os espectadores presentes no circo  ficaram pasmados a vê-los: lacerados pelos flagelos até às veias e artérias mais profundas, ao ponto que se chegou a ver até as partes mais escondidas deles; estendidos sobre abrolhos e pontas aguçadas; e por fim, após ter sofrido toda a espécie de suplício e tortura, eram dados de comer às feras. Contam que se destacou em particular o corajoso Germânico, que superou com a graça divina o medo inato da morte física. 

E enquanto o procônsul queria dissuadi-lo, alegando a sua idade e suplicando-lhe, já que era ainda tão jovem e estava na flor dos anos, que tivesse piedade de si mesmo, ele não hesitou e com coragem atraiu a fera sobre si, quase obrigando-a e excitando-a, para que o libertasse quanto antes desta vida injusta e iníqua. Perante a nobre morte deste, a multidão inteira ficou estupefacta pela coragem do pio mártir e pelo valor de toda a estirpe cristã, e começou a gritar em uníssono: "Fora com os ateus! Busque-se Policarpo!". A tais gritos seguiu-se um grande tumulto, e um tal, frígio de estirpe, de nome Quinto, que tinha chegado recentemente da  Frígia, vendo as feras e todos os outros suplícios que o ameaçavam, desanimou e cedeu, renunciando por fim à salvação. O texto da supracitada carta refere que ele se apresentou em tribunal juntamente com outros, mais por presunção, que por devoção: a sua queda ofereceu portanto a todos um claro exemplo de como não se deviam enfrentar semelhantes riscos sem convicção. Assim morreram estes homens. 

Quanto ao mui admirável Policarpo, ao ouvir estas coisas primeiramente permaneceu calmo, mantendo-se firme e íntegro como sempre, e quis ficar na cidade, mas depois obedeceu aos companheiros que lhe rogavam e suplicavam que se afastasse, e retirou-se para uma herdade não longe da cidade, onde viveu com poucos companheiros, não fazendo mais, noite e dia, que perseverar nas orações ao Senhor. Orando, invocava e implorava a paz para as Igrejas de toda a terra, como tinha sempre sido seu hábito. Três dias antes da sua detenção, teve de noite uma visão, e viu o travesseiro que estava por debaixo da sua cabeça incendiar-se subitamente e consumir-se. Ao que acordou e explicou imediatamente a visão aos presentes, embora sem predizer o futuro e anunciar claramente aos companheiros que devia morrer por Cristo na fogueira. Visto que aqueles que tinham sido encarregados dele, o procuravam  com grande zelo, constrangido pelo afecto e pelo apego dos irmãos, diz-se que se transferiu para uma outra herdade; e aqui, pouco depois, sobrevieram os seus perseguidores e prenderam dois servos que encontraram ali. Por um deles vieram a saber, torturando-o, o esconderijo de Policarpo. 

Chegados lá a horas tardias, encontraram-no a repousar num sotão, de onde lhe teria sido possível passar para uma outra casa, mas ele não quis e disse: "Seja feita a vontade de Deus". Tendo sabido da sua presença, como refere o relato, desceu e falou com eles com um rosto dulcíssimo e tão alegre, que a esses, que nunca o tinham conhecido antes, pareceu ver um milagre, quando observaram esse homem de idade avançada pelo porte venerando e calmo, e se admiraram de tanta preocupação para prender um semelhante velho. Sem demoras ele mandou preparar imediatamente uma mesa para eles e os convidou para um abundante almoço, depois pediu-lhes uma hora somente, para orar em paz. Concederam-lha e ele, levantando-se, orou cheio da graça do Senhor, ao ponto que os presentes, ouvindo-o orar, ficaram estupefactos e muitos deles lamentaram que um velho tão venerando e pio estivesse para ser morto. O escrito que lhe diz respeito continua textualmente assim:

 

"Quando terminou a oração, após ter recordado todos aqueles que tinha encontrado, pequenos e grandes, ilustres e desconhecidos, e a inteira Igreja católica espalhada no mundo, chegando a hora de ir, puseram-no sobre um jumento e levaram-no para a cidade, um sábado de festa. Encontraram-no o irenarca Herodes e seu pai Niceta, os quais, fazendo-o subir para a sua carroça, sentaram-se perto dele e procuraram convencê-lo, dizendo: "Que mal há em dizer: César senhor, e em sacrificar para salvar-se?". Ele primeiro não respondeu, depois, dado que eles insistiam, disse: "Não pretendo fazer o que me aconselhais". Então, não conseguindo persuadi-lo, dirigiram-lhe palavras torpes e o fizeram descer tão apressadamente, que saindo da carroça feriu-se na canela, mas ele, sem se voltar, como se não tivesse sentido nada, prosseguiu a pé apressadamente e de bom grado, e foi conduzido ao estádio. 

 Aqui o clamor era tão grande, que ninguém poderia fazer-se ouvir. Mas à entrada de Policarpo no estádio uma voz desceu do céu: "Sê forte, Policarpo, e comporta-te como um homem!". Ninguém viu quem falava, mas muitos dos nossos que estavam presentes ouviram essa voz . Enquanto era conduzido, houve um  grande tumulto por parte de quantos tinham ouvido que Policarpo tinha sido preso. Chegando à frente, o procônsul perguntou-lhe se era Policarpo, e visto que ele o confirmou, tentou persuadi-lo a abjurar dizendo: "Respeita a tua idade", e outras coisas semelhantes que costumam dizer, como: Jura pelo génio de César, arrepende-te, diz: 'Fora com os ateus! Então Policarpo, olhando com o rosto sério a multidão que estava no estádio, agitou para ela a mão e gemendo levantou os olhos ao céu, e disse: "Fora com os ateus!". Mas o procônsul insistia: "Jura, e te deixarei ir. Insulta Cristo". Policarpo respondeu: "Sirvo-o há oitenta e seis anos e não me fez algum mal: como posso blasfemar o meu rei, aquele que me salvou?". E o outro insistia: "Jura pelo génio de César". Então Policarpo disse: "Se te iludes que eu jure pelo génio de César, como dizes fingindo não saber quem sou eu, ouve bem: eu sou cristão. E se quiseres conhecer a doutrina do Cristianismo, concede-me um dia e fica-me a ouvir".

 Respondeu o procônsul: "Convence o povo!". E Policarpo: "A ti estimei digno de um discurso, porque     nos ensinaram a tributar aos magistrados e às autoridades instituídas por Deus a honra que lhes compete, se isto não nos trouxer dano, mas estes não merecem ouvir a minha defesa". Retomou o procônsul: "Tenho feras. Entregar-te-ei a elas, se não mudares de ideias". Respondeu Policarpo: "Chama-as. Não mudaremos de opinião para ir do melhor para o pior, enquanto é belo passar do mal para a justiça". E o outro: "Far-te-ei domar pela fogueira, se não te importam as feras, a menos que tu mudes de ideias". E Policarpo: "Tu ameaças um fogo que queima um momento e pouco depois se apaga, porque não conheces o fogo do juízo que virá e da punição eterna reservada aos ímpios. Mas por que demoras? Faz vir o que quiseres". Dizendo estas e muitas outras coisas ainda, se encheu de coragem e de alegria, e o seu rosto se encheu de graça, assim que não só não se assustou com as palavras lhe dirigidas, mas foi antes o procônsul a ficar comovido, e mandou um arauto ao meio do estádio anunciar três vezes: Policarpo confessou ser cristão. Assim que o arauto o anunciou, toda a multidão de pagãos e de Judeus habitantes em Esmirna gritou com grande voz  e com ira incontível: "Este é o mestre da Ásia, o pai dos Cristãos, o destruidor dos nossos deuses, aquele que ensina a muitos a não sacrificar e a não adorar". Assim dizendo, gritaram e pediram ao asiarca Filipe para que soltasse um leão contra Policarpo, mas ele respondeu  que não lhe era permitido visto que o espectáculo das feras tinha acabado. Então puseram-se todos a reclamar com grande voz que  Policarpo fosse queimado vivo. Devia assim cumprir-se a visão do travesseiro que lhe apareceu enquanto orava, quando o viu arder, e virado para os fiéis que estavam com ele, profetizou: "Devo ser queimado vivo". O que aconteceu quase antes que fosse dito, já que a multidão recolheu  imediatamente das oficinas e das termas madeira e faxinas, e se entregaram a esta tarefa com brio sobretudo os Judeus, como era seu hábito. Assim que a fogueira ficou pronta, após ter tirado sozinho todas as roupas, solto o cinto, começou a tirar também as sandálias, coisa que antes nunca fazia por si, porque todo o fiel procurava fazê-lo para ser o primeiro a tocar a sua pele: por causa da sua santidade, foi de facto honrado em tudo ainda antes da velhice. Portanto se lhe puseram logo à volta os materiais preparados para a fogueira. Quando foram para pregá-lo, disse: "Deixai-me assim. Porque aquele que me concede suportar o fogo, me concederá também resistir firme na fogueira sem necessidade dos vossos pregos". Então não o pregaram, mas o amarraram. Postas as mãos atrás das costas, foi amarrado, como um carneiro escolhido de um grande rebanho em holocausto aceito a Deus todo-poderoso, e disse: "Pai do teu amado e bendito Filho Jesus Cristo, por meio do qual te conhecemos, Deus dos anjos e das potestades, te bendigo por me teres julgado digno deste dia e deste  momento, fazendo-me participante, no número dos mártires, do cálice do teu Cristo para a ressurreição da alma e do corpo na vida eterna e na incorruptibilidade do Espírito Santo. Possa eu hoje ser acolhido entre eles diante de ti num sacrifício cevado e agradável, como tu mesmo me preparaste e manifestaste e levas agora a cumprimento, Deus veraz e leal. Por isso eu te louvo também por todas as coisas, te bendigo, te dou glória por meio do pontífice eterno Jesus Cristo teu Filho dilecto, e por seu meio seja a glória a ti em união com Ele no Espírito Santo agora e sempre nos séculos vindouros, amen". 

"Pronunciado o amen e terminada a oração, os encarregados acenderam o fogo, e enquanto lavrava uma grande chama assistimos a um milagre, nós a quem foi dado ver e que fomos conservados para contar aos outros o que aconteceu. O fogo, com efeito, tomou a forma de abóbada, como uma vela de barco inchada pelo vento, e circundou o corpo do mártir, que estava no meio dele não como carne que queimava, mas como ouro e prata sendo refinados numa fornalha. E nós sentimos um odor intenso como o perfume de incenso ou de outros aromas preciosos. Aqueles malvados, por fim, vendo que o fogo não conseguia consumir o seu corpo, ordenaram a um confector (o executor, aquele que na arena 'acabava' com o lutador ou a fera já ferida) ir cravar uma espada nele. Feito isto, saiu uma tal quantidade de sangue dele, que o fogo se apagou e toda a multidão pasmou com uma tão grande diferença entre os não crentes e os eleitos, um dos quais foi certamente o maravilhoso Policarpo, mestre apostólico e profético nosso contemporâneo, bispo da Igreja católica de Esmirna: toda a palavra que saiu da sua boca se cumpriu e se cumprirá. Mas o Maligno, rival astuto, adversário da estirpe dos justos, vendo a grandeza do seu martírio, a sua conduta desde sempre irrepreensível, a coroa da incorruptibilidade de que estava cingido, o prémio incontestável obtido, agiu para que pelo menos o seu cadáver não fosse recolhido por nós, malgrado muitos desejassem fazê-lo para ter consigo o seu santo corpo. Alguns sugeriram, por conseguinte, a Niceta, pai de Herodes e irmão de Alce, que suplicasse ao governador para que não entregasse o seu corpo, 'por temor' disse 'que se ponham a venerar este, esquecendo o Crucificado'. Disseram isto aconselhados e instigados pelos Judeus, que nos espiavam quando estávamos para tirá-lo da fogueira, porque não sabem que nós nunca     poderemos abandonar nem Cristo, que sofreu a paixão para a salvação daqueles que no mundo inteiro são salvos, nem venerar algum outro. Porque a Ele, nós o adoramos enquanto Filho de Deus, ao passo que os mártires, os amamos justamente enquanto discípulos e imitadores do Senhor por causa do seu  insuperável  amor pelo seu rei e mestre. Queira o céu que também nós possamos ser companheiros e condiscípulos deles! O centurião, então, vendo a contenda provocada pelos Judeus, fez colocar o cadáver no meio, segundo o seu  hábito ordenou queimá-lo.

      notas fonte (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro IV 15,1-43)

  

                 Justino—Filósofo convertido em evangelista

                                        (100-170 D.C) 

Durante a vida de Policarpo, um filósofo jovem chamado Justino empreendeu uma viagem espiritual em busca da verdade. O costumava andar num campo solitário que olhava para o Mar Mediterrâneo para meditar. Um dia enquanto andava ali viu que um ancião caminhava depois dele. Desejando a solidão, Justino se deu volta e olhou bruscamente ao ancião intruso. Mas o ancião não se molestou. Mais bem começou a conversar com Justino.Ao aprender que Justino era filósofo, o ancião lhe fez perguntas indagados , perguntas que punham à luz o esvazio da filosofia humana. Anos depois, Justino contou as recordações daquele encontro, escrevendo: “Quando o ancião tinha terminado de falar estas coisas e muitas mais, foi-se, exortando-me a que meditasse no que tinha falado. Desde então não o vi, mas de imediato uma chama se acendeu em minha alma. Inundou-me um grande amor pelos profetas e os amigos de Cristo. Depois de reflexionar mais no que o ancião metinha dito, dei-me conta de do que o cristianismo era a única filosofia verdadeira e valiosa.”3Ainda depois de converter-se ao cristianismo, Justino sempre se punha sua túnica de filósofo para dar a conhecer que ele tinha achado a única filosofia verdadeira. Em verdade, ele se converteu em evangelista para os filósofos pagãos. Dedicou sua vida a aclarar o significado do cristianismo aos romanos cultos. Suas defesas escritas aos romanos são as apologias cristãs mais antigas que existem.

Justino se demonstrou evangelista capacitado. Converteu a muitos romanos à fé cristã, tanto cultos como incultos. Ao fim, um grupo de filósofos, tramando sua morte, mandaram-lhe prender. Justino escolheu morrer antes de negar a Cristo. Foi martirizado para o ano 165. Depois de sua morte, foi conhecido por muitos como Justino o mártir.Flávio Justino Mártir, nasceu em Siquém na Palestina em princípios do segundo século, e morreu mártir no ano 170. Depois de ter peregrinado pelas mais diversas escolas filosóficas – peripatética, estóica, pitagórica – em busca da verdade para a solução do problema da vida, abandonando o platonismo, último estágio da sua peregrinação filosófica. O amor à verdade levou-o, pouco a pouco, a rejeitar os sistemas filosóficos pagãos e a converter-se ao Cristianismo. Em sua época foi o mais ilustre defensor das verdades cristã contra os preconceitos pagãos.
 Embora leigo, é considerado o primeiro dos Pais Apologista da Igreja, logo depois dos primitivos Pais Apostólicos, tendo dedicado sua vida à difusão e ao ensino do cristianismo. Em Roma, abriu uma escola para o ensino da doutrina cristã, e ainda nesta cidade dedicou-se ao apostolado, especialmente nos meios cultos, nos quais se movimentava com desembaraço. Escreveu muitas obras, mas somente três chegaram até nós: duas Apologias – contra os pagãos – e um Diálogo com o judeu Trifão. Sofreu o martírio por decapitação, depois de ter si.


                                     Ireneu (130-200)

Nascido em Esmirna, na Ásia Menor (Turquia), no ano 130, em uma família cristã, Ireneu era grego e foi influenciado pela pregação de Policarpo, bispo de Esmirna. Anos depois, mudou-se para Gália (atual sul da França), para a cidade de Lyon, onde foi um presbítero em substituição do bispo que havia sido martirizado em 177.Ireneu também recebeu influência de Justino. Ele foi uma ponte entre a teologia grega e a latina, a qual iniciou com um de seus contemporâneos, Tertuliano. Enquanto Justino era primariamente um apologista, Irineu contribuiu na refutação contra heresias e exposição do Cristianismo Apostólico. Sua obra maior se desenvolveu no campo da literatura polêmica contra o gnosticismo

 

         Clemente de Alexandria—Instrutor de novos conversos 

Outro filósofo que achou o cristianismo em sua busca da verdade foi Clemente. Vendo a vaidade da filosofia humana, voltou-se a Cristo. Depois de converter-se em cristão, viajou por todo o império romano, aprendendo os preceitos da fé cristã pessoalmente dos maestros cristãos mais anciões e estimados. Os escritos de Clemente, datados para o ano 190, refletem a soma da sabedoria de seus maestros. Inspiraram a muitos cristãos através dos séculos, inclusive a João Wesley. Com o tempo, Clemente se mudou a Alexandria, Egito. Foi ordenado ancião naquela congregação e encarregado de instruirá os novos conversos. Pelo geral se lhe chama “Clemente de Alexandria para distingui-lo de outro Clemente, quem era bispo da igreja em Roma a fins do primeiro século. Neste livro, se não o explico de outra maneira, quando falo de “Clemente” me refiro a Clemente de Alexandria.

 

                              Orígenes— dedicado a Deus

                              Orígenes (185 ou 186-254)

Nasceu de pais cristãos em 185 ou 186 da nossa era, provavelmente em Alexandria. Escritor cristão de vasta erudição, de expressão grega. Estudou letras e aprendeu de cor textos bíblicos, com seu pai, que foi morto por ocasião da repressão do imperador Setímio Severo às novas religiões. O bispo de Alexandria passou a Orígenes a direção da Escola Catequética, sendo então sucessor de Clemente. Estudou na escola neoplatônica de “Ammonios”. Viajou a Roma, em 212, onde ouviu ao sábio cristão Hipólito. Em 215 organizou em Alexandria uma escola superior de Exegese Bíblica. Devido ao seu vasto conhecimento viajava muito e ministrava ao público nas igrejas.

O fato de se haver castrado por devoção, lhe criou dificuldades com alguns bispos, que contrariavam o sacerdócio dos eunucos. Em 232 se transferiu para Cesaréia, na Palestina, onde se dedicou exaustivamente aos seus estudos. Sobreviveu aos tormentos de que foi vítima sob o Imperador Décio (250-252). Posteriormente a esta data morreu em Tiro, não se sabendo exatamente quando.Foi considerado o membro mais eminente da escola de Alexandria e estudioso dos filósofos gregos.

Entre os alunos de Clemente em Alexandria tinha um jovem hábil chamado Orígenes s. Quando Orígenes s tinha só 17 anos, estourou uma perseguição severa em Alexandria. Os pais de Orígenes foram cristãs fiéis, e quando seu pai foi apresado, Orígenes s lhe escreveu uma carta, animando-o a que permanecesse fiel e não renunciasse a Cristo por causa de sua preocupação por sua família. Quando se anunciou a data para seu juízo, Orígenes s decidiu acompanhar a seu pai ao juízo para morrer com o. Mas durante a noite anterior, enquanto dormia, sua mãe escondeu toda sua roupa para que não pudesse sair da casa. Assim é que se lhe salvou a vida.

Ainda que tivesse só 17 anos, Orígenes s se distinguiu na igreja e Alexandria pelo cuidado amoroso que prestava a seus irmãos na fé durante a perseguição. Mas as multidões enfurecidas também notaram o cuidado de Orígenes s pelos cristãos perseguidos, e em variadas ocasiones Orígenes s mal escapou com a vida.

Orígenes s tinha aprendido à gramática e a literatura grega de seu pai, e começou a dar classes privadas para sustentar a seus irmãos menores. Era mestre tão sobressalente que muitos pais pagãos mandaram a seus filhos a receber instrução de Orígenes s Mas muitos destes jovens se converteram em cristãos como resultado do depoimento de Orígenes s.

Enquanto, Clemente, o mestre encarregado do doutrinamento dos novos conversos, estava em perigo. Os oficiais da cidade tramaram sua morte, e ele se viu obrigado a escapara outra cidade para continuar seu serviço cristão. Numa decisão extraordinária, os anciãos cristãos de Alexandria lhe nomearam a Orígenes s, de só 18 anos, para tomar o lugar de Clemente como maestro principal na escola para os novos conversos. Foi decisão sábia, e Orígenes s se dedicou de coração à obra Deixou sua profissão de poucos meses como instrutor de gramática e literatura. Vendeu a prazo todos seus livros de obras gregas, vivendo na pobreza do pouquinho que recebeu mensalmente da venda deles. Recusou aceitar salário algum por seu trabalho como maestro cristão. E depois de suas classes de cada dia, estudava as Escrituras até horas avançadas da noite

Cedo Orígenes s chegou a ser um dos maestros mais estimados de seu dia. AOS poucos anos, alguns de seus alunos lhe pediram que desse uma série de discursos de exposição bíblica, comentando sobre cada livro da Bíblia, passagem por passagem. Os alunos pagaram escrevas os quais escreveram o que Orígenes s dizia, e estes escritos chegaram a ser os primeiros comentários bíblicos que se produziram. Não foi intenção de Orígenes s que estes comentários se tomassem muito em sério. Com freqüência ele se saía do texto e dava suposições pessoais. Em todo o comentário, manteve um espírito aprazível, pouco contencioso. Muitas vezes terminou seu discurso, dizendo: “Bem que assim me parece a mim, mas pode ser que outro tenha mais entendimento do que eu”.

Orígenes s tinha uma das mais brilhantes mentes de seu dia. Estava em correspondência pessoal com um dos imperadores romanos. Mas sua fama também atraiu o atendimento dos inimigos dos primeiros cristãos. Várias vezes teve que se transladar para outro lugar para escapar da perseguição. No entanto, chegou aos 70 anos. Nesse então seus perseguidores o prenderam e o torturaram. Mas por mais do que o torturaram, ele não negou a Jesus. E ao fim deixaram de torturá-lo, exasperados. Com tudo, Orígenes s nunca se recuperou da tortura e ao fim morreu.

 

                       Tertuliano—Apologista aos romanos 

                          Tertuliano de Cartago (150-230)

Nasceu por volta de 150 d.C. em Cartago (cidade ao nordeste da África), onde provavelmente passou toda sua vida, embora alguns estudiosos afirmem que ele morasse em Roma. Por profissão sabe-se que era advogado. Fazia visitas com freqüência a Roma, sendo que aos 40 anos se converteu ao cristianismo, dedicando seus conhecimentos e habilidades jurídicas ao esclarecimento da fé cristã ortodoxa contra os pagãos e hereges. Tertuliano foi o pai das doutrinas ortodoxas da Trindade e pessoa de Jesus Cristo. As doutrinas de Tertuliano a respeito da Trindade e da pessoa de Cristo foram forjadas no calor da controvérsia com Práxeas, que segundo Tertuliano, “sustenta que existe um só Senhor, o Todo-Poderoso criador do mundo, apenas para poder elaborar uma heresia com a doutrina da unidade. Ele afirma que o próprio Pai desceu para dentro da Virgem, que ele mesmo nasceu dela, que ele mesmo sofreu e que, realmente, era o próprio Jesus Cristo”. Foi o primeiro teólogo cristão a confrontar e rejeitar com grande vigor e clareza intelectual essa visão aparentemente singela da Trindade e unidade de Deus. Ele declarou que se esse conceito fosse verdade, então o Pai tinha morrido na cruz e isso, além de ser impróprio para o Pai, é absurdo.

AOS primeiros cristãos do ocidente, Tertuliano é quiçá o mais conhecido de todos os escritores cristãos dos primeiros séculos. Chegou a ser ancião na igreja de Cartago no África do norte.4Tertuliano era um dos apologistas mais hábeis da igreja primitiva. O escreveu em latim, não em grego como a maioria dos primeiros cristãos. A Tertuliano se lhe recorda por vários ditos famosos, por exemplo: “O sangue dos mártires é a semente da igreja.

Tertuliano escreveu entre os anos 190 e 210 d.C. Além de suas obras apologéticas, Tertuliano escreveu várias obras curtas, tanto cartas como tratados, para animar aos cristãos apresados ou para exortar aos crentes que mantivessem sua separação como mundo.

Ao final de sua vida, Tertuliano se uniu à seita montanista, a qual pelo geral se aferrou à doutrina cristã ortodoxa, mas adicionou normas estritas sobre a disciplina na igreja e o trato duro do corpo. Pelo menos a metade das obras de Tertuliano se escreveram antes que ele se fizesse montanista. E ademais, já que este grupo não se apartou dos fundamentos da fé cristã, ainda seus escritos de depois têm grande valor em alumiar o pensamento dos primeiros cristãos. Com tudo, citei de suas obras montanistas só com muito cuidado.

 

                 Cipriano—Um rico que tudo o entregou a Cristo 

                                  Cipriano (200 – 258)

Tharsius Caecilius Cyprianus. Converteu-se em 246 d.C. e já em 249 d.C. foi nomeado bispo de Cartago, no Norte da África.

Durante dez anos ele conduziu seu rebanho através da perseguição do Imperador Décio, uma das mais cruéis. Foi também o grande sustentáculo moral e espiritual da cidade, quando esta foi atacada por uma epidemia. Além disso, escreveu e batalhou pela unidade da Igreja.Seu nome está ligado a uma grande controvérsia a respeito do batismo e da ordenação efetuada por hereges. No entender de Cipriano, estas cerimônias eram inválidas, pelo fato dos oficiantes estarem em desacordo com a ortodoxia e, portanto, deveriam ser rebatizados e reordenados todos que entrassem pela verdadeira Igreja. Estevão, Bispo de Roma, discordou e isto gerou um cisma, uma vez que Cipriano além de rejeitar a autoridade do bispo romano, convocou um concílio no Norte da África para resolver a questão.

Seus escritos consistem em tratados de caráter pastoral e de cartas, 82 ao todo, das quais 14 eram dirigidas para ele mesmo e as restantes tratavam de questões de sua época.Morreu como mártir, decapitado em 14 de setembro de 258 d.C, durante a perseguição do imperador Valeriano.

Um dos alunos espirituais de Tertuliano se chamava Cipriano. Tinha sido romano rico, mas se converteu em cristão à idade de 40 anos. Ainda que aluno de Tertuliano, não se uniu aos montanistas. Sempre se opôs aos hereges e às tendências sectárias.

Como cristão recém convertido Cipriano estava tão agradecido por sua vida nova em Cristo que vendeu tudo o que tinha e o repartiu aos pobres. Gozou-se de estar livre do peso das responsabilidades de suas posses materiais. Seus escritos contêm umas das palavras mais comovedoras que jamais se escreveram a respeito do novo nascimento do cristão. Sua entrega total a Cristo cedo ganhou o respeito da igreja em Cartago. Depois de uns poucos anos, numa decisão sem precedente, chamaram-lhe a ser bispo da igreja ali.

Os escritos de Cipriano têm um valor especial já que constam maiormente de cartas pessoais a outros anciãos cristãos e igrejas. Em suas cartas vemos os interesses e os problemas diários das congregações cristãs daquele então Cipriano se viu obrigado a trabalhar como pastor clandestinamente, já que durante a maior parte de seu ministério rugia a perseguição contra a igreja primitiva. Como pastor, trabalhava incansavelmente, dando seu tempo e sua vida pelo rebanho de Cristo que lhe tinha sido encomendado. Ao fim, foi preso pelos romano se decapitado no ano 258. 

                    Lactâncio Mestre do filho do imperador

Lactâncio é pouco conhecido aos cristãos de hoje em dia. Em isto nós perdemos, porque Lactâncio escreveu com clareza e eloqüência extraordinária. Antes de converter-se ao cristianismo, foi instrutor célebre da retórica. Ainda o imperador Diocleciano lhe louvou Depois de sua conversão, dedicou suas habilidades literárias causa de Cristo. Sobreviveu a última grande perseguição dos romanos contra a igreja primitiva ao princípio do quarto século. Com o tempo, fez seu lar em França. Ainda que Lactâncio fosse muito ancião quando Constantino se fez imperador, este lhe pediu que voltasse A Roma para ser o professor particular de seu filho maior. Os escritos de Lactâncio têm grande importância para nós porque se escreveram ao final da época pré-Constantina da igreja primitiva. Demonstram amplamente que a grande maioria das crenças cristãs tinham mudado muito pouco durante os 220 anos entre a morte do apóstolo João e o princípio do reinado de Constantino

Se talvez a você se lhe esquecem estes nomes...

Bem posso crer que estes nomes não são conhecidos para muitos de vocês. Possa que lhes seja difícil recordá-los. Por este motivo, incluí um dicionário biográfico ao final deste livro. Este dicionário apresenta um quadro biográfico muito breve de todos os escritores que vou citar no livro. É possível que queira pôr um marcador de livro nesta página para que possa refrescar sua memória sobre qualquer dos nomes que menciono.

Em meus primeiros rascunhos deste livro eu descrevi as crenças e práticas dos primeiros cristãos, incorporando só uma citação ou duas deles em cada capítulo. Mas quando dei estes primeiros capítulos a meus amigos para ler, todos eles comentaram o mesmo: “Queremos ouvir aos primeiros cristãos, não a você.”Assim é que isso fiz. Tenho aqui a história deles, contado em grande parte por eles mesmo. Espero que lhe mude a você tanto como me mudou a mim. 

 

                             Eusébio de Cesáreia (265-339)

Foi Constantino que incumbiu Eusébio de fazer a narração desta primeira história do Cristianismo, coroando-a com a sua imperial adesão a Cristo. “A ortodoxia era apenas uma das várias formas de cristianismo, durante o século III, e pode só ter se tornado dominante no tempo de Eusébio” (JOHNSON, 2001: 69). Ele é o autor de importantes obras tais como: “História Eclesiástica”, “Vida de Constantino” entre outras. 

111 - Perseguição aos cristãos em Bitínia: Carta de Plínio a Trajano
112 - Sete Cartas de Inácio de Antioquia
115 - Ignatius introduziu o conceito de um líder acima dos outros (o bispo, distinguindo assim este título dos outros). Esse conceito tornou-se prevalente no século III
138 - Possível martírio de Telésforo, bispo de Roma, pelo Imperador Adriano
140-50 - Justino mantém uma escola de filosofia cristã em Roma. Justino Martir promove a primeira mudança com relação ao batismo com água e a divindade. Já que Justino não acreditava que Cristo era Deus, o Pai manifesto como homem, conforme os apóstolos ensinavam, batizava seus convertidos e seguidores da seguinte forma: "Eu te batizo em nome de Deus o Pai de todos e nosso salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo". Justino acreditava e ensinava da mesma forma que os judeus que crêen que o nome de Deus é tão sagrado que o homem não deve pronunciá-lo, daí a sua afirmação de que Deus, o Pai e seu filho Jesus Cristo eram duas pessoas diferentes, pois ele não cria no nome de Jesus Cristo, sendo também, o nome do Deus Pai e do Espírito Santo. Esse resultado foi o pilar para o desenvolvimento de diferentes trindades no mundo religioso cristão.
142-55 - Pio I torna-se o 1º e único bispo a governar a cidade de Roma
144 - Marcião propõe um cânone com apenas o Evangelho de Lucas e 10 cartas de Paulo
144 - Marcião é expulso da comunidade cristã de Roma devido à inúmeras heresias
155 - Surge a 1ª reforma na igreja primitiva: o Montanismo
156 - Surge o termo "Igreja Católica" = "Igreja Universal"
160 - Marcião tenta introduzir o gnosticismo no cristianismo, considerado, posteriormente, um movimento herético
161 - Martírio de Policarpo em Esmirna
163 - Martírio de Justino em Roma
170-80 - Taciano propoe o "Diassentêrom", uma versão condensada dos Evangelhos tradicionais. A proposta foi rejeitada pelos cristãos
180 - Nascimento de Sabélio, um dos expoentes da heresia modalista que negava a doutrina da Trindade
193 - Clemente ensina a doutrina cristã em Alexandria
195 - Tertuliano passa a defender a supremacia do bispo de Roma sobre os demais bispos
197 - Tertuliano de Cartago defende os cristãos na obra "Apologética", a mais importante literatura da igreja primitiva
197 - 1ª Doutrina anti-bíblica: movimento herético de Zeferino, bispo de Roma, contra divindade de Cristo
200 - É escrito "a Diogneto", uma vibrante apologia de um autor cristão ao seu destinatário pagão

 

                                      SECULO N.3

 

202 - Leis de Séptimo Severo contra os cristãos
203 - Hipólito escreve a obra "Comentário a Daniel"
207 - Tertuliano converte-se ao Montanismo
210 - Tertuliano de Cartago enfatiza que os cristãos não devem participar do serviço militar
215 - Sabélio passa a pregar a heresia unissista
217 - Calixto torna-se bispo em Roma: cresce o sincretismo entre o cristianismo e outras religiões
217 - Nova divisão na igreja primitiva: Hipólito também proclama-se bispo de Roma e acusa Calixto de apoiar o herege Sabélio
218-23 - Surge a lenda de que Pedro foi o 1° papa

220 - Origenes introduz a doutrina da trindade para bebês, na sua escola de preparação para o batismo em Alexandria, Egito.
235 - Maximiano condena à morte Hipólito e Ponciano. Ambos consideravam-se bispos de Roma
250 - O imperador Décio persegue cristãos por todo o Império
250 - Martírio de Fabiano, bispo de Roma
251 - Nova divisão na igreja primitiva: Cornélio é eleito bispo de Roma, alguns cristãos querem Novaciano, então surge o Novacionismo
251 - Sínodo de Roma contra o cisma de Novaciano
257 - O Sabelianismo propaga-se entre os cristãos da Lídia
257-58 - Leis de Valeriano contra os cristãos
258 - Martírios de Cipriano (bispo de Cartago) e Sisto (bispo de Roma)
261 - Édito de tolerância para os cristãos
265 - Sínodo de Antioquia: condenação de Paulo de Samósata
270 - Santo Antônio dá origem a vida monástica no Egito
280 - Conversão ao cristianismo de Tiridates, rei da Armênia
297 - Diocleciano inicia nova perseguição aos cristãos
300 - Surge a primeira lei de celibato para os sacerdotes

 


                                        Jerônimo (325-378)

Erudito das Escrituras e Tradutor da Bíblia para o Latim. Sua tradução, conhecida como a Vulgata, ou Bíblia do Povo, foi amplamente utilizada nos séculos posteriores como compêndio para o estudo da língua latina, assim como para o estudo das Escrituras. Nascido por volta do ano 345 em Aquiléia (Veneza), extremo norte do Mar Adriático, na Itália, Jerônimo passou a maior parte da sua juventude em Roma estudando línguas e filosofia. Apesar da história não relatar pormenores de sua conversão, sabe que se batizou quando tinha entre dezenove para vinte anos. Logo após, Jerônimo embarcou em uma peregrinação pelo Império que levou vinte anos.



                                    Crisóstomo (aprox. 344-407)

Criado em Antioquia, seus grandes dotes de graça e eloqüência como pregador levaram-no a ser chamado a Constantinopla, onde se tornou patriarca, ou arcebispo. Como os outros Apologistas, ele harmonizou o ensinamento cristão com a erudição grega, dando novos significados cristãos a antigos termos filosóficos, como a caridade. Em seus sermões, defendia uma moralidade que não fizesse qualquer transigência com a conveniência e a paixão, e uma caridade que conduzisse todos os cristãos a uma vida apostólica de devoção e de pobreza comunal. Essa piedosa mensagem, entretanto, tornou-o impopular na corte imperial e mesmo entre alguns membros do clero de Constantinopla, de modo que acabou sendo banido e morreu no exílio. (fonte ICP.)

fonte www.avivamentonosul.com